Cícero Alvernaz

ESSE FOI SINCERO Em meio a tantas pessoas que batem no portão durante todo o dia, alguém bateu palmas hoje e eu fui atender e ele falou: "Eu vou ser sincero, quero comprar um um "corotinho" de pinga, custa 2,50, o homem do bar vende pra mim por 2,00..." Eu disse que não tinha dinheiro e ele se foi. Depois pensei que, se ele esperasse, eu podia ter oferecido algum alimento, mas depois pensei: se ele pediu dinheiro para comprar pinga dificilmente ia aceitar outra coisa. Depois  fiquei imaginando como é maldito esse vício. É tão terrível que a pessoa até perde a noção do que é alimento. Considerando que a propaganda estimula e induz a pessoa a esses vícios, se eu tivesse algum poder ia tentar até o fim da vida proibir qualquer propaganda de produtos danosos ao ser humano. Qualquer propaganda mesmo, e qualquer tipo de exposição desses produtos. Provavelmente, eu não ia conseguir nada, pois ia contrariar muita gente que lucra com isto, inclusive o governo. (01-09-2017)

CHEGOU SETEMBRO Chegou Setembro Depois de tanta espera. Setembro é o mês das flores, Inicio da Primavera. Já ouço cantando ao longe Um coral de passarinhos, Eles revoam em bandos, Vão se alegrando juntinhos. Chegou setembro! Há prenúncios de alegria, Momentos de sonhos e flores, Instantes de rica poesia. Tanta beleza na terra, tanta bondade, quimera, Setembro é o mês das flores, Inicio da Primavera. A vida pulsa em tudo, Sonhos enfeitam o ar. Rios correm no seu leito, No céu sorri o luar. O poeta não se cansa De cantar a Primavera, Afinal, chegou Setembro, Depois de tanta espera. Cícero Alvernaz (autor)

CURAU Curau, mingau de milho verde, delícia que veio da roça colhido no milharal, delicioso curau que só faz bem e não faz mal. Mingau de milho verde, assim se diz lá em Minas, o meu querido Estado. Delicioso mingau que só faz bem e não faz mal. Descasca bem o milho, tira ele do sabugo, depois mói o milho, põe o caldo pra cozinhar com leite e açúcar a gosto e todos vão adorar. Deixa ferver o mingau até ficar bem no ponto e depois que ficar pronto ninguém o vai resistir, deixa esfriar um pouco e depois é só servir. Cícero Alvernaz (autor) 31-08-2017.

DESILUSÃO Quando pensei que finalmente eu tinha te encontrado e meu coração sorria e cantava, eu percebi que você não me encontrou, pois você comigo não se importava. Fiquei feliz e sorri de repente, meu coração pulsou de alegria. Minha vida tomou um novo alento, os sonhos voltaram colorindo os meus dias, o amor tornou-se o meu sustento. Mas aos poucos tristonho descobri que era tudo mentira, puro engano. Percebi que quem amava era eu e você apenas disfarçava, meu coração então se entristeceu. Quando pensei que finalmente eu tinha te encontrado e se alegrava por inteiro o meu dia, eu percebi que você nem me olhava e ignorava o meu amor, minha poesia. Cícero Alvernaz (autor) 30-08-2017.

PLURALIDADE A palavra de hoje é pluralidade. Vem de plural: muitas coisas, variedades, diversidades, especialidades... Pluralidade indica um monte de coisas e opções para todos os gostos e bolsos. O contrário de plural é singular (pelo menos foi o que eu aprendi na escola), mas hoje é tudo em quantidade mais do que em qualidade. Muitas ideias, invenções, emoções, bifurcações, religiões, aglomerações, confusões... e a gente se perde nesse emaranhado de coisas e  de opções. Isto cria um verdadeiro universo na nossa cabeça, onde as ideias proliferam e dão vida a outras invenções e diversas sugestões. Sou do tempo em que tudo era simples e básico, até partidos políticos só tinha dois: ARENA e MDB. Era tudo, ou quase tudo, no singular. Era simples e fácil de escolher e de absorver, mas hoje é tudo plural, e com a chegada das redes sociais pluralizou ainda mais. Para quem escreve é bom, mas para o leitor, muitas vezes, cria-se muita confusão. Me lembrei da seguinte frase: "Se eu pos

CONTRASTE Algo que se contrapõe, que se contradiz, que contraria, que é contrario à aceitação geral, à ideia da maioria. Um contraditório, uma outra opinião, algo diferente que ressalta e aparece mudando o cenário. Cores diferentes que se completam e dão um tom original no resultado final. Olhando à primeira vista parece errado, disforme, que não combina e não completa. Um contraste é como um peixe fora d'água, algo inadmissível e estranho. É um corpo estranho, algo que não s e encaixa bem no contexto, que sempre falta ou sobra, mas faz a diferença e completa a obra. Gosto de contrastes na vida e na poesia. Gosto quando alguém me critica por ser diferente, por gostar de gente e nunca desacreditar no ser humano. Aquilo que é certinho, é normal, é óbvio e quase nada acrescenta. A vida precisa de novas cores e de novos sabores, pois até nas flores há contrastes e quem as pintou entende tudo dessa arte. Contraste faz parte, parece um erro, um exagero, uma falha, mas é exatamente o toqu

IGNORANDO JESUS Todos falam de Jesus e muitos até usam a sua pessoa, muitas vezes, como mote, tema ou pretexto. Desenham, pintam, fazem caricaturas e o apresentam como alguém sofrido, dolorido ou mesmo morto deitado ou pregado numa cruz. Cada um o apresenta de acordo com a sua religião, com a sua crença seguindo as suas conveniências. Eu sempre observei e já discuti essa forma de ver e de crer nesse tipo de Jesus. Muitos creem num Jesus melancólico, doente e raquítico, um Jes us sem poder e sem noção, um turista que veio até aqui sem dinheiro, sem ter sequer onde reclinar a cabeça. Mas a Bíblia apresenta um "outro Jesus", alguém que mesmo palmilhando as estradas deste mundo tinha poder para se sobrepor a todas as dificuldades e atendia a todos os necessitados. O Jesus de muitos não é o Jesus da Bíblia. Ele, inclusive, não é adorado por muitos e nem é reconhecido como o Deus todo poderoso, da forma como a Bíblia o apresenta. Quando penso em Jesus eu o vejo e o sinto como Ele r

APARÊNCIA  Hoje, dizem que a boa aparência é tudo, que abre portas, facilita contatos, levanta a auto estima e pode ser um dado importante na convivência geral. Afinal, quem não quer ter uma pessoa bonita por perto? Mas o que é, realmente, boa aparência? Esse tema é contraditório, pois boa aparência nem sempre é uma "aparência boa", se fosse assim seria fácil e todo mundo podia ter. Mas boa aparência, por outro lado, custa caro, tem o seu preço, o seu sofrimento, o seu sacrif ício. Mas essa tão perseguida "boa aparência" não é apenas exterior, mas é, sobretudo, interior. A pessoa vê, gosta, admira, mas quando a pessoa em questão abre a boca, muitas vezes, só sai palavrão. E palavão, na minha opinião, é o reflexo do interior da pessoa. Alguém olha e pensa: tão bonitinha, mas... Em suma, boa aparência exterior não garante nada. Pode ser apenas uma tinta, um batom, um esmalte ou uma roupa de grife. O que conta no fim das contas será sempre o caráter. E este não depende

POESIA Poesia a gente faz por fazer. É como deixar o dia nascer e olhar o que dá pra ver. É como estender a mão num movimento e acolher o fruto e sentir o vento. Poesia a gente faz por fazer. É como olhar e ver sem querer e depois esquecer, mas lembrar e querer de novo ver. Poesia é sombra à tarde, é água na mão, lambida de cão, é gato se esfregando e a gente dizendo: não. Poesia a gente faz por fazer e também por querer. É deixar acontecer como um sorriso que diz tudo sem nada dizer. Poesia é amar o feio e faze-lo bonito como um ramo seco à beira da estrada. Poesia é amar a tudo sem se apegar a nada. Cícero Alvernaz (autor) 28-08-2017.