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Mostrando postagens de abril 8, 2018
SOU UM GATO De uns tempos para cá descobri que velho é igual gato: levanta, dá umas voltas e depois volta a se deitar. Dorme um pouco, depois levanta, corre um pouco, dá uns pulos, se cansa e depois volta a se deitar. Dorme bastante, sonha, se mexe, se estica, se vira, revira, abre a boca, depois se levanta, come alguma coisa, corre um pouco no quintal, sobe onde não deve subir, desce, reclama da vida depois, cansado de reclamar se deita de novo e aí começa tudo outra vez. De uns tempos para cá descobri que sou um gato. Cícero Alvernaz (autor) 14-04-2018.
QUEM SE IMPORTA? Um soldado morto é apenas um soldado morto. Uma criança morta quem se importa? Um passarinho morto é uma esperança sem vida. Um trabalhador morto é um trabalhador qualquer que foi soterrado numa obra. Ele não tinha nome, sobrenome, não tinha vínculo empregatício, trabalhar era o seu vício. Um soldado morto é só mais um que tomba sem razão no cumprimento de sua obrigação. Uma criança morta quem se importa? Aqui neste mundo a vida anda torta. Cícero Alvernaz (autor) 14-04-2018.
PALAVRAS Depredado, desarraigado, degredado, desapegado, desmaiado, desacostumado, despejado, desalojado, desenterrado, desenganado, desajeitado, degolado, desmemoriado, desencantado, desmoronado, desconfiado, desavisado, desovado, descarrilado, desestruturado, deformado, desencontrado, defumado, decorado, despatriado, desalmado, desviado, desencovado, desarmado, desencalhado, desusado, demorado, desocupado, desdeixado, deputado, denunciado, desbotado, depauperado, desvairado, desembuchado, despudorado, desorganizado, depredado, desarraigado, desmaiado, desapegado... Não vamos deixar de lado esses termos empregados, essas palavras usadas por nós diariamente, pois são palavras correntes que se enroscam quais serpentes e brotam feito sementes. Cícero Alvernaz (autor) 12-04-2018.
OLHANDO O CÉU Eu me perco olhando, me sinto voando, sobrevoando, nas nuvens caminhando ao léu, quando estou olhando o céu. O céu, esse espaço infinito, tão profundo, tão bonito, vem até mim, se aproxima de mim, eu vou até ele, eu vou, e nele eu me envolvo, me dou, me devolvo, me vou, quando olho o céu. Olhando o céu eu desejo subir, alcançar, cada estrela pegar, abraçar, nesse espaço me perco, eu me perco olhando, me sinto voando, sobrevoando, nas nuvens caminhando ao léu quando estou olhando o céu. Cícero Alvernaz, 12-04-2018 (autor)
SOBREVIVENTE Sou um sobrevivente e vou contar por que: Sou um brasileiro sobrevivente, porque sobrevivi a quatro governos do PT. Me roubaram tudo, me deixaram sem nada, fiquei sozinho na estrada, fiquei sozinho na rua com as costas nuas, com os meus pés no chão, sem roupas, sem água, sem pão. Sou um sobrevivente, assisti o meu País sendo roubado, assisti a Petrobras sendo estuprada, vi nosso dinheiro indo pro exterior para beneficiar ditaduras numa negociação impura, numa ação que se desatina, muitos políticos mergulhados na propina, isto eu vi de fato, mas surgiu a Lava Jato pequena como criança que encheu de esperança os brasileiros de bem. Olhei e não vi ninguém, estava sozinho perdido, fiquei assim encolhido e tapei o meu ouvido pra não ouvir o estampido de uma arma qualquer, vi criança, homem e mulher perder emprego e dinheiro, vi a inflação chegando, o País se desmoronando, nosso PIB foi a zero por causa da roubalheira vi nossa Nação inteira
A HISTÓRIA É A MESMA A história é a mesma, o sonho não volta atrás, o tempo nos traz saudade seja em qualquer idade como flocos de algodão, como estrelas que além piscam, como nuvens apressadas a correr num céu de outono, como a tarde no abandono esperando a chegada da noite, como cântaros na fonte, como água a deslizar, como a lua a pairar, como o sol no horizonte. A história é a mesma como os contos da avó, como estrada envolta em pó, como livro exposto ao vento, a criança e o seu lamento, o animalzinho que sofre, um sorriso sem vontade, um aceno de saudade, um olhar que é só tristeza de um amor que já murchou, como taças numa festa, o barulho da orquestra, a história é a mesma, pois nada mais aqui resta. Cícero Alvernaz (autor) 10-04-2018.
FAZ PARTE II Este é um jargão popular usado para afirmar que tudo faz parte de um contexto e pode ser usado, afinal, como dizem? "tudo faz parte". Mas nem tudo, realmente, faz parte, ou está inserido no contexto, há coisas que não fazem parte, e não devem fazer parte de nosso cotidiano, do nosso dia a dia. São coisas que abominamos e muitas vezes vêm e querem participar de nossa vida. Devemos peneirar as coisas e acatarmos e guardarmos aquilo que realmente nos interessa e somam a nosso favor e a favor da coletividade. Isto significa, a priori, termos cuidados com aquilo que falamos ou fazemos. Devemos ser sóbrios e vigilantes como bem disse o apóstolo Pedro (I Pedro 5.8). Essa coisa: "isto faz parte" nem sempre deve fazer parte de nosso dia a dia. Devemos manter o nosso nível elevado evitando contendas e inimizades. Devemos evitar até passar em certos locais por serem suspeitos. Em tempo: o poema FAZ PARTE é uma brincadeira, mas pode servir de alerta para muitas p
FAZ PARTE Andar a pé faz parte, comer de colher faz parte, pular rego d'água faz parte, viver com mágoa faz parte, chorar escondido faz parte, comer ovo cozido faz parte, olhar a lua faz parte, andar de perua faz parte, levar um "fora" faz parte, depois ir embora faz parte, ser derrotado faz parte, ver o time goleado faz parte, amar e não ser amado faz parte, viver decepcionado faz parte, pegar carona faz parte, colher mamona faz parte, andar de charrete faz parte, mascar chiclete faz parte, andar sem destino faz parte, chorar qual menino faz parte, beber água morna faz parte, comer ovo de codorna faz parte, acreditar em signo faz parte, ser gordo faz parte, ser quase esquelético faz parte, torcer para o Atlético faz parte, lamber a panela faz parte, quebrar a tigela faz parte, raspar a gamela faz parte, suar a camisa faz parte, errar na baliza faz parte, andar na estrada faz parte, tocar a boiada faz parte, fazer poesia faz parte. Seja
ESPERANDO UM TREM Eu sou pequenino, sou quase um ninguém. Sou apenas um menino sem rumo, sem destino, esperando um trem. Mas o trem não vem, nem ao menos dá sinal. Sou apenas um menino sou medroso, pequenino, sou do bem, não sou do mal. A estrada é comprida, daqui eu vejo os trilhos. Vejo pessoas chegando, vejo pessoas andando, vejo pais com os seus filhos. Eu sou pequenino, sou quase um ninguém. Vivo cheio de lembranças, mas perdi as esperanças, pois esse trem não vem. De repente ouço alguém avisando que esse trem vem chegando devagar e eu fico a esperar, mas esse trem não vem. Fico olhando a distância nesse sol de meio dia. A espera é mui grande nesse dia que se expande nos versos da minha poesia. Cícero Alvernaz (autor) 08-04-2018.