Cícero Alvernaz

UMA FESTA DIFERENTE Eu queria fazer uma festa onde todos fossem convidados, uma festa diferente pra receber toda gente que quisesse festejar. Não haveria convites, ninguém daria palpites, ninguém daria presentes, ninguém estaria ausente, uma festa diferente pra receber toda gente que quisesse festejar. Essa festa inusitada seria muito marcada, faria muito sucesso. Seria algo indizível, para muitos, impossível. Ricos, pobres, aleijados, pessoas de todas os lados, de distantes arraiais, e também os animais, todos juntos festejando, comendo, bebendo, amando, os iguais e os desiguais. Seria algo estranho, algo sem comparação, sem fronteira, sem zoeira, onde todos irmanados, seriam humanizados sem qualquer separação. Todos sentados juntinhos, todos no mesmo caminho, na mesma intensidade, só respirando bondade... Eu queria fazer uma festa com muito amor e amizade. Cícero Alvernaz (autor) 23-10-2015.

LETARGIA ESPIRITUAL A mensagem do Evangelho hoje,  na maioria dos casos, é um presente bem embalado,  mas quando é aberto causa decepção e frustração.  É um envelope fechado,  bonito que insinua e atrai, mas quando é aberto só tem alguns recortes de jornal velho.  É beleza falsa, maquiagem que sai facilmente  e não resiste sequer ao vento. Transformaram o Evangelho  em boteco de esquina ou shopping com estacionamento e variedade.  A "invasão gospel" mudou a aparência,  incrementou o marketing e engana "até os próprios escolhidos". Igrejas caem nesta "pegadinha", riem desta piada e continuam no seu desatino teológico.  A mensagem da cruz foi esquecida e deixada como um velho objeto  que só ocupa lugar e não tem mais serventia. É preciso faturar, é preciso "aparecer" e atrair mais pessoas. Daí, aparecem os "shows gospel" e os espetáculos circenses. "Pelo amor de Deus,  preguemos a cruz de Cristo&qu

FALTA SÓ UM POUCO Falta só um pouco pra chegar ao cume, sinta bem o vento, sinta o perfume. Falta um pouquinho, falta muito pouco, não desista agora, oh, não seja louco! Já andamos tanto por essas estradas, já sofremos tanto nessas caminhadas. Só mais um pouquinho e nós chegaremos, e então juntinhos nós descansaremos. Falta só um pouco, não desanimemos. A nossa vitória nós festejaremos. Nós, enfim, chegamos, e valeu a luta. Só vence na vida quem aos bons escuta. Cícero Alvernaz (autor) 22-10-2015.

MENINO SEM JEITO Menino sem jeito só pensa em versos, caçar borboletas, andando descalço não fere os pés. Vagueia no tempo sem lar, sem espaço, não teme o cansaço que a vida lhe impõe. Descobre seu mundo tão cheio de brilho, de sol, de estribilho, de folhas, de mato. Menino sem jeito carrega no peito a flor entreaberta, o amor que desperta, e o sonho desfeito. E cava seu chão e encontra a água, e planta a semente do amor e da fé. E colhe os frutos que pendem do galho nos braços do dia. Menino sem jeito, espalha poesia. Cícero Alvernaz (autor), 20-10-2014.

AMIGO Amigo do Face, amigo da fila, amigo do peito, amigo do eito e até do mal feito, amigo sem jeito, amigo suspeito, amigo de fé, bom sujeito que é, amigo da estrada que acode e socorre, amigo do porre, amigo que vive, amigo que morre, amigo que some e não dá notícias, que mata a fome, que bebe, que come, que fala, que mente, que jura, promete, que se intromete, mas sempre esquece, amigo do bar, do show, da quermesse, amigo da pesca que esquenta e refresca na beira do rio, amigo de sempre, de todas as horas, que ri e que chora e nunca reclama, nem volta atrás, amigo na briga, amigo na paz, amigo certeiro e bom companheiro, fiel, verdadeiro, tão raro hoje em dia, amigo dos livros, da boa poesia, amigo das noites, amigo dos dias, amigo assim é uma beleza, na dor, na tristeza, é sempre um espelho, traz sempre um conselho, tem sempre firmeza. Cícero Alvernaz (autor) 22-10-2015.

ATIVA A noite ativa viva de lamparinas e lampiões astros no céu estrelas gente na terra encerra o vagaroso dia cria desejos expectativas sonhos que a noite propicia no seu bojo nos seus braços laços vagarosos beijos ensejos multidões desejos a perpassar na longa estrada madrugada repousando ensimesmada ei-la ligeiramente apaixonada a transpor a porta do amor indo em direção à sua morada. Cícero Alvernaz (autor) 20-10-2015.

EU SÓ QUERIA QUE VOCÊ ME OLHASSE Eu só queria que você me olhasse, mesmo que comigo não falasse e também não me abraçasse, nem fizesse nada mais que me agradasse. Um olhar assim discreto já seria um projeto, um início, um prefácio, já seria um motivo, o sinal de algum carinho, você, com esse jeitinho, me olhando de repente seria, pra mim, um presente, me deixaria mais vivo. Eu só queria que você me olhasse, mesmo que fosse um segundo, e iluminasse o meu mundo com sua luz, com seu dom. Ah, esse olhar de ternura, me fitando, de alma pura, como se olha uma flor, se admira um passarinho, esse olhar, bem de mansinho, esse brilho, essa luz... Eu só queria que você me olhasse, mesmo que comigo não falasse, pois esse olhar me seduz. Cícero Alvernaz (autor) 20-10-2015.

VELHAS ESTAÇÕES Velhas estações de trem, testemunhas fieis do passado. Por onde a vida passou, por onde o povo saiu e chegou, tanta gente se encontrou, sorriu e também chorou. Velhas estações de trem, carregadas de saudade. Ainda se ouve o apito, qual um gemido, semelhante a um grito que se espalha pelo infinito. Velhas estações de trem, a mãe abraça o filho, o filho abraça o pai depois chorando se vai, mas a lembrança não sai na tarde serena que cai. Velhas estações de trem carregadas de história onde o tempo fez parada, onde a vida é quase nada, onde o mundo é uma estrada por tantos sonhos marcada. Cícero Alvernaz (autor) 19-10-2015.

VELHA COZINHEIRA Não a chamo "velha" pejorativamente. Chamo-a assim carinhosamente. Velha cozinheira de tantas jornadas, cruzando o sem fim de antigas estradas. Mãos cheirando a tempero, pele crispada, o mundo espera sua comida abençoada. O cheiro se espalha pela vizinhança, atrai jovens, velhos. animais e crianças. Todos querem saborear sua comida, que para tantos tem o próprio sabor da vida. Velha cozinheira a tua fama repercute, no alimento que preparas, nos quitutes... Que vontade que deu! que coisa louca! Sua comida deliciosa dá água na boca. Cícero Alvernaz (autor) 19-10-2015.

FASES Fases da vida, fases da lua, gente que passa medindo a rua, homem sem rumo que além flutua, fases da vida, fases da lua. Nuvem que vem, tempo que passa, no ar a vida vira fumaça, num desenlace que ameaça, tudo se vai, se despedaça. Vidro se quebra num desatino, marcas de sangue no mezanino, eu sou assim, mas fui menino, não sei por quem dobram os sinos. Fases da lua, fases da vida, alma sem fé, fé sem medida. versos no ar, folha caída, nem sempre o tempo cura a ferida. Cícero Alvernaz (autor) 18-10-2015.

BUSCA... Busca palavras doces para adoçar tua vida, como se fossem tesouros, como se fossem estrelas, como se fossem riquezas... Busca com fé e coragem a mais perfeita imagem que no mundo já se viu, seja um límpido espelho que reflete fielmente... Busca o encontro mais lindo, o saber pra tua vida, revisita o teu passado, avalia o teu presente, tua alma faz mais pura... Busca palavras doces no teu livro, no teu mundo, conta de novo a história que um dia te contaram, e verás que vale a pena. Cícero Alvernaz (autor) 17-10-2015.