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Mostrando postagens de novembro 19, 2017
A SAUDADE A saudade veio, veio de repente e inundou o meu caminho. A saudade extravasou no meu peito com seu jeito, invadiu minha cama, me pediu para ficar no canto e eu, inocente, deixei, mas logo depois peguei no sono, sonhei com a saudade na minha cama, percorri caminhos com ela, fiz-me companheiro dela e ela nunca mais me deixou. Cícero Alvernaz (autor) 25-11-2017.
NÃO SOU Não sou um incendiário, não sou um velho canário que canta sem saber o que está cantando. Não sou um falsário, não sou um perdulário que gasta o que tem e o que não tem. Não sou um dromedário, não sou um salafrário que não tem pena de ninguém. Sou um poeta sem eira, nem beira, sou alguém que não tem sequer um vintém e que mendigou amor a vida inteira. Cícero Alvernaz (autor) 24-11-2017.
MESTRE DRUMMOND A primeira vez que eu li um poema seu eu pensei que não era eu, que o poema não fosse seu, que o mundo fosse só eu e não sei o que me aconteceu. Achei lindo, achei bom, me admirei com o seu dom e depois fiquei sabendo que o poema era de Drummond. A primeira vez foi só a primeira vez. As outras vezes, sem conta, foi tudo muito lindo com a poesia sempre surgindo como se fosse um faz de conta. Hoje eu digo em alto e bom som: como é bom ler o mestre Drummond! Cícero Alvernaz (autor) 23-11-2017.
LONGA ESPERA Fiquei te esperando o dia inteiro, a espera foi mui longa e cansativa. Meu mundo desabou e foi caindo, meu sonho se ocultou e foi sumindo, só me restou a esperança ainda viva. Te esperei e te busquei com minhas forças, Chorei enquanto o tempo deslisava. Fiquei assim sem ver o que me via, fugiu de mim a flor e a poesia, nem mesmo percebi que eu chorava. A espera foi tão longa e cansativa, A tarde veio, mas você não veio junto. Meus olhos se molharam com meu pranto, a vida se tornou um triste espanto, fugiu de mim meu riso e meu assunto. Cícero Alvernaz (autor) 23-11-2017.
TUDO E NADA Vida desorganizada, casa desarrumada, pomar sem florada, amor na escada, olhar da amada, tudo e nada, vida desajeitada, família separada, espelho sem imagem destacada, rio de água parada, boi sem manada, cavaleiro sem estrada, sonho que não sonha nada, beijo sem os lábios da amada, verdade fabricada, livro de capa rasgada, mas essa vida desorganizada é muito abençoada. Cícero Alvernaz (autor) 22-11-2017.
COMPORTAMENTO Comportamento vem do verbo comportar. É uma forma de agir nos vários segmentos da vida em sociedade. Ninguém nasce com determinado comportamento, mas se adquire no correr da vida, dependendo do meio em que a pessoa vive. Tem bons e maus comportamentos de acordo com a avaliação geral. A pessoa, geralmente, muda o seu comportamento com o tempo de acordo com as fases da vida. Comportamento não é genético, não é biológico, mas pode ser adquirido de alguém. Todas as  pessoas tem comportamentos e alguns são estranhos: como viver por aí sem casa, sem emprego e quase sem roupa. Muitas vezes, isto é uma opção da pessoa, uma vida que a pessoa gosta de levar em busca de uma liberdade falsa e mentirosa. Há bons comportamentos, pessoas comportadas, educadas e finas, como se diz usualmente. Escrevendo agora, eu me pergunto: como tem sido o meu comportamento atual? Será que eu preciso mudar o meu comportamento? Preciso refletir mais sobre isto. (22-11-2017).
A GALINHA Suas penas e seu bico, seu pescoço balançando, a galinha é uma ave-aeronave, pois voa, pousa e repousa depois. A galinha faz tudo de novo, cisca, belisca, bota ovo e cuida bem dos seus pintinhos. E à tarde ou de noitinha ela vai acompanhada ou sozinha descansar do dia inteiro no seu tosco poleiro. A galinha é assim: canta e bota para mim. 21-11-2017.
TENHO PRESSA Tenho pressa. Meu verso tem pressa, tem pressa, tem asas. Tenho pressa... Meu amor está me chamando para fazermos uma viagem encantada onde beijos nascerão na estrada e rios correrão de nossos olhos, sonhos nascerão de nossas pálpebras, flores crescerão no nosso peito, versos surgirão na nossa boca, risos se abrirão sem ter limite, vida surgirá de nossos pés e não haverá nenhum revés que nos frustrará nessa jornada. Tenho pressa... Meu verso tem pressa, tem pressa, tem asas, o mundo será nossa cama, o tempo será nossa casa. Cícero Alvernaz (autor) 21-11-2017.
MALABARES Sempre os vejo no sinal expostos ao perigo de serem atropelados. São os malabaristas que se expõem com a sua arte duvidosa e pedem a alguma alma caridosa uns trocados, um real. Gente ainda jovem, novos artistas, são os malabaristas que ficam no sinal e acham isto normal. Embora eu ache isto paradoxal respeito a opção, ou a necessidade. Não entendo nada desta atividade por isto não posso julga-la. Sempre os vejo no sinal, alguém os xinga o instrumento de trabalho se vinga: cai no chão e isto irrita ainda mais. São os malabaristas, os novos artistas, gente ainda jovem que poderia estar trabalhando, mas está dando trabalho pros motoristas. Cícero Alvernaz (autor) 21-11-2017.
NEM TANTO AO CÉU, NEM TANTO Á TERRA Volta e meia emerge o assunto igreja, ou igrejas e a discussão flui às vezes naturalmente. São tantas as vertentes, as opções e as confusões que a gente até se perde e fica sem saber o que fazer, o que dizer, acusar ou defender. Tem igrejas para todos os gostos e em todas elas tem pessoas que, se estão lá, é porque se sentem bem, ou tem algum interesse pessoal, moral, emocional ou financeiro para permanecer lá. Acredito que existe no Brasil milhares de diferentes igrejas por onde passam semanalmente milhões de pessoas, cada uma com o seu fardo, a sua dor. A igreja, geralmente, é um ambiente convidativo, aparentemente seguro e tranquilo. Local de oração, louvores, lágrimas e encontro com Deus e com algum amigo ou irmão. O que chama a minha atenção, sobretudo, e daí o título em epígrafe, são as diferenças entre as igrejas. Enquanto umas prometem o céu e a terra através da teoria da prosperidade, outras praticamente se fecham e mais parecem um velório
NO DIA DO ANIVERSÁRIO No dia do aniversário o cardápio é vário e consome quase todo o meu salário, leva o meu dia e às vezes me traz a poesia numa velha bandeja, e depois alguém me beija meio sem vontade, meio sem desejo e eu me vejo assim: com todo mundo e sem mim. No dia do aniversário eu vejo o calendário e ele me olha com dó e me diz: é meu caro, hoje você está mais ou menos e agora tem um ano a menos para viver, para gozar e para sofrer. Finjo que não ouço, pois ainda me considero moço, com força e jovialidade, mas dentro do peito eu sinto que insiste um jeito triste e bate a saudade. Cícero Alvernaz (autor) 20-11-2017.
FECHADO PRA BALANÇO Hoje eu não escrevo. Hoje eu só leio, manuseio e de permeio avisto letras e signos que bailam  diante dos meus olhos encantados e apressados indo rumo a alguma coisa ou lugar. Hoje eu não escrevo e me vejo perdido em lembranças boas e sonhos coloridos pelos quais eu fui atingido em algum canto, em algum lugar. Minha vida não é feita só de tristeza, como muitos podem pensar. Também tenho meus momentos de alegria, poesia e algumas extravagâncias que me dou o direito de fazer. Chega de chorar, muitas vezes até sem saber por que, chega de poetizar sem destino e sem mapa e julgar o livro pela capa. Hoje eu não escrevo, nem que me peçam sorrindo, chorando ou de joelhos. Hoje, vou me abrir e depois me fechar para balanço. Cícero Alvernaz (autor) 19-11-2017.