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Mostrando postagens de dezembro 27, 2015
MINHA INFÂNCIA Minha mãe ficava em casa cuidando de mim e de minha irmã mais nova. Meu pai ia pra roça com os meus irmãos mais velhos - cada um com uma enxada. A roça era um fim de mundo que ficava no interior de Minas, mais precisamente no município de Manhuaçu. O tempo espiava, às vezes a chuva se formava, mas não vinha: só negaceava. Minha mãe cuidava da casa enquanto eu não cuidava de nada. Às vezes ela arrumava e eu desarrumava, mexia em tudo e brincava. Saía lá fora e me sujava na terra, depois voltava e muitas vezes apanhava. Era assim a nossa vida no interior de Minas. "E eu não sabia que a minha história era mais bonita que a de Robinson Crusoé".
NOTAS DE UMA VIAGEM          Saí terça feira á noite, dia 21 de maio, com destino a Itabira, MG, a terra natal do grande poeta Carlos Drummond de Andrade. Chegando a Belo Horizonte pela manhã logo providenciei a passagem para poder visitar a lendária Itabira, que guarda preciosas lembranças de nosso poeta maior.          Chegando a Itabira procurei um hotel onde me alojei, para depois sair em busca da história, á caça do passado. Fiquei encantado com a cidade por sua beleza natural e arquiquetônica, mas, sobretudo, pelo acolhimento de seu povo á minha pessoa. Aquele já conhecido jeitinho mineiro acompanhado de muito carinho.          Conheci o Memorial Carlos Drummond de Andrade, obra do saudoso arquiteto Oscar Niemeyer. Lá pude ver muitas fotos, poemas e objetos de uso pessoal do gênio da poesia. Vi a máquina onde ele escreveu grande parte de sua obra e o rádio onde ele certamente ouviu as músicas da sua época. Vi muito material, tudo muito bem catalogado e cuidado graças ao
JAMAIS SEREI DERROTADO Sou uma mistura de intelectual e jornalista, poeta e ensaísta, talvez até um artista dependendo do sentido, do colorido e da arte. Eu levo por toda parte aquilo que Deus me deu, e assim vou me descobrindo, me achando e me inserindo no doce contexto da vida. Eu não tenho pretensões, meu objetivo é semear sem saber onde vai dar essa minha teimosia, esse meu jeito de ser, de contar e de escrever a minha marcante poesia. Vivo assim e me divirto com tudo em que acredito e que pra mim é real. Entra ano e sai ano, eu não faço nenhum plano e nenhum planejamento. Prefiro viver assim embalado pelo vento, filtrando meu pensamento, desejando sempre mais. Sei que a vida é difícil, traiçoeira, imprevisível, não alisa nem perdoa, faz seu corte invisível. Mas eu não me preocupo, de algumas coisas me ocupo, sou alguém interessado em viver sem me iludir, meus talentos repartir, e enquanto puder resistir jamais serei derrotado. Cícero A
COMEÇO DE ANO  Começo de ano, começo de nada,  mais uma corrida, mais uma jornada.  Porém, na verdade, a vida prossegue,  o sonho se abre e o homem persegue  a sua estrela na mesma cantiga,  no mesmo refrão sentindo pulsar o seu coração.  Começo de ano, começo do mês  a vida respira, o sonho se fez  na mesma toada que tanto inspira  o bardo poeta que às vezes delira.  E brilha distante a luz da esperança  nos olhos do tempo, no olhar da criança.  O amor se anuncia na força do vento  com sua poesia, seu doce intento.  Começo de ano, começo de nada,  o homem se curva e olha a estrada.  Porém, na verdade, a vida prossegue,  o sonho se abre e o homem persegue  sorrindo ou chorando o seu ideal. Cícero Alvernaz (autor) 01-01-2016.
MANJAR Comida dos deuses, assim se dizia quem muito gostava, quem tanto comia. Tão deliciosa, nem dá pra dizer, esta guloseima eu quero comer. É doce, gostosa, sim, é de primeira, e fica guardada numa geladeira. Comida dos deuses, seu nome é manjar, a gente repete até acabar. E come de novo com gula e vontade, delícia pra todos, em qualquer idade. Cícero Alvernaz (autor) 01-01-2016.
ROUPAS NO VARAL As roupas aguardam o sol com seu carinho e seus raios quentinhos  que vêm para aquece-las e seca-las  e deixa-las prontas para serem usadas.  É o abraço do sol no lençol, no cobertor,  na fronha e na camisa tristonha  ou na calça, na bermuda, no paletó  e até mesmo no lencinho  que dança sem música e sem ritmo.  As roupas são bandeiras  que a lavadeira estendeu  ou hasteou no varal.  Bandeiras de variadas cores:  riscadas, estampadas todas lavadas,  enxaguadas e alvejadas  que mais tarde estarão prontas  para serem usadas.  O sol ainda está quente,  mas de repente cisma de esconder  provocativamente.  É só uma brincadeira,  logo ele voltará  e novamente abraçará as roupas  com seu carinho e seus raios quentinhos  e entoará uma canção qualquer  em louvor á mulher-lavadeira  que com sua arte em forma de poesia  fez mais lindo este dia. Cícero Alvernaz (autor) 30-12-2015.
MEU RETRATO Meu retrato não sou eu, não é o meu irmão, nem meu vizinho. Meu retrato é apenas o meu vulto, é alguém desconhecido, magro, pensativo e oculto. Meu retrato não é nada, ele não sente e não fala. Meu retrato não sofre, não lê e não pensa, meu retrato não chora, ele apenas paira no tempo, absorto como o vejo agora. Meu retrato não sabe beijar, e nem ama e adora as mulheres. Eu apago meu retrato, jogo fora, eu esqueço, ignoro meu retrato, e depois eu me afasto, vou embora, simplesmente como estou agora: sem remorso e sem retrato. Cícero Alvernaz (autor) 30-12-2015.
MERENDA DA TARDE É assim que ainda se chama  aquele café da tarde acompanhado,  bem saboroso, quentinho e cheiroso  que se servia todo dia  sempre na mesma hora  e com o mesmo gosto.  Cafe com leite ou sem leite,  merenda a vontade pra comer  e se satisfazer e repetir  se assim desejar.  Tudo com fartura,  com muita higiene e variedade.  Merenda da tarde,  alguém me chamava para comer.  Era um prazer participar,  apreciar tanta gostosura  que era servida a gosto  e sempre tinha alguma novidade,  uma brevidade, um bolo especial  que derretia na boca.  Era tudo muito gostoso, muito apreciado  e sempre acompanhado  de um sorriso  pelo prazer de servir o melhor.  Merenda da tarde, tarde fagueira,  namoradeira, tarde de sol ou de chuva, tarde qualquer.  Merenda da tarde  servida pelas mãos macias  e delicadas de uma mulher. Cícero Alvernaz (autor) 30-12-2015.
A SUA VOZ A sua voz é como a melodia da rua, é como o som da tarde cheia de crianças, é como a voz da chuva caindo nos telhados, é como o som do rio livre e indiferente a descer sozinho sem olhar a gente. A sua voz é como o brilho das estrelas, é como a canção da noite nos lábios do vento. A sua voz é como o som das folhas que se vão e se perdem sem saber. A sua voz traz emoção e espalha prazer. A sua voz é meu silêncio pleno de anseios, É minhas noites longas, meus sonhos, devaneios. A sua voz é meu sossego, acalanto e canção. A sua voz me faz sorrir e faz pulsar meu coração. Cícero Alvernaz (autor)
CONTRATEMPOS E INTEMPÉRIES  Na vida acontecem coisas estranhas e inesperadas.  A gente espera tanto de alguém e às vezes se decepciona, e muitas vezes é acolhido e compreendido  por alguém que a gente mal conhece.  A gente planta na esperança de colher bons frutos  e muitas vezes o resultado é pífio.  Há dias em que estamos bem e de repente "fecha o tempo"  e começa uma discussão tola, boba  e isto acaba com o nosso dia.  São as variações climáticas, de humor,  mudanças de expectativas e de perspectivas  que azedam a nossa vida, a nossa convivência.  Entendo tudo isto como um aprendizado,  mas, convenhamos, ás vezes dói.  Até quando vamos precisar deste aprendizado  para finalmente não termos mais estes contratempos?  A gente voa como palha ao vento e ás vezes  num momento se esboroa e perde até o rumo.  O melhor é absorver e até achar graça de tudo isto,  afinal, a vida sempre foi assim  e no novo ano deve continuar tudo igual,  sujeito a contratempo
TE DESEJO Te desejo um ano novo cheio de confusão no transito, em casa, na pia, no quarto, no banheiro, no fogão, na escada, no corrimão, na rua, na estrada, no parque, no emprego, na igreja, na viagem, no aeroporto, um ano sem conforto, sem moleza, sem porto, sem grandeza, sem eira nem beira, sem esteira, sem doce de goiaba, sem queijo, sem beijo, sem pudim de maria mole, sem poder beber uns goles, sem café, sem fé, andando a pé, caminhando, ou quem sabe, correndo, fugindo, sofrendo, temendo o que virá pela frente, preocupado com o que está te seguindo por trás, sem poder parar para avaliar, sem tempo pra raciocinar, sem espelho pra se olhar, sem cama pra se deitar... Te desejo um ano novo cheio de confusão, afinal, te desejo muita disposição, pois a vida é assim, e só vence quem se convence que pode, que deve, que consegue, e a vitória sempre persegue. Cícero Alvernaz (autor) 29-12-2015.
A VIDA A vida faz suas paradas, tem suas escalas, suas quedas e escaladas, avanços, pernoites, açoites, brincadeiras sem graça, algum mau jeito, pirraça. Prega sustos na gente, acende e apaga de repente, como um pisca pisca de Natal, depois nos diz que foi tudo brincadeira, foi apenas um sustinho de nada, um animal que pulou na estrada, uma vasilha que caiu e se quebrou, alguém que, de medo, gritou... E assim a vida segue brincando sempre, e tudo consegue. Cícero Alvernaz (autor) 28-12-2015.
CALOR O corpo reclama, sofre, transpira, goteja, derrama, o quente suor. A roupa molhada, no corpo colada, o riso adiado, o sonho frustrado, o amor transpirado, o corpo reclama, mas fica calado. É muito calor que vem como brasa e tudo arrasa, e tudo aquece. O corpo goteja caindo no chão sem ter opção. E não adianta regar mais a planta, secou a garganta, calou a canção. O corpo reclama a todo momento e pede ao vento que venha soprar. Mas tudo esquenta o calor mais aumenta, a gente aguenta, mas sofre bastante. Goteja o suor, aumenta o calor a cada instante. Cícero Alvernaz, (autor) 28-12-2014.
O HOMEM O homem se põe, se expõe, contrapõe, se interpõe se impõe... O homem avança, às vezes alcança, porém, depois cansa, se perde na dança e sem esperança chora feito criança. O homem deseja, tem sonhos, almeja, frequenta igreja, (que Deus o proteja) dos falsos amigos! O homem se empenha, dos outros desdenha, mas sofre o seu tanto, derrama o seu pranto e enfrenta os perigos. O homem, por fim, se queda cansado e fica deitado esperando a morte. O homem, porém, ainda acredita, se esforça, medita, levanta, se agita, o homem é forte. Cícero Alvernaz (autor) 27-12-2015.