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Mostrando postagens de julho 24, 2016
COISAS QUE EU NÃO SEI Coisas que eu não sei e que nunca saberei: quantos peixes tem no mar, quantos pássaros no ar, quantas vezes posso amar, quantas vezes vou chorar, quantas vezes reclamar, quantas histórias contar. Quantos rios a correr nos quais posso navegar, quantas estrelas no céu ficam de noite a piscar, quantos sonhos posso ter, quantas vezes vou sonhar, quantos momentos de paz ainda vou desfrutar. Quantos livros eu vou ler, quantos versos decorar, quantos livros escrever, quantas lágrimas sentidas ainda vou derramar, quantas viagens fazer, quantos anos vou viver para depois descansar. Cicero Alvernaz (autor), 30-07-2015.
UMA CARTA Escrevi uma carta sem vontade e sem pressa, endereçada a alguém. Eu era o remetente, mas não tinha destinatário, era um texto imaginário, uma carta sem destino, brinquedo de algum menino que assim se divertia. Talvez uma carta-poesia que quase nada dizia, mas muita coisa queria, pois reclamava e pedia por alguma providência, coisa da consciência, nela eu pedia clemência para quem tivesse dó, pois o povo sofre só sem ter a quem recorrer. Escrevi uma carta sem vontade e sem pressa, mas só recebi promessa, pois ninguém me respondeu. Porém, o culpado fui eu: não tinha destinatário, era só o imaginário, o desejo de escrever, e por não ter um destino a carta nunca chegou e ninguém a pôde ler. Cícero Alvernaz (autor) 28-07-2016.
FRUSTRANTE O mel na boca do tempo, o sono na boca da noite, a semente na boca da cova, o homem na boca do povo, o riso na boca do homem, o carro na boca da ponte, a água na boca da fonte, o sonho na boca da noite, a massa na boca do forno, veneno na boca da cobra, o verso na boca do bardo, o espinho na boca do cardo, o livro na boca da estante, a boca na boca do beijo, a boca mordendo o queijo, o leite na boca do infante, o beijo na boca do amante, porém, quando não se beija tudo termina frustrante. Cícero Alvernaz (autor) 28-07-2016.
CORAÇÃO TONTO Meu coração está tonto de tanto rodar por aí. Cansado de dar tantas voltas, de ir e depois voltar, rodar e depois girar, cansado de tanto buscar o seu porto, o seu lar. Um coração sem abrigo a clamar por um amigo. Um coração tonto de tanto rodar por aí, batendo desesperado, pulsando acelerado a procurar por ti. Nas noites, nas madrugadas, margeando as estradas, na cidade ou no mato. Um coração sem destino, um coração de menino procurando o seu par sofrendo pelo maltrato. Um coração tonto, pobre, desidratado, um coração machucado sem ter a que se apegar. Cansado de dar tantas voltas se recolhe e se fecha cansado de tanto esperar. Cícero Alvernaz (autor) 25-07-2016.
Eu não te vi hoje, mas pensei em você. Meu pensamento voou, se perdeu e foi pra longe na ânsia de te encontrar. Caminhei por ruas estranhas seguindo meu pensamento, depois voltei e parei e sentei por um momento. Eu não te vi hoje, mas recordei nosso encontro. Meus olhos fitaram você como se olha uma estrela, como se vê uma flor. Andei sem rumo, sem norte, como se fosse um menino, andei por aí sem destino procurando meu amor. Cícero Alvernaz (autor), 25-07-2014.