A MOÇA DA PADARIA Na padaria tem pão, tem leite e muito mais. Tem também a moça da padaria com o seu sorriso e o seu charme. Mas nem todos percebem isto no dia a dia, a cada manhã, na pressa de ir comprar o pão, na fila sempre devagar para quem tem pressa. Mas a moça de todo dia repete o seu ritual com o seu sorriso e o seu charme e a todos atende com o seu carinho diário. Mas sempre tem algum poeta que a vê e admira o seu jeito e os seus traços. Há sempre um verso no universo da manhã que se abre e promete um dia lindo e movimentado. Enquanto isto, a moça da padaria a todos saúda com o seu especial "bom dia". Cícero Alvernaz (autor) 17-05-2014.
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Mostrando postagens de agosto 30, 2015
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ELA VEIO Ela veio, mas eu não a vi. A noite escura cegou os meus olhos, Mas eu percebi Quando ela chegou. Senti seus cabelos em mim, Tocando de leve meu rosto, Senti o seu cheiro, No meu corpo inteiro Senti o seu gosto. Ela veio e se sentou ao meu lado, Senti quando ela enfim me tocou E encostou seu joelho no meu. Meu corpo inteiro se arrepiou E meu coração ficou disparado E ela ao meu lado Tão meiga ficou. Ela veio no meio da noite Trazendo amor, prazer e alegria. Ela veio, mas eu não a vi, Apenas senti. A noite escura assim nos uniu, E eu nem percebi quando ela partiu. Cícero Alvernaz (autor) Mogi Guaçu, SP, 12 de dezembro de 2008.
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SEQUÊNCIA Dar uma repaginada, fazer uma releitura, pedir uma segunda opinião, dar mais uma olhada, caprichar no visual, retocar a maquiagem, dar um trato na máquina, refazer o trabalho, reunir forças e ir em frente, recomeçar uma atividade, dar uma repassada no texto, fazer um novo ensaio, reaprender a lição, reescrever o poema, pedir uma nova oportunidade, reensaiar uma nova dança, repensar uma decisão, reinventar um gesto, caprichar no sorriso, rever um velho amigo, reativar a memória, reler uma crônica, repatriar um cidadão, relembrar uma história, recordar a infância, reler um livro, reviver um sonho, reavaliar a vida. Cícero Alvernaz (autor), 25-02-2014.
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CAIPIRA Sabedoria caipira: falar arrastado, pausado, olhar fixado, sempre atento, e desconfiado. Jeito simples de andar, gestos curtos, comedidos, pensamento longe, cabeça baixa, ombros encolhidos, muito cuidado para não ser surpreendido, trabalhador sempre honesto, esse é o seu ideal, o seu gesto, sua vida é um livro sempre aberto, saúda a quem está longe e a quem está perto. O homem caipira é da terra a raiz. Com seu jeito assim tão simples vence sempre, é feliz, trabalha de sol a sol sem nunca esmorecer, e assim vai caminhando, vai cumprindo seu dever. É bom ouvir os seus causos, suas histórias de vida, sua luta, seus projetos, seu trabalho, sua lida. O homem caipira, sempre seguindo em frente, prossegue assim persistente pra não perder a corrida. Cícero Alvernaz (autor), 04-09-2015.
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O POETA O poeta é mais que um sonhador, um fingidor ou um visionário. O poeta é, sobretudo, um teimoso, um crente, é alguém que acredita sempre e semeia a sua semente muitas vezes a esmo sempre no mesmo caminho, na mesma estrada, quando vai e quando vem. O poeta sonha com uma colheita abundante e segue adiante lutando contra a correnteza. Não desanima, mas sempre se anima, mesmo diante da maior adversidade. O poeta sorri todo dia vendo brotar da terra os frutos da sua poesia. Cícero Alvernaz (autor) 03-09-2015.
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O RIO AGONIZA O rio agoniza, suas águas poucas e barrentas já não correm, não tem pressa, sua margem não tem mata e ele se mata de sede, vede: o rio agoniza. Pássaros não fazem festa, peixes não nadam mais, não procriam, não fazem festa. O silêncio se ouve, o murmurio não se ouve mais. O rio agoniza, está poluído, vazio, sofrido, sem a mata ciliar e lhe abraçar. Pessoas passam, olham e se perguntam: o que houve com o rio? Passa uma brisa, o rio agoniza. Cícero Alvernaz (autor), 03-09-2015.
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ENTRE UM DIA E OUTRO Entre um tropeção e outro, entre um esbarrão e outro vou caminhando e me ajeitando. Se eu cair eu me levanto e não perco meu encanto, depois saio caminhando. Entre uma decepção e outra, entre um gemido e outro vou seguindo meu destino. Vou em frente, prosseguindo, meu caminho vou abrindo com meu jeito de menino. Entre uma lágrima e outra que escorrem dos meus olhos vou palmilhando a estrada. Meu coração diz: avança, levado pela lembrança de uma infância abençoada. Entre um sonho e outro, entremeado de pesadelos que a vida me oferece, prossigo nesta jornada carregando a cruz pesada enquanto o dia escurece. Entre um dia e outro vem a noite - e o descanso sempre vem me restaurar. Vem o sono, vem o sonho, fico feliz e risonho e paro de reclamar. Cícero Alvernaz (autor), 03-09-2015.
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OS MISERÁVEIS E tem o rancho e os arranchados, tem os desabrigados, os iludidos, os desiludidos, e os odiados. Tem os famintos, os miseráveis e os encarcerados, tem os perdidos, os desvalidos e os sentenciados, tem os armados os desalmados e os predestinados. E tem o rancho e os arranchados, vítimas do contexto que sob algum pretexto vivem sem vida e sem sorte aguardando, quem sabe, a morte ou alguma ajuda do governo. Mas as eleições estão longe e o "Bolsa tudo" ainda não chegou lá. Nesta vida, na verdade, ninguém dá: só há troca de favores e tão cruéis dissabores e as mais profundas dores doendo de lá e de cá. E tem o povo que acredita e muitas vezes desmaia, mas não arreda uma palha para a coisa melhorar. E tem o rancho e os arranchados neste País abastado onde o povo é roubado até mesmo sem ter nada. E assim vão caminhando, como pedras vão rolando dentro de alguma estrada. Cícero Alvernaz (autor), 31-08-2015.