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Mostrando postagens de agosto 2, 2015
PAI, NEM TODOS SÃO IGUAIS Não sou pai, mas tive um. Todos tiveram pais, mas nem todos são iguais. Há pais pra todos os gostos, pais que escondem o rosto quando a coisa fica feia. Há pais que bebem cerveja, há pais que leem a Veja, há pais que não valem nada, como a casa que goteja. Saem, não voltam pra casa, passam a noite na esbornia, não trazem pão para o filho, há pais que não tem brilho. Há pais sem coração, eu não sei como é que vivem! Pais sem responsabilidade que só praticam maldade. Mas também há os bons pais, pois nem todos são iguais, que levantam o filho que cai sendo um verdadeiro pai. Cícero Alvernaz (autor), 08-08-2015.
BALANÇA DA VIDA Entrar pela porta estreita, sair com dificuldade, olhar a vida desfeita, vítima cruel da maldade. Passar por um acidente num momento imprevisível, olhar pessoas carentes e fazer o impossível. Pesar na balança da vida e ser achado em falta, depois desistir da corrida, rasgar e queimar sua pauta. Amar e depois esquecer como quem esquece um brinquedo. Mentir e depois sofrer, ficar se escondendo de medo. Sonhar com um mundo melhor, depois acordar sem coragem. Achar que está tudo pior, e que a vida é pura miragem. Depois sentar numa praça no doce fluir do momento, chorar vendo o tempo que passa e vai abraçado ao vento. Na vida é tudo assim, milagres também acontecem. Não há princípio nem fim, os sonhos também desvanecem. Cícero Alvernaz (autor), 08-08-2015.
PORTAL Entrar sem pedir licença como quem vai pro altar, revendo a fonte, o riso, sonhando com flores e cantos. Sentindo o prazer do encontro, mudando de ares, de encantos, ouvindo a poesia e os prantos que a tarde oferece em seu manto. Tecendo o olhar vespertino na concha do dia que esvai, criando momentos de anseios que a vida e o mundo atrai. Já posso me ver do outro lado refeito esperando encontrar um outro universo a se abrir sorrindo a me esperar. As tantas cantigas que soam perdidas na tarde que desce, seu som, seu carinho oferecem na concha da mão que se entrega. Rever tudo assim em poesia bebendo o sol do meu dia é mais que prazer e alegria no intenso antever que anuncia. A vida é cheia de anseios, o mundo não tem mais receios, não há mais espaço pro mal. Enquanto ali atravesso, meu sonho de amor recomeço além deste lindo Portal. Cícero Alvernaz (autor), 06-08-2015.
O MEU SORRISO O meu sorriso foi encomendado e não foi fabricado, não é sorriso sex. E quem o encomendou pediu que eu mandasse com toda segurança assim via Sedex. Meu sorriso foi forçado, ficou meio de lado, como algo que não quer aparecer. Mas a mercadoria chegou no outro dia como se pode ver. O meu sorriso foi pago adiantado, seguiu bem carimbado pra um lugar distante. E quando ele chegou o povo admirou e ficou radiante. Cícero Alvernaz (autor), 05-08-2015.
PRETEXTO Eu não preciso de pretexto para escrever o meu verso, ou mesmo escrever um texto, nesta tarde ensolarada. O que eu preciso é de u'a mão e ter muita inspiração, não preciso de mais nada. Eu não preciso de pretexto pra me inserir no contexto e me envolver no universo. O que eu preciso é de paz, para que eu seja capaz de poder me expressar e escrever o meu verso. Cícero Alvernaz (autor), 05-08-2015.
AO MEU PAI                                                                                                           Ele foi um bom exemplo,                                    Viveu com dignidade,                                    E ainda hoje o contemplo                                    E sinto muita saudade.                                    Nunca falou palavrão -                                    Que eu me lembre ou que eu ouvisse.                                    Tinha um grande coração,                                    Certa vez ele me disse:                                    “Meu filho, tenha prudência,                                    Em tudo saiba viver,                                    Tenha boa consciência                                    Para  não se arrepender”.                                    Palavras de sabedoria                                    De alguém especial,                                    Que o bem s
FICA COMBINADO Fica combinado: quando você for e já estiver bem longe eu vou. Não quero ir junto, não quero dar bandeira, não quero fazer estardalhaço, nem fazer zoeira. Fica combinado: você vai, depois eu vou. Quero ficar mais um pouco, colher algumas frutas, aguar algumas plantas, fazer algum verso sem rima que é pra variar um pouco, mas se a rima chegar, com certeza vou abraçá-la e dizer que ela é bem vinda. Minha vida quase sempre é assim: um caminhar sem pressa e conversar sem fazer promessa, com meu jeito apocalíptico, pois quem faz promessa é político. Fica combinado: quando você for e já estiver bem longe eu vou. Não quero ir junto, não quero dar bandeira, não quero fazer estardalhaço, nem fazer zoeira. Fica combinado: você vai, depois eu vou. Cícero Alvernaz (autor), 17-09-2014
SUA HISTÓRIA Me conta sua história, mesmo que seja triste vou guarda-la na memória, meu coração não resiste. Vou ouvi-la com paciência e não vou te interromper. Vou te ouvir com reverência, pois quero tudo saber. Eu sei que você sofreu pra chegar até aqui, lutou muito, padeceu, e pulou feito um saci. Já andou na corda bamba, passou fome, sede e frio, dançou, correu, cantou samba, mas não perdeu o seu brio. Me conta sua história, quero ouvir de sua boca, do tempo da palmatória, quando ainda se usava toca. Daquele tempo sem lei, que muita gente apanhava, eu não vivi, mas bem sei, pois meu avô me contava. Tempo de muito respeito, mas também de sofrimento, tempo em que o sujeito nem tirava documento. A sua história comprida quero ouvir você contar, pois resume a sua vida, prometo que não vou chorar. Cícero Alvernaz (autor), 02-08-2015.