CADA UM SABE Cada um sabe onde dói a ferida, onde aperta o sapato, onde chega o pranto, de onde vem o espanto, o chorar, a cara feia, onde a vida se incendeia, onde o chão se abre e o vestido se rasga e a criança se engasga, onde a fruta apodrece... Cada um sabe quando a noite escurece, quando o dia amanhece, quando chega a prece, quando o sonho se queda, quando o leite azeda, quando a flor se desprende, quando o homem se ofende, quando a traça corrói, quando o fogo destrói. Cada um sabe onde o povo se esconde, onde o gado se deita, onde o homem se ajeita, onde o sol vai se por, as razões do amor, os caprichos da dor, as nuances da cor. Cícero Alvernaz (autor) 20-02-2016. Compartilhar
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Mostrando postagens de fevereiro 14, 2016
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EXCRESCÊNCIA Hoje à meia noite termina esse horário que eu não sei dizer para que serve e se é de verão ou de primavera, mas sei que é muito prejudicial a milhões de pessoas em nosso País. Imagina um trabalhador perder duas horas de sono, em média, por noite, como fica o seu organismo, a sua cabeça? Durante a maior parte do ano convivemos com um horário e de repente chega alguém "na maior cara de pau" e muda esse horário. Eu pergunto: como fica o nosso organismo? Horário pernicioso, invas ivo, prejudicial e desumano. Fazendo as contas se perde em média 56 horas de sono por mês com esse horário macabro. Os apologistas deste horário dizem que ele economiza energia, mas ainda que economizasse "muita energia" nada se compara ao incômodo que causa. À meia noite estaremos livres desta pecha, deste infortúnio. O nosso relógio biológico agradece ao calendário e ao mesmo tempo "dá uma banana" pra esse governo desumano e perdulário que mantém esta excrescência. Cí
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DISTÂNCIA O pensamento viaja e vai, segue voando qual pássaro livre, busca outro mundo, outra terra, vai a voar sem parar, sem se perder, sem cansar. Quanta distância separa, quanta saudade depara, sangra o peito ofegante, corre e leva saudade, busca um país tão distante! Mas de repente esquece, para e pensa na vida. Murcha a flor, o sorriso, como um súbito aviso de uma distância perdida. Cícero Alvernaz (autor) 18-02-2016.
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A GUERRA A guerra não precisa ser sangrenta. Não precisa ter o sangue como alvo, não precisa de entrechoques e barulho, não precisa ter origem no orgulho, não preciso ter o ódio como escudo, não precisa destruir e queimar tudo, não precisa se ufanar dos malefícios, não precisa ser contada em prejuízos, não precisa destruir o oponente e plantar da intolerância a semente, não precisa humilhar e vergastar. A guerra pode ser silenciosa, a guerra pode ser dissimulada, pode até ser uma guerra desarmada, fazer pontes e abrir novas estradas, ser, enfim, a guerra santa, diferente, que não tenha inimigos combatentes, que não tenha nem sequer razão de ser. A guerra não precisa de artifícios, não precisa de matar e destruir, não precisa ter o ódio que consome, ela pode ser de paz, ter outro nome. A guerra pode ser um longo abraço, não ter armas com seu peso, com seu aço, ter amor, ter compaixão, cortar o laço. Cícero Alvernaz (autor) 19-02-2016.
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TAÇA DE VINHO Alguém me convidou para tomar uma taça de vinho, eu disse: obrigado, mas eu não tomo vinho. Essa podia ser uma forma educada de rejeitar o convite, mas, na verdade, eu realmente não tomo vinho, mas tomo água, suco, e até refrigerante raramente. Depois deste incidente fiquei pensando: será que a pessoa me convidou por educação ou foi para ver se eu aceitava? E se eu aceitasse será que ela tomava? Achei melhor ficar quieto e não tocar mais no assunto. Mas as perguntas continuam povoando a minha mente. Cícero Alvernaz (autor) 19-02-2016.
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PÉ TORTO As crianças, os adolescentes e até alguns marmanjos gostam de jogar bola na rua. Até aí tudo bem, afinal a rua é pública. Eles jogam, xingam, gritam e até brigam. Parecem atletas de rua de tanto que levam a sério aquela coisa. Mas, por outro lado, isto causa grande incômodo para os vizinhos, pois eles não ficam só na rua: eles invadem também a calçada, quebram ou usam a lixeira e o muro da casa. Se isto não bastasse, eles ainda chutam a bola pra qualquer lado e, inva riavelmente, a bola cai no quintal e aí sim começa a confusão. Quando não tem ninguém em casa eles pulam o portão ou o muro para pegar a bola invadindo a propriedade, e isto é crime. Se tem alguém em casa eles "mandam" pegar a bola, às vezes até xingam. No começo eu pegava e alertava: se cair de novo eu não pego. Agora não pego mais, mas sempre tem alguém que pega e acostuma mal os moleques. Eu fico pensando: onde estão os pais destes moleques de rua? Se eles querem jogar por que não jogam na frente da
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LUSCO-FUSCO No lusco-fusco do dia que já quer escurecer, alguém deita cansado na palha, e o seu corpo já desmaia de tanto cansaço e dor. Geme, clama e reclama e quer rever a quem ama quer reencontrar seu amor. O dia desaba e descansa qual sonolenta criança que já deixou seu brinquedo, o vento balança o arvoredo, a lua começa a brilhar. No lusco-fusco do dia, sinto chegar a poesia tão linda a me inspirar. Cícero Alvernaz (autor) 18-02-2016.
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CARNAVAL Festa de muito exagero, põe a mão quem chega primeiro, dança, corre, se extrapola, beija beija, se enrola, pois, afinal, vale tudo. É a festa sem noção empurrando um caminhão com gente fantasiada e muitos caem no chão e ficam perdidos na estrada. Festa que não é festa, que tem tudo que não presta e ainda tem muito mais. Momento em que o ser humano prefere andar mascarado pra não ser reconhecido, talvez por medo ou vergonha. Se juntam o bem e o mal e formam mais um carnaval com muito veneno e peçonha. Cícero Alvernaz, 16-02-2015.
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METAFORICAMENTE Também sei escrever difícil: metaforicamente, aproveitando todos os espaços, alinhavando os versos numa sequência homogênea, transformando as linhas em entrelinhas, esclarecendo os pontos obscuros subtraindo e somando, multiplicando e dividindo o restante, o excedente, percebendo as mudanças normais que se operam e culminam em exigências que se postam diferentemente do resultado usual e esperado. Também sei escrever difícil: cumulativamente, dentro do contexto, expressando em um texto toda a gama de pensamentos e ideias consubstanciadas, aprimorando os conhecimentos dentro da logística estabelecida, recorrer aos parâmetros legais que se recomendam a priori, desmistificar os pontos pendentes, ignorar as formulas sobrantes e insignificantes dentro do espaço, se expressando com clareza, apesar do palavreado rebuscado que se estabeleceu e deixar que o entendimento se faça presente, metaforicamente. Cícero Alvernaz (autor) 17-02-2016.
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SIMPLES De tão simples que era ficou ainda mais simplificado. Um simples muito simples, simplesmente. De tão simples, ficou comum e se tornou mais um com simplicidade inerente. Simples como uma folha que se vai ao vento. Simples como um sorriso evasivo que se perde num momento. De tão simples que era se acabou no esquecimento. Cícero Alvernaz (autor) 17-02-2016.
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TENHO MEDO DESTE OLHAR Tenho medo deste olhar, Que me olha com desejo, Vontade de ver e sonhar Acrescida de um beijo. Sem poder me explicar O que vejo, o que sinto, Eu me perco neste olhar. Tenho medo deste olhar Que me procura e me acha E em tanta beleza traduz. Não suporto tanta força, Tanto brilho, tanta luz, Este olhar me deixa louco, Pois seu brilho me seduz. Eu queria recolher Este olhar na minha mão, E guardá-lo com carinho Dentro do meu coração. Quando vejo este olhar Me fitando com seu jeito Me transformo, perco o chão... Por que me olhas assim Se sabes que sou tão fraquinho? Não consigo resistir Seu olhar e seu carinho, Mas me sinto mui feliz Recebendo esta luz Qual um sol no meu caminho. Cícero Alvernaz (Autor) Mogi Guaçu, SP, 17-03-2013. Curtir Comentar
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CARINHO Carinho não se pede, carinho se dá, carinho se troca, carinho se recebe, se tem e também se dá. Carinho é algo voluntário, expressivo, é espontâneo, é instantâneo, é duradouro, é momentâneo, e aplicado, é inexplicado, é dado, consolidado e desejado sem ser exigido e nem negociado. Carinho é tão singelo, tão espontâneo, tão belo - e a gente sempre percebe quando dá e quando recebe. Cícero Alvernaz (autor) 17-02-2016.
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SEM CARINHO Passei a vida toda sem carinho, não encontrei a flor do meu caminho, só encontrei saudade e espinho nas muitas voltas que no mundo eu dei. Passei o tempo todo sem carinho, me acostumei a caminhar sozinho, qual pássaro distante do seu ninho, por este mundo escuro eu caminhei. Passei a vida toda sem carinho, me vi abandonado em meu cantinho, queria o seu beijo, o seu vinho, mas só desilusão eu encontrei. Passei o tempo todo tão sozinho, queria pelo menos um pouquinho sentir sua presença de mansinho, de tanto te esperar eu me cansei. Cícero Alvernaz (autor) 17-02-2016.
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CADA VEZ QUE EU PENSO EM VOCÊ Cada vez que eu penso em você me estremeço, me aqueço, emudeço. Então paro, disparo, me deparo, sinto seu cheiro, me deito, levanto, e sorrio e choro um tanto, me quebranto, me espanto, entretanto eu me ergo, me fito e me vou. Cada vez que eu penso em você me descubro, me cubro, me iludo. me enterneço, me espio, arrepio, me deformo, me formo, me engano, me transformo, me queixo, me deixo, me animo, me estimo, me furto, me seguro num muro e me esqueço. Cada vez que eu penso em você me dispenso e penso, convenço, me arrebato, me bato, me exijo, e me jogo, arrepio, extasio e crio, e me firo, me atinjo, admiro. E pensando eu sigo querendo e querendo me vou desfazendo de tanto pensar em você. Cícero Alvernaz (autor) 16-02-2016.
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BUSCA Me busco, me chamo, me invoco, me ouço, mas não me respondo. Me curvo, me encurvo, me escondo, me viro, me dispo, me toco, porém, não me encontro. Me volto, me olho, me entoco, me vejo, me dou, me afasto, percebo meu corpo, meu rastro, me aceito, me ajeito, me nego, porém, não me encontro. Me sigo, persigo, atropelo, me deixo, me esqueço, me furto, me rasgo, me engasgo, me curto, me caço, me amasso, me estresso, porém, não me encontro. Me amarro, me risco, flagelo, me como, me arroto, me perco, me rolo na lama, no esterco, me deito na cama, nas nuvens, porém, nem assim eu me encontro. Cícero Alvernaz (autor) 15-02-2016.