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UM OLHAR

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Tem poder e tem magia, Às vezes nos faz tremer. Tem carinho, tem poesia, Sensualidade, prazer... Tem calor, suavidade, E nos deixa a pensar. Tem carinho, tem bondade, Ninguém resiste um olhar! Tem sonho e tem afeto, Tem beleza e tem poder - E me deixa inquieto Com vontade de dizer... Tantas palavras ao vento Que ninguém pode ouvir, Mas espero um momento E fico a refletir... Depois me vejo sozinho E me ponho a pensar: Como explicar o carinho Que existe num olhar?

PROTESTO

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Mais uma vez Ficamos com cara de bobo, Ficamos paralisados Com esse resultado Que se viu no Senado. O Brasil se vestiu de luto Nesta manhã Com a absolvição do Renan Lá no Congresso. E com cara de pamonha Assistimos mais essa vergonha Que se deu naquele processo. Aqueles senadores Tão importantes senhores, Mas, na verdade, impostores, A sua honra mancharam... O Brasil se entristeceu, “Esta pancada doeu!”- Nossa bandeira sujaram. Agora eu pergunto a você: Falar mais o que?

FLOR

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Uma flor Pode ser apenas uma flor. Algo sem muita importância Que despetalamos na infância: “Bem-me-quer, mal-me-quer,” “Bem-me-quer, mal-me-quer...” Depois jogamos fora E pisamos por cima Num gesto infantil – Ingênua brincadeira. Uma flor... Apenas uma flor! Flor de vida tão breve Que se vai ao vento Tão leve... Metáfora da vida E dos sonhos, Brinquedo e presente Tão risonho! Apenas uma flor. Quanta beleza há em ti E quanta luz, quanta poesia... Flor que rima com amor, Mas tem espinhos – Causa dor... Dualismo que não entendo, Mas me rendo. És soberana e forte E até depois da morte estás presente Na vida da gente.

CATA-VENTO

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A asa do vento passou um momento E meu cata-vento girou sem parar. Seguiu a contento meu doce invento Brincando no vento assim a girar. É tanto o vento que eu não agüento, Mas meu cata-vento não quer descansar. Na dança do vento o meu pensamento Se faz cata-vento feliz a girar. A força do vento é seu alimento E meu cata-vento se põe a brincar. Porém se o vento parar um momento O meu cata-vento também vai parar. Foto: Alf Ribeiro

AS DUAS FACES DO PERDÃO

Dizem que perdão foi feito para pedir. Revirando os “guardados” da minha mente fiquei pensando e me perguntando: o que é mais difícil, pedir perdão ou perdoar? A dúvida persiste em machucar a minha mente nesta tarde quente de setembro... Muita gente diz: eu perdôo, mas não esqueço. Isto não é perdão! O que não for completo, definitivo não merece esse nome sagrado. Afinal, este assunto não aceita meio termo. Que dúvida, que labirinto de idéias, indecisões, lutas e reflexões! Jesus, o Mestre por excelência, certa vez ensinou que devemos perdoar até setenta vezes sete. (Mateus l8 vers. 15 a 22). Isto dá quase 500 vezes! É preciso ser muito especial, eu diria genial para conseguir tal proeza. Mas é perdoando que se é perdoado... E de novo ficamos sem entender, pois muitos querem ser perdoados, mas não querem perdoar. O que fazer? Talvez seja melhor esquecer (como se isto fosse possível) e pensar em outra coisa, digamos, mais amena. A pergunta insiste em martelar a nossa mente: o que é mais

EU NÃO QUERIA TE AMAR TANTO

Eu não queria te amar tanto E ficar assim olhando a lua. De vez em quando derramar meu pranto Que escorre livre pela rua. Eu não queria ficar assim ensimesmado Olhando as estrelas tão distantes... Ficar por tanto tempo assim parado Sem entender meus gestos, meus instantes. Eu não queria comportar-me qual criança: Ficar chorando pela casa, pelos cantos... Viver impregnado de esperança E ao mesmo tempo sufocar-me com meus prantos. Eu não queria te amar tanto, Mas agora não posso recuar. Ainda que derrame o meu pranto Jamais eu deixarei de te amar.

O CIRCO

No circo tem palhaços, Tem mágicos e feras. É fonte de ilusão, De sonhos e quimeras. No circo tem crianças Que vivem no seu mundo Pequeno, sem malícia, Sublime e profundo. No circo tem encantos, Beleza e poesia. Ao jovem traz saudade, Ao velho, nostalgia. No alto o trapezista Arrisca sua vida, E o público aplaude Seu gesto suicida. Nos olhos do palhaço Existe um brilho triste, Atrás de seu sorriso Suporta e resiste. Mas poucos compreendem A vida do artista, Seu mundo, suas mágoas, Seu jeito intimista. E vai a companhia De cidade em cidade... O circo é um mundo De sonhos e saudades.

BARCO DE PAPEL

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Fiz meu barco de papel, Criei meus mares, Nele coloquei meus sonhos de criança, Naveguei sozinho, fiz meus planos, E assim sonhei anos e anos Embalado pela amiga esperança. No mar senti a brisa no meu rosto, Ouvi o canto meigo da sereia, Vi piratas passarem, vi bandidos, Perdi-me na distância que sumia E vi o horizonte que se abria Sorrindo aos navegantes tão sofridos. Fiz meu barco de papel, Criei meus mares Nele coloquei meus sonhos, meus poemas, Vivenciei histórias e dilemas, Amei e odiei em mil lugares... Fiz meu barco de papel Que ainda hoje singra muitos mares.

ELA PASSA

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De vez em quando ela passa E eu fico meio sem graça Querendo vê-la passar. Disfarço mais do que posso, Mas quando de longe eu ouço Seu barulho, seu andar, Confesso: fica difícil, Fica difícil ficar Sem sentir e sem olhar. O amigo que me lê Talvez não vá entender E pode até zombar... De vez em quando ela passa E eu fico meio sem graça Querendo vê-la passar. Dá vontade de correr, Tanta coisa lhe dizer, E até me desculpar... Confesso: fica difícil, Fica difícil ficar Sem sentir e sem olhar. E então eu me entrego, Sou curioso, não nego, Gosto de vê-la passar.

DE VOLTA PRA CASA

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De volta pra casa Não vejo a tarde, Não beijo as flores, Não ando no chão. De volta pra casa Não vejo pessoas, Não falo de sonhos, Não canto a canção. De volta pra casa Não vejo a hora – É tudo demora, Cruel lentidão. De volta pra casa Alguém me espera Tão meiga, sincera, De pé no portão.

CUIDADO!

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Segura a saia menina Que o vento a quer levantar. O vento não sabe de nada, O vento só sabe brincar. Segura a saia, cuidado! Tem gente querendo olhar... O vento é feito criança: Adora correr e brincar. O vento arrasta as folhas, Levanta poeira e vai, Não olha - vai tudo levando, Zombando do fruto que cai. O vento a nada respeita, É forte, feroz, impulsivo, Segura a saia menina Que o vento é muito agressivo.

DEVANEIOS MEUS

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Quero algo leve com palavras doces De suave odor. Quero ver o riso se espalhando livre E conter o pranto que derrama tanto – Faz crescer a dor. Nada de tristeza, só amor, beleza, Pétala de flor. Quero passarinhos, receber carinhos, Sem ouvir adeus. Nada me maltrata, quero ouvir sonata, Devaneios meus. Quero algo rico, te dizer que fico, Não irei jamais. Quero versejar sem te ver chorar, Sem ouvir teus ais... Numa busca louca vou sentir tua boca E te pedir mais. Quero neste dia ver a alegria Se abrir qual flor. Dissolver a bruma e voar qual pluma Livre pelo céu... Me esconder de tudo bem calado e mudo Sob o teu véu. Quero, enfim, um sonho doce e risonho Solto na canção. Quero ouvir no peito livre satisfeito O meu coração. Vou me entregar - vou me embriagar, Sem pedir perdão.

PRIMAVERA E REFLEXÃO

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Primavera não é somente flores – É também reflexão. Quantos sofrem tantas dores Neste mundo de ilusão! Vivemos imersos em crises – Não há como disfarçar. As flores de vários matizes Nos ajudam a pensar. Misturando as estações Veremos a realidade: Outonos, invernos, verões, Primaveras... só saudade! Desta vida só se leva O amor que semeamos, O qual nossa alma eleva Quando enfim descansamos. Primavera não é somente flores – É também dedicação. Amenizemos as dores De nosso querido irmão.

QUEM SOU

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Eu sou fogo que não queima, Pelo contrário, suaviza, Sou labareda que teima Em ser simplesmente uma brisa. Eu sou palha que se vai Ao sabor do amigo vento, Eu sou a folha que cai E se perde num momento. Eu sou pássaro sem vida, Sem abrigo, sem carinho, Eu sou criança perdida Tentando encontrar o caminho. Eu sou atleta sem glória, Sem o grito da torcida, Eu sou país sem história, Sou tarde fria, sem vida. Eu sou qual triste boneco Jogado sozinho num canto, Eu sou um grito sem eco – Para muitos sou espanto. Eu sou um sonho esquecido Ofuscado pela bruma, Sou viajante perdido Que se entrega, se acostuma. Enfim, eu sou o contraste Que ninguém quis perceber, Eu sou bandeira sem haste – Porém consigo viver.

DIGA NÃO Á PICHAÇÃO

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Eles se julgam artistas, mas não são, eu bem o sei. Sua “arte” é pichar usando tinta e spray. Saem por aí toda noite, às vezes até de dia, E cometem esse crime com prazer e alegria. Por conta da impunidade que impera no país, Eles semeiam maldade qual bandido aprendiz. Sujam muros e paredes sem cerimônia ou mistério, Picham igrejas, comércio, e os muros do cemitério. Prédios públicos e praças, casas e até viadutos. Eles fazem a sujeira depressa em poucos minutos. Emporcalham a cidade bem depressa e escondidos Por incrível que pareça não são pegos nem punidos. Até quando vai durar essa terrível vergonha? A população espera e com esse dia sonha.

POEMA DA LAVADEIRA

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Lava, lava, lavadeira, Com a alma, com a mão. Água canta na torneira Sua líquida canção. Lava, lava, lavadeira, Sem descanso, sem razão. Sua história verdadeira Escreve-se com sabão. Água canta na torneira Sua líquida canção, Lava, lava, lavadeira, Com a alma, com a mão. A manhã é transparente, Brilha o sol com seu calor. Tanto sonho de repente Misturado com suor. Lava, lava, lavadeira, Sua roupa-ganha-pão, Você tem a vida inteira, Pra cumprir sua missão.

ASSIM É VOCÊ!

Um jeitinho misterioso e elegante De olhar e de andar. Um gesto imprevisível Querendo dizer palavras Ou pedir algo De uma forma toda especial... Um hábito que se repete E nunca se cansa E sempre parece novo E contagia pela ternura e leveza... Pequenas coisas somadas Que encantam e inspiram num momento, Palavras que se soltam E revoam e se tocam com carinho... Versos perdidos ao vento Buscando no ar o seu lar, Seu momento... Risos e sonhos, Andar sem destino á beira do mar... Jeito de ser E de se entender Sem se maldizer E nem reclamar... Assim é você!

SORRIA! VOCÊ ESTÁ SENDO FILMADO

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Por onde andamos tem quase sempre um olho eletrônico a nos espreitar. Ao entrar na loja de variedades, ao chegar ao um posto de gasolina ou quando entramos num supermercado, somo fitados por esse olho indiscreto vigiando os nossos passos e nossos gestos. Muitos ficam constrangidos ao saber que estão sendo filmados e tomam os devidos cuidados e até evitam certos gestos mais ousados preferindo os mais comedidos. Parece uma investigação, uma sombra nos perseguindo com seus tentáculos prontos para nos acusar e nos deter. O ser humano às vezes tem mania de perseguição – um distúrbio que prejudica a sua convivência e o seu desenvolvimento. De repente cismamos que tem alguém nos perseguindo (e às vezes tem mesmo!) e ficamos trêmulos e quase sem ação. Há pessoas que têm complexos e se sentem inferiorizadas, perseguidas e incompreendidas. Algumas pessoas não conseguem enfrentar a realidade e baixam a cabeça diante de qualquer problema. Sempre se sentem filmadas, fotografadas, observadas e criti

A MENINA E O POETA

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A menina vai Levada pelo vento, Seu cabelo se espalha Como pluma, como palha, Ela segue ao relento. Numa flor vejo poesia, A meiga menina vai... Seu sorriso é um sonho, Mas seu olhar é tristonho Como a flor que murcha e cai. Esse instante não se conta, Essa história não se diz. Muito além de nossa mente A menina segue em frente Tão sozinha, infeliz. Enquanto a menina vai O poeta faz poesia. E a noite vem caindo, Mil estrelas vão surgindo Despedindo-se do dia. A menina vai Em meio à noite tão densa. O poeta também vai, Entretanto se retrai, Senta, se acalma e pensa: “Aonde será que ela vai Com esta luz tão imensa?”

PAIXÃO

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Aos poucos ela se entrega, Vai despindo seu mistério, Vai se abrindo em silêncio. Como a chuva de mansinho Ela vem devagarinho E me olha com carinho Sem perguntar o que eu penso. Aos poucos ela me toca E sem querer me provoca Sorrindo, sem nada dizer. Como o vento no arvoredo Ela me toca sem medo E faz de mim seu brinquedo, Sua fonte de prazer. Depois me deixa perdido, Mas com fome, atrevido, Quase louco de paixão. E tanta coisa me ensina Com seu jeito de menina, Mas nossa noite termina Sem nenhuma explicação.

ALGO DESUMANO

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A cidade cresceu Como crescem as crianças, Só ficaram as lembranças Da meiga cidadezinha. Muitas fábricas chegaram Espalhando seu progresso, Poluíram e sujaram Virando tudo do avesso. A rua suja de lama, O parque sujo, pisado, Progresso não é pecado, Mas é algo desumano. O rio ficou imundo Podendo até morrer, Parece o fim do mundo Que chegou sem nos dizer. A cidade cresceu: Não é mais cidadezinha Que tanta beleza tinha Com seu puro romantismo... O ar ficou poluído, O céu é feio, cinzento, E o cantar dos passarinhos Mais parece um lamento.

EU PASSEI NA SUA CASA...

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Eu passei na sua casa, Mas não encontrei você, A saudade machucou E eu não pude me conter. Eu olhei, mas não te vi, Procurei o teu sorriso, De repente eu saí Muito triste, indeciso... Procurei o teu olhar Numa fonte, numa flor, E lutei pra não chorar Por não ter o teu amor. Perguntei ao passarinho, Quis saber o teu destino, Ele respondeu baixinho: Eu não sei, pobre menino! Perguntei ao vento amigo Que corria na campina Onde estava aquela flor Tão mimosa, pequenina... O vento se foi apressado, Nem ao menos me olhou, Seguiu seu destino calado, Comigo nem se importou. Perguntei ao rio manso Que deslizava em seu leito, Mas ele não respondeu E se foi com o seu jeito. Então voltei para casa Sem obter a resposta – É triste viver ausente De alguém que a gente gosta!

15 ANOS

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Ela fez 15 anos e no dia de seu aniversário chorou feito criança. Não gostou do bolo e nem dos presentes que ganhou. Disse que ninguém a entendia e que estava infeliz. A gente quase chorou junto com ela. Entretanto, pouco depois “o sol voltou a brilhar” e ela se recompôs e foi ajudar a servir o bolo que afirmou estar uma delicia, agradeceu os presentes e disse que estava muito feliz. Depois dançou aquela valsa e sorriu muito. Sorriu o sorriso mais lindo de sua vida. Todos lhe abraçaram, beijaram e lhe deram os parabéns. Ela fez 15 anos, mas ainda parece uma criança. Por mais que ela queira se sentir moça, dona de seu nariz e de seu coração, ei-la pouco mais que uma criança! Uma criança crescida e muito bonita. Mas ela é moça ou é criança? Talvez seja uma adolescente. Mas como definir uma adolescente? Às vezes ela é uma moça bonita, culta e inteligente. Gosta de ler, namorar, estudar e passear. Lê romances e poesias. Lê até os clássicos de Machado de Assis e adora as poesias de Drummond

PASSARINHO MORTO

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Passarinho morto – As asas quebradas, O bico aberto Sem canto, sem voz... Jogado no asfalto Sem vida, sem pressa – Ainda há pouco Voava veloz. Passarinho morto Não ouve meu pranto, Mas ouço seu canto Baixinho no vento. A linda paisagem Lhe faz homenagem: Suspira, soluça, Com triste lamento.

TEU BEIJO

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Mais leve que o ar, Mais lindo que o mar, Mais doce que a vida. Seu beijo assim É tudo pra mim – Não sabes, querida? Mais claro que o dia Que vem, inicia, E tudo projeta. Seu beijo me invade Levando a saudade Trazendo o poeta. Mais livre que o vento – Palavras invento, Mas não sei dizer. O seu beijo flui, Meu corpo dilui De tanto prazer. Mais denso que tudo Tão leve contudo Seu beijo me envolve. Traz paz, aconchego, Descanso, sossego, E o amor me devolve.

ZONA RURAL

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Aqui o tempo não passa, Não há pressa, não há nada. João Feitor vem devagar Surgindo na curva da estrada. Até o sol é medroso, Não é frio nem é quente, Vem brincando com as nuvens E mal aquece a gente. Tanta coisa posso ver Compondo o rude cenário, Preso em uma gaiola Canta triste um canário. De longe vem a menina Com a lata na cabeça. A tarde segue sem pressa Sem que nada aconteça. Eu vejo uma enxada! Cadê o trabalhador? Ele se foi à cidade A procura de um amor. Tudo segue sempre assim: Não é bom e nem é mal. É a vida que se vive Aqui na zona rural.

NOITES BELORIZONTINAS

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As noites belorizontinas São alegres, são divinas, E nas ruas as meninas Andam livres, ritmadas, No seu passo devagar. É possível encontrar Mesmo em plenas madrugadas Circulando nas calçadas Gente querendo se amar. Uma mistura de riso, Céu, inferno e paraíso, Com muito som e poesia... Além se vê alegria, Prazer, amor, emoção – Vejo Hilda Furacão Numa esquina parada... A cidade encantada É toda verso e canção. As noites belorizontinas Tem um misto de segredo, Sonho, ternura e medo Se vê pairando no ar... Nessas noites sem limite A bebida é servida, Todo mundo é igual. Os desejos se entrelaçam, Homens, mulheres se abraçam Felizes brindando a vida. Nas noites belorizontinas Sou um menino pequeno Sorvendo o mesmo veneno Que inspira e anima. Sou poeta, amo a rima, Cultivo meu jeito de ser, Me embriago de prazer... Mas quando a luz aparece E o dia amanhece A gente tudo esquece – Vai dormir, se refazer.

À ESPERA DE UM MILAGRE

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Sentado no banco de uma praça, Olhar perdido buscando algum sonho igualmente perdido, Ei-lo quieto numa tarde como outra qualquer. Quem passa não o vê E se o visse certamente não entenderia seus dilemas e suas dores. Um vento cisma na tarde quente e transparente. Somente o céu se abre como braços de mãe Para o acolher. As horas passam devagar e inexoráveis. Daqui a pouco será noite E o sono lhe virá fazer companhia, E os sonhos aparecerão inundando de luz Sua triste estrada. Mas, ainda é dia e as pessoas circulam pela praça Com suas dúvidas e anseios. Pássaros retardatários revoam Talvez buscando seus ninhos. Em bandos eles vão felizes. A vida flutua e paira nua sob o olhar do sol Que aos poucos vai se escondendo... Nesse momento de enlevo Dir-se-ia que houve um encontro e uma inevitável despedida. Quem virá depois recolher o que restou do dia? As folhas pousam no chão, Formando um tapete colorido e natural. Nesse cenário aparentemente vulgar Alguém espera algo fitando a distância Que

TREM DA AMIZADE

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Lá vou eu, lá vamos nós, Vamos juntos numa voz, Agora sim é emoção No balanço da canção. Vamos juntos neste trem Do Rio Grande a Belém, Caminhando sem parar Sem ter pressa de chegar. Agora sim nesta canção Vamos cheios de emoção De São Paulo ao Maranhão Com amor no coração. Agora sim lá vamos nós, Vamos juntos numa voz, Tanto riso, tanto sonho, Vai comigo, vou contigo, Eu só levo bons amigos, Bons amigos vão comigo... Vão comigo Vão comigo Vão comigo Vão comigo Vão comigo Vão comigo...

VIZINHOS DO MAL

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Entre milhares de estudos sobre os malefícios do cigarro, a grande maioria está centralizada no fumante. Recentemente saiu a mais ampla e ilustrativa pesquisa sobre os prejuízos sofridos pelos que não fumam, mas convivem com fumantes. O trabalho realizado pelas escolas de medicina e de saúde pública da Universidade de Harvard dá toda razão ao movimento antitabagista, que pretende proibir que as pessoas fumem num número cada vez maior de lugares. Segundo a pesquisa, o chamado “fumante passivo”, aquele que convive com as baforadas de outras pessoas, corre riscos muito maiores do que se imaginava . Publicada na revista Circulation, da Associação Americana do Coração, o estudo mostra que mulheres saudáveis que nunca fumaram, mas convivem com fumantes em casa ou no escritório, passam a ter o dobro de chance de desenvolver uma doença cardíaca. “É a pesquisa mais importante sobre o assunto”, avalia o médico Stantion Glantz, um dos maiores estudiosos sobre fumantes passivos. Hoje em dia é p

JOGAR OVOS NÃO É A MELHOR FORMA DE PROTESTAR

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Jogar ovos ou tomates em políticos ou outras personalidades é uma das atitudes mais imbecis. Muitas pessoas agem desta forma como se estivessem praticando algum esporte sob a alegação de estarem fazendo um protesto ou por simples prazer ou brincadeira. Seja como for é uma atitude ridícula que merece o nosso mais veemente repúdio. Jogar ovos em personalidades é um dos “esportes” mais violentos. Os esportes olímpicos são saudáveis e muito dignificam os atletas. Lançamento de dardos, arremesso de discos, tiro ao alvo, arremesso de pesos e outros são esportes saudáveis, entretanto “arremesso de ovos” nunca foi e nunca será esporte. Tudo é feito como se fosse uma brincadeira. Uma forma de extravasar, um jeito de protestar. Governantes, ministros e artistas são os alvos preferidos. Cada “ovada” dá ao agressor a oportunidade de aparecer nos telejornais e ter 15 segundos de fama.O agressor, em geral, é preso e dá entrevistas e aparece na mídia e por muitos é considerado um herói. “Ele está

PELÉ – SESSENTA ANOS (1940/2000)

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Nasceu em Três Corações e foi criado em Bauru. O menino, desde cedo, mostrou suas qualidades Em contato com a bola mostrava habilidades... Não sabia o menino o que lhe reservava o destino, Pois muito jovem ainda por todos foi reconhecido Como grande jogador – com fama e muito dinheiro Conheceu o mundo inteiro mostrando seu grande valor. Ganhou títulos sem conta, dançou com a bola nos pés, Eternizou a camisa dez e foi coroado rei. Rei Pelé, o rei da bola, pelo mundo fez escola, Atingiu o infinito transformando-se em mito Que todo o mundo aplaudiu (principalmente o Brasil) Sua Pátria, sua terra, orgulhosa de seu filho... Hoje faz aniversário esse atleta-rei-lendário, Completa sessenta anos essa glória do esporte Que todos admiramos. Parabéns ao Rei Pelé – rei em todos os momentos. Siga em frente e com fé EDSON ARANTES DO NASCIMENTO.

TALVEZ SEJA MELHOR CHORAR

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Ao ver tantas desavenças Eu fico a pensar: Com tanta crise e descrenças Talvez seja melhor chorar. Chorar como uma criança Que perdeu o seu brinquedo, Chorar sem esperança, De tristeza ou de medo. Chorar discretamente, Sozinho, bem escondido, Cabisbaixo, descontente, Com o coração partido. Chorar como um menino Perdido em erma estrada, Sem norte e sem destino, Sem lar e sem pousada. Qual ave que vaga sem ninho E teme a chegada da noite... Qual condenado sozinho Sentindo o peso do açoite. Chorar, enfim, sem razão, Sentindo a dor do momento Com lágrimas caindo ao chão Levadas na força do vento.

EVANGELHO

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A história se repete, Já de longe se avista Quando o povo no deserto Seguia junto, bem perto, O profeta João Batista. Evangelho de boas notícias Que toda alma redime Como auréola de luz Na presença de Jesus Vem alegre, vem sublime. A alma, embora triste, Não suporta, não resiste, Este som que vem do céu. E então se descortina Pela presença divina E penetra além do véu. O arauto vem trazendo Doces novas de perdão Pelo som do Evangelho Que transforma o homem velho Numa nova criação. Palavras lindas que soam Com imensa emoção Como o som de um instrumento Traduzem neste momento Paz a qualquer coração.

FOME

Fome não é apenas falta de comida, É também falta de alegria, Falta de amor e de poesia, Ausência de carinho, solidão. Fome às vezes é falta de perdão. A falta de alimento se resolve Com um prato de comida num instante. A falta de amor, porém machuca, Faz a alma sofrer e preocupa, Trazendo dissabor ao ser amante. Ser amado é tudo que eu quero, Mesmo que eu não tenha alimento. Prefiro uma luta desigual, Passar necessidades, viver mal, A padecer sozinho ao relento.

APENAS UM OLHAR

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Foi apenas um olhar. Em principio discreto, medroso, quase infantil. Um olhar que poderia ter sido facilmente esquecido, ignorado, apagado. Mas, assim como as luzes da cidade se acendem aos poucos, assim como as flores aos poucos se abrem e por fim embelezam o vale, esse olhar se multiplicou. Foi numa tarde que poderia ter sido como as outras. Tarde de sol gostoso e um vento manso, suave e carinhoso. Tarde de crianças brincando no parque sob o olhar atento dos pais. Tarde de passarinhos felizes cantando tão livres! Tarde de sonhos por sobre a relva verdinha que recebe o carinho de mãos e de pés... Descrever tudo isso me seria impossível em face da beleza que a tudo impregnava. Foi apenas um olhar... Um olhar diferente não obstante tímido. Um olhar que falou alto e sorriu lindo na sua mais pura expressão. Como o rio brinca com sua margem beijando as frágeis plantinhas que sorriem agradecidas, como o orvalho pousa carinhosamente sobre a relva a cada manhã, como o sol que não se cansa

NUA

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A noite nua A vagar pela cidade Procurando sua lua, Quanta sensibilidade! Quanto sonho pelas praças Da cidade azul risonha, Quantas luzes, quanta graça, Nessa gente sem vergonha! A beleza de um sorriso Carregado de malícia, Ou um gesto sem juízo Faz da vida uma delicia. A noite nua A cantar sua canção Vai se abrindo pela rua Como lavas de um vulcão. As pessoas se entrelaçam E se perdem pelos cantos, Se enrodilham, se embaraçam, Pelas ruas, pelos antros. E na busca desvairada Se esquecem da razão, Amanhecem na calçada Sob o manto da ilusão.

MINAS

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Minas. São tantas vertentes, Tanto sonho, tanta gente... Montanhas, histórias, Trajetos... Casario, igrejas, museus, Minas – morada de Deus. Mariana, Congonhas, Passa Tempo, (mas o tempo aqui não passa!) Vira nuvem de fumaça. Aleijadinho, Filipe dos Santos, Diabinhos, bruxas e santos. Conspiração – Tiradentes. Minas. São tantas vertentes Que dão nó em nossa mente, Tanto sonho, tanta gente... Minas que vence o tempo, Casas velhas carcomidas, Minas de sete mil vidas. Tanto pó pelas calçadas, Cruz margeando as estradas – “Aqui Zé Quincas morreu.” Minas... Tanta coisa aconteceu!

LOUCURAS

Eu não sei se você vem, Mas fico esperando. Eu não sei se você vai, Mas fico sonhando. Eu não sei se você quer, Mas fico pensando... Tenho muito a lhe dizer E estou falando. Eu não sei se você lê, Mas sempre escrevo. Eu não sei se você vê O quanto a desejo. Eu não sei se você diz Algo de nós, Mas sei que eu sou feliz Ouvindo sua voz. Eu não sei se você faz Muitas loucuras, Mas sei que eu sou capaz De mil aventuras. Eu não sei se você vem, Mas fico sonhando... Eu não se você vai, Mas fico pensando...

TARDE CHUVOSA

Talvez você nem se lembre, Mas eu não consigo esquecer Daquela tarde chuvosa Em que eu te vi toda prosa Falando com muito prazer. Você falava, falava... E eu pouco escutava, Pois olhava o seu jeito E sentia no meu peito Algo que me fascinava. Senti que você nem notava O jeito como eu te olhava Concentrado, sem piscar. Você falava, falava... Mas eu só queria te amar. Era tão bom te ouvir, Era gostoso te ver. Muita coisa aconteceu E hoje o amor me envolveu – Jamais poderei te esquecer. Depois seguimos sozinhos Por diferentes caminhos E nunca mais te encontrei. Talvez você nem se lembre, Porém, eu sempre lembrarei. Secaram-se os pingos da chuva Daquela tarde chuvosa... Você falava, falava, E eu simplesmente te amava Minha flor tão perfumosa.

QUEM SOU

De manhã eu sou criança, Gosto de ter meus brinquedos, Sou amor e esperança, Não tenho receios nem medos. De manhã sou passarinho A voar em liberdade, Olho as flores com carinho, Com elas faço amizade. De manhã eu sou artista: Crio minhas fantasias, Porém eu sou realista Fazendo minhas poesias. De manhã eu sou a vida, Sou o sol com seu calor, Sou a mão sempre estendida, Sou esperança e amor.

MULHER

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Musa que inspira e alegra, Mãe que nos protege e se entrega, Flor que a beleza nunca nega. Luz que irradia seu encanto, Lenço que enxuga todo pranto, Santa que nos cobre com seu manto. Doce personagem de um sonho Faz o nosso mundo mais risonho Mesmo quando ele é tristonho. Linda companheira na estrada Faz mais agradável a jornada Sem nada pedir, sem cobrar nada. Estrela pequenina a brilhar, Livre pelo céu a cintilar, Sempre a sorrir e a falar. Rima que o poeta sempre quer, Pronta – e que venha o que vier! És melhor que tudo, és mulher.

DIGA NÃO AO TABAGISMO, DIGA SIM Á VIDA!

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O vício de fumar, também conhecido como tabagismo, é um dos piores vícios que se pode adquirir. Ele causa males sem conta e leva á morte 200.000 mil pessoas por ano em nosso País , segundo as estatísticas. O cigarro é o maior causador de câncer, entre outras doenças, e afeta principalmente o aparelho respiratório. A sua fumaça é composta de aproximadamente 5.000 diferentes substâncias químicas, entre elas está a nicotina que causa dependência e mata. Em geral, quando um não fumante sente o cheiro desagradável dessa fumaça, automaticamente perde os sentidos, as vistas escurecem e o estômago se revolta e a cabeça dói tal o efeito negativo sobre o organismo humano. É muito veneno espalhado no ar sendo tragado involuntariamente. Já cheguei a perder os sentidos e tive náuseas exposto á fumaça, inalando seu odor fétido e mortal. Já quase desmaiei respirando aquela espiral de fumaça impregnada de veneno mortal. É uma tortura para um não fumante ter que trabalhar ao lado de um fumante diariam

BOM DIA!

De manhã rumo ao trabalho Sigo cheio de alegria E saúdo a quem encontro Com um “sonoro bom dia.” Se a pessoa me responde Sinto que valeu a pena, Porém, se fica calada, Meu gesto não se apequena. A todos que eu encontro Vou repetindo: “bom dia!” Alguns sorriem pra mim, Eu também sinto alegria. É um gesto de carinho Que custa tão pouco pra nós! É somente abrir a boca E emitir nossa voz. Mas é muito importante E a todos contagia. De manhã rumo ao trabalho Para todos dou bom dia.

MÃE...

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Te procuro por todos os cantos, No sol, na brisa, no ar, Com o rosto banhado em prantos, Porém não consigo te achar. Eu sinto a tua ausência Na hora em que adormeço. Quisera ouvir tua bênção, Sem ti, oh como padeço! Quando o dia amanhece E o sol vem trazendo o seu brilho Eu não ouço tua prece Pedindo a Deus por teu filho. Então de novo procuro Enquanto o dia se passa, Prossigo triste, inseguro, Qual nuvem de pó e fumaça. Mãe, como eu sinto a tua falta! Ainda sou teu menino... E esta dor me assalta, Mas sigo meu triste destino.

O SONHO DO POETA

Para o poeta toda mulher é bonita. Todas têm cheiro de rosa, Todas são flor pequenina, Todas são lindas meninas Que sabem sorrir e brincar. O sonho de todo poeta É ter todas as mulheres E compor um lindo verso Ou talvez uma canção – Desenhar um coração... Para o poeta toda mulher é bonita. Todas são flor e poesia, Noite densa, calmo dia, Estrela, fruta e mar. O poeta só quer vê-las Como se fossem estrelas, Como se fossem luar. Todo dia é um sonho Que vem feliz e risonho Na voz de um passarinho. O poeta se encanta, Acena, sorri e canta - Ás vezes fala sozinho. Para o poeta toda mulher é bonita. Todas têm sua beleza Que não rima com tristeza Revelada num olhar... A mulher é uma estrela, O poeta só quer vê-la – Ele só quer amar.

QUANDO A CRIANÇA DORME

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Quando a criança dorme Os rios fazem silêncio, As nuvens correm sem pressa, O céu se enche de cor. Quando a criança dorme O mar descansa na praia, A lua longe desmaia, O ar respira amor. Quando a criança dorme Os sinos tocam baixinho, Voa livre o passarinho, O orvalho pousa na flor. Quando a criança dorme O sol se abre sorrindo, O mundo parece mais lindo, Tudo é paz, canção, amor...

O SONHO DO POBRE

O pobre sonha, Mas o sonho do pobre é tão pobre! Sonha com casa própria, Sonha com um bom salário, Sonha com boa comida, Sonha subir na vida... O pobre sonha, Mas seu sonho não se realiza. O pobre sonha acordado, O pobre sonha calado, O sonho é seu sustento, Sua luz, seu alimento. O pobre sonha, Mas é tudo utopia! Sonha de noite, de dia, Quer ganhar na loteria... O sonho do pobre é pobre – Nada tem, nada descobre. Mas, que seria do pobre Se não houvesse o sonho? Sua vida é um sonho, Seu viver é tão tristonho... O pobre sonha como ninguém. Sonho é tudo que ele tem!

COMO EXPLICAR?

Você e eu: Duas sombras, dois sóis, Duas estrelas, dois girassóis. Duas histórias, um só começo, Duas moradas, um só endereço. Dois caminhos que se cruzam E formam do nada a mais bela estrada. Dois corações, um só sentimento, Versos que fluem, rimas que diluem Num só momento. Vidas sem rumo soltas no tempo, Vultos na noite, folhas ao vento. Doce loucura, meiga ternura, Fel e doçura, febre sem cura, Luz, noite escura. Choro, saudade, ódio, bondade, Vento que invade... Brigas e beijos, loucos desejos, Velhos anseios, mil devaneios sob o luar... Você e eu: como explicar?

OLHAR DE MÃE

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O olhar de uma mãe fala e nos diz coisas que não ouvimos, Mas sentimos e reagimos muitas vezes sem querer E sem pensar. Seu olhar é poesia, é som que nos vem E nos enche de alegria. Podemos ver através desse gesto E entender o que se passa e o que se vai. Esse olhar nos atrai e nos ilumina, Muitas vezes nos fascina Como se fosse a própria luz divina. Ah, quantas vezes fui guiado por esse olhar Místico e divino! Quantas vezes ele me fitou E me indicou um caminho melhor, uma estrada maior! O olhar de uma mãe é como um aviso, um alerta, Algo que nos desperta para enfrentarmos A realidade, a dura realidade... Nossos caminhos precisam dessa luz, Precisam dessa estrela que nos conduz E não nos deixa tropeçar e não nos deixa cair... Podemos caminhar com segurança Guiados na tristeza e na bonança Por esse divino olhar. O olhar de uma mãe fala e nos diz coisas Que não ouvimos, mas sentimos, As quais mexem conosco e nos fazem flutuar. Só nos resta agradecer a Deus Pela mãe e por seu divino olhar

SE VOCÊ FOSSE UMA ESTRELA

Se você fosse uma estrela Eu queria ser um sol Pra brilhar desde a manhã Com as luzes do arrebol. Se você fosse uma estrela Eu queria ser o céu Para sempre te acolher E envolver-te com meu véu. Se você fosse uma estrela Um poeta eu seria Pra cantar-te em prosa e versos E te fazer poesia. Se você fosse uma estrela Um cometa eu seria Para ficar bem pertinho Te amando todo dia.

O MURO

O muro separa, esconde, divide, O muro protege, restringe e prende. O muro ofende, tortura, agride, O muro impede, castiga e ofende. O muro separa não só os quintais: Separa os povos, divide nações. Divide pessoas, idéias iguais, Apaga as luzes, proíbe canções. Pessoas humildes, carentes, irmãs, Não podem se ver e nem se falar. Não dizem “bom dia” à luz das manhãs Nem podem à tarde feliz conversar. Porém na história caminha o sonho, E todo principio aspira um fim. Emerge ao longe momentos risonhos: - O muro mais triste caiu em Berlim.

MEU CORAÇÃO SÓ QUER TE AMAR

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Alguém me falou que você chorou ontem. Não deu detalhes, nem eu os pedi, Mas o meu coração sentiu E chorou também. Segui estrada afora pensando e falando (como, aliás, sempre faço) E imaginei seu rosto molhado e triste Como essa tarde sem sol e sem poesia, Sem flor e sem magia. Alguém me falou que você chorou... Eu não quero que você chore Pois adoro seu sorriso, Sua maneira simples de ser e de falar. Eu não quero ver você chorar. Seguindo meu caminho Comecei a imaginar as causas, E não encontrei motivos para a sua tristeza, Pois você é o próprio sorriso em pessoa, Você é a expressão máxima da alegria. Alguém me falou que você chorou. Oh, como eu queria te ver e te consolar! Estar bem junto de você, Teu pranto enxugar... Meu coração não resiste – Ele não quer te ver triste, Não quer te ver chorar. Meu coração só quer te ver sorrir, Meu coração só quer te amar.

HOMENAGEM À MINHA TERRA

Manhuaçu, minha terra, Quero ver-te outra vez, Quero subir tua serra, Ficar pelo menos um mês. Teus prédios e teus casarios, Teus morros e tua gente, São histórias, desafios, Que me olham bem de frente. Quero andar por tuas ruas, Respirar teu ar tão puro, Quero rever tua lua E sentir-me mais seguro. Quero te olhar das alturas, Quero te abraçar com fé. És um quadro na moldura, Vou contemplar-te de pé. Porém se não posso te ver Sentirei muita saudade, Cada dia vou sofrer, Pois és a minha cidade. Manhuaçu, doce encanto, Meu amor, minha paixão. Receba meus versos, meu canto, Receba o meu coração.

EU SEM JESUS

Eu sem Jesus sou criança sem carinho, Sou viajante sozinho, Perdido e sem destino. Eu sem Jesus Minha estrada não tem luz, Meu mundo é pequenino. Eu sem Jesus Sou um pássaro sem ninho, Uma rosa sem espinhos, Sem beleza e sem perfume. Eu sem Jesus Minha vida não produz, O meu barco não tem lume. Eu sem Jesus sou abelha sem mel, Sou estrela sem céu, Sou nuvem triste a vagar. Eu sem Jesus Não tem brilho minha luz Nem poesia o meu luar. Eu sem Jesus sou história esquecida, Sou estrada sem saída, Sou carro sem direção. Eu sem Jesus Sou manhã sem luz, Sou alguém sem coração.

A MENINA

A MENINA A menina veio no tempo, De longe veio a menina, Sobre nuvens transparentes, Envolvida na neblina. Veio sorrindo, sem pressa, Qual estrela matutina, Veio nas asas do vento Esta ingênua menina. Chegou bem perto, me olhou, Mas eu não vi a menina, Apenas senti minha mão Tocar sua mão pequenina. Passeamos pelo espaço E pousamos na campina, Caminhamos lado a lado Entre flores pequeninas. Depois a menina se foi Em meio a densa neblina. Procurei por toda parte, Mas não encontrei a menina.

SAUDADE

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Saudade é a ausência de seu sorriso Nas tardes sem sorriso e sem graça. Saudade é o vento que passa E leva as folhas da praça, Mas deixa sempre sinais. Saudade é a vontade De jamais dizer adeus E nunca dizer jamais. Saudade é a ausência de seu jeito De apertar-me contra o peito E dizer entre sorrisos: “Te amo mais do que tudo!”. Saudade é falar e ficar mudo É sorrir e reclamar, contudo, Às vezes sem entender... Saudade é poema que dilui, É doce poesia que flui, É amar intensamente e perder.

VIDA NA PERIFERIA

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No bairro pobre da cidade Todo mundo se conhece, Há pureza, há bondade, Há carinho e quermesse. Tem o Juca Sapateiro Que a todos trata bem, Tem o Jorge açougueiro Que não fia pra ninguém. Tem a venda do Seu João Onde o povo vai comprar Arroz, farinha, feijão, E utensílios para o lar. No bairro pobre da cidade Tem algumas igrejinhas Onde um povo sem maldade Se reúne à tardezinha. Quando surge algum problema Todos querem se ajudar E enfrentam o dilema Sem nunca desanimar. No bairro pobre da cidade Quase tudo acontece, A semente da amizade Nasce em todos e floresce. Por tudo aqui exposto Nesta singela poesia Eu lhes digo que dá gosto Morar na periferia. Imagem: Citta' - Autor: Claudio Giomi

TEMPO DE CANTAR

Aparecem as flores na terra Numa festa de cor e de luz, É o tempo em que cantam as aves E seu canto atrai e seduz. Aparecem as flores na terra Em seus mais variados matizes, Todo o campo se vai colorindo Nos fazendo alegres, felizes. Posso ouvir quando cantam as aves Festejando a beleza das flores, Posso ver qual num sonho distante Todo o campo se enchendo de cores. Aparecem as flores na terra, Tudo é festa no meu coração. É o tempo em que cantam as aves Como bem escreveu Salomão.

LÁ NA ROÇA

Lá na roça O Zé pega na enxada Mesmo não querendo nada E se vai bem devagar, Pois a terra o espera Seja inverno ou primavera É sempre preciso lavrar. Lá na roça O galo canta no terreiro, Os porquinhos no chiqueiro Reclamam pedindo milho. Mãe Maria vai sem pressa Carregando uma travessa Acompanhada do filho. Lá na roça É preciso ter mais fé Na colheita do café, No plantio do feijão. Lá ninguém pode ter medo E levanta sempre cedo Com os gritos do patrão. Lá na roça A beleza é sempre vista, Pois ao longe se avista O sol morrendo na serra... E a noite com seu manto Vem qual doce acalanto Abençoando a terra.

Ouvimos sempre: “é preciso ter fé!”. Mas o que é fé? A definição deste substantivo feminino é muito vaga nos dicionários. Eles dizem apenas que fé é crença, confiança, crédito, mas sabemos que é muito mais. Fé é um dom de Deus, algo que é parte integrante do ser humano, portanto inerente a todas as pessoas. Sem fé não há vida, não há esperança, não há sonhos... É preciso crer para esperar. Fé, em suma, é ver e apalpar o invisível. As pessoas são movidas por essa força e conquistam os seus objetivos porque acreditam e lutam pelos mesmos. Os desafios são enfrentados e vencidos quando se tem fé. As pessoas se superam no dia-a-dia e conseguem feitos admiráveis, graças a esta força inexplicável que as impulsionam. Tanto nas pequenas coisas quanto nos grandes empreendimentos é preciso haver algo que nos dê motivação, que nos dê a certeza de que vale a pena lutar (mesmo que alguém diga o contrário), isto é a fé colocada em prática O semeador olha a semente e prepara a terra, olha o tempo e pe

DIFERENÇAS

Há pessoas que vivem uma vida simples, Mas pode se ver no seu rosto a felicidade. Há outras que vivem na opulência, Mas só destilam ódio e muita maldade. Há pessoas que não têm o que comer, Às vezes são obrigadas a implorar o alimento, Mas conseguem ser otimistas – e sem saber Nos dão lições de vida em seu comportamento. Ter não é ser e não significa poder. A vida às vezes é um completo mistério. Há pessoas que são ricas, abastadas, Mas vivem a reclamar e a dizer impropérios. A simplicidade é um dom de Deus. Ser rico não significa ser melhor. É preciso se contentar com o que se tem Pois na verdade a vida poderia ser bem pior.

COMPLICADO

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Você não me deixa respirar, Mas me sinto bem assim. O seu olhar me sufoca, Seu sorriso me invade, Estando longe de ti Só tenho tristeza e saudade. Você me tortura, me arranha, Mas me sinto bem assim. Você tem um jeito confuso Que não posso entender, Mas eu sei que mesmo assim Amor, eu amo você. Você me faz delirar Com um simples toque de mão. Sinto meu corpo voar, Sinto elevar-me do chão. Você consegue assim Disparar meu coração. Você às vezes é má E assim me faz sofrer, Mas eu sei que você sofre Muitas vezes sem querer. Coisa que eu não entendo E nunca vou entender. Enfim, eu quero você Como se quer uma flor. Mesmo que tenhas espinhos E me faça sentir dor. Sinto que está complicado, Mas eu quero esse amor.

ARTÍFICE DO SONHO

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É preciso trabalhar as palavras Como se trabalha a madeira E torná-las lindas, delicadas, Como a flor ao pôr do sol. É preciso trabalhar os sonhos Como se trabalha os frutos E deixá-los doces, desejáveis, Como o orvalho ao nascer da manhã. É preciso trabalhar os gestos Como se trabalha as pedras E deixá-los em forma de paz Como um rio suave a correr. É preciso trabalhar a vida Como se trabalha o riso E torná-la feliz, agradável, Como a brisa, que sopra do mar.

A MULHER DE ONTEM E DE HOJE

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Sou do tempo em que mulheres usavam saias, vestidos e os homens é que usavam calças. Naquele tempo dificilmente se via uma mulher fumando ou falando palavrão. Elas eram mais discretas, usavam pouca pintura e até falavam menos do que os homens. O comportamento, tanto dos homens quanto das mulheres, era muito diferente do que se vê hoje. As mulheres se faziam respeitar mais, por isto eram muito mais respeitadas. Elas não bebiam bebida alcoólica, nem freqüentavam bares. Se por acaso alguma mulher precisasse entrar em um bar, os homens faziam silêncio, respeitando a presença feminina naquele local impróprio. A mulher representava não só a beleza e o recato, como também era reverenciada por onde passava. Até as músicas retratavam uma mulher quase divina, musa inspiradora de tantos poetas... Naquele tempo, a mulher se vestia com mais pudor e decência e isto à elevava como a mais sublimes das criaturas. Hoje, deixa pra lá! Enfim, a mulher era respeitada, pois se dava ao

APRESENTAÇÃO

Antes de mais nada, deixe me apresentar. Meu nome é Cícero Alvernaz, 52, natural de Manhuaçu, MG, poeta e escritor, membro da Academia Guaçuana de Letras. Criei este Blog para divulgar meus textos, poemas e pensamentos originados no dia a dia e assim poder compartilha-los com vocês. Espero que apreciem. Um grande abraço a todos