O AMOR É O MEU PREÇO Terra queimada, desarraigada, vida sentida sem vida, lago sem peixe, amor, não me deixe, a noite já vem... O som me apavora, o silêncio lá fora é música doce pro meu coração. Estrelas cadentes, no céu, meteoros, a noite estrelada abrindo meus poros, o sonho acordado é o mais bem sonhado. o riso sincero não é o forçado, o risco na terra parece um desenho, mas logo se apaga e vira poeira. Dormindo de dia a gente descansa, na cama espalhado parece criança. Pra que tanto empenho se a vida é tão curta? Murchando a flor alguém se importa? Ninguém se interessa por gente já morta, a vida é tudo, um tudo que é nada, pois logo expira e vira salada. Que isto amigo? Não sabes brincar? Eu falo a verdade, na minha idade eu posso falar. Então desabafa, põe tudo pra fora, e fala o que pensa, depois vai embora. Eu sei que alguém zomba, questiona, critica, mas isto é tolice e nada explica. Se alguém precisar de mim, me procure, não tenho receios, não
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Mostrando postagens de setembro 20, 2015
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DONA DE CASA A dona de casa não é dona de nada, mas é responsável por tudo. Cuida dos filhos, da casa, faz comida, varre o chão, e ainda tem que aturar as broncas do maridão. É a primeira que levanta e a última que deita, faz tudo no tempo certo, mesmo tendo por perto um filho choramingando e o outro, que ninguém sabe, o que estará aprontando. Lava, passa e enxágua, deixa tudo bem limpinho pra quando o marido chegar. O jantar já está na mesa e ainda cuida da beleza, se perfuma, com certeza, para não decepcionar. A dona de casa não tem um dia de folga, de segunda a segunda ela tem que trabalhar. Seu trabalho não é visto, quase nunca é notado e não pode reclamar. Peço a Deus por essa dona que tanto ama a casa, que lhe dê força e coragem para tudo enfrentar. A dona de casa parece um anjo sem asa, uma santa sem altar. Cícero Alvernaz (autor) 22-09-2015.
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DANÇA Esperança, desesperança, sempre se vê no olhar da criança, se levanta, anda e cansa, vida triste, vida mansa, quem espera não alcança, quem caminha vai à França, esta rima me balança, já vi homem usar trança, monta logo, a mula é mansa, para o crime não há fiança, esta vida é uma dança, falou muito, fez lambança, lá na roça tem festança, na cidade tem pujança, comeu muito, encheu a pança, hoje é tempo de bonança, de tanto fazer cobrança já perdi a esperança, pois esta gente me cansa... Esperança, desesperança, sempre se vê no olhar da criança, se levanta anda e cansa, vida triste, vida mansa, quem espera não alcança, quem caminha vai à França, esta rima me balança e o poeta não avança. Cícero Alvernaz (autor), 22-09-2015.
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SOLIDÃO A solidão não é tão ruim, não é tão má, nem tão odiosa. É uma presença vazia, fria, que muitas vezes nos deixa em polvorosa. A solidão é um estar em mim, momento pra viver e refletir. É uma presença diferente que aperta mais na hora de dormir. A solidão é um remédio que não cura, mas ajuda. É um diálogo com o vento, é a voz de uma criança muda. A gente se acostuma e até gosta, embora muita gente tenha dó. E assim então me leio, me releio, sozinho no meu canto, triste e só. Cícero Alvernaz (autor) 22-09-2015.
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PASTEL Massa fina e perfeita com recheios sempre a gosto, frito num óleo bem quente, depois é servido pra todos que avidamente comem e todo pastel consomem com muita gula e desejo, aproveitando o ensejo, o momento de ação. Bem mais que degustação, sem nenhuma cerimônia que o tempo não espera, e o pastel da Dona Vera é o melhor da redondeza. Come o velho e come o moço, como se fosse um almoço um banquete da nobreza. Massa fina e perfeita, refeição tão bem aceita, recheada de palmito, de carne, também de queijo, ou a gosto do freguês. O cheiro longe se espalha e atrai a clientela, gente olha da janela, passam na rua e param... Não resistem ao apelo e se rendem ao pastel. Vão da terra até ao céu num momento, num instante. O pastel, que é tão gostoso, faz todo mundo guloso, todos ficam concentrados no momento prazeroso. Cícero Alvernaz (autor) 22-09-2015.
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MATUTO E CAIPIRA Ele se senta à mesa, mas come com o prato na mão. Tem sofá na sua casa, mas ele se senta no chão. Na sua casa tem filtro, água pura e filtrada, mas ele bebe da torneira e diz que é mais gelada. Na sua casa tem banheiro, mas ele não gosta de usar. Eu não sei como ele faz para se aliviar. Na sua casa tem quintal e tem até um pomar. Mas as frutas que ele come sempre prefere comprar. Ele é muito estranho, parece que está do avesso. Mora na casa há muitos anos, mas não sabe o endereço. Eu não sei o que ele pensa e nem sei o que ele aspira. Mas respeito o seu jeito de matuto e caipira. Cícero Alvernaz (autor), 21-09-2015.
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PUTREFATO Restou o riso sem graça, o resto putrefato no sapato cansado de pisar em tudo sem o cuidado de escolher aonde ir, onde pisar. Ficou a saliva, a ogiva, o rastro e o rosto pragmático, enigmático, sem palavras e sem gosto em meio a treva. Sobrou um resto de tinta na lata amassada, mal tampada e mal vista. Restou a pergunta sem resposta na face do artista. Por fim, chegou a morte, mas desistiu de levar o que restou pro seu transporte, e dentro da noite uma canção algum louco cantou. Cícero Alvernaz (autor), 21-09-2015.
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O BÊBADO O bêbado, o alcoólatra, quem se importa? Tropeça nas pernas, enrola a língua depois morre à míngua em alguma porta. Bebe todas, como se diz. Este é o seu jeito de ser feliz. Anda cambaleante pela vida, claudicante, pra onde aponta o nariz. O bêbado é uma lenda, ele vai de venda em venda, como se diz lá em Minas. Mede as ruas, os passeios, vive de seus devaneios, e adora parar nas esquinas. O bêbado vira piada, faz a gente dar risada até mesmo sem querer. A bebida consumida é um veneno para a vida e faz muita gente sofrer. Cícero Alvernaz (autor), 21-09-2015.