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Mostrando postagens de julho 1, 2007

PAIXÃO

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Aos poucos ela se entrega, Vai despindo seu mistério, Vai se abrindo em silêncio. Como a chuva de mansinho Ela vem devagarinho E me olha com carinho Sem perguntar o que eu penso. Aos poucos ela me toca E sem querer me provoca Sorrindo, sem nada dizer. Como o vento no arvoredo Ela me toca sem medo E faz de mim seu brinquedo, Sua fonte de prazer. Depois me deixa perdido, Mas com fome, atrevido, Quase louco de paixão. E tanta coisa me ensina Com seu jeito de menina, Mas nossa noite termina Sem nenhuma explicação.

ALGO DESUMANO

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A cidade cresceu Como crescem as crianças, Só ficaram as lembranças Da meiga cidadezinha. Muitas fábricas chegaram Espalhando seu progresso, Poluíram e sujaram Virando tudo do avesso. A rua suja de lama, O parque sujo, pisado, Progresso não é pecado, Mas é algo desumano. O rio ficou imundo Podendo até morrer, Parece o fim do mundo Que chegou sem nos dizer. A cidade cresceu: Não é mais cidadezinha Que tanta beleza tinha Com seu puro romantismo... O ar ficou poluído, O céu é feio, cinzento, E o cantar dos passarinhos Mais parece um lamento.

EU PASSEI NA SUA CASA...

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Eu passei na sua casa, Mas não encontrei você, A saudade machucou E eu não pude me conter. Eu olhei, mas não te vi, Procurei o teu sorriso, De repente eu saí Muito triste, indeciso... Procurei o teu olhar Numa fonte, numa flor, E lutei pra não chorar Por não ter o teu amor. Perguntei ao passarinho, Quis saber o teu destino, Ele respondeu baixinho: Eu não sei, pobre menino! Perguntei ao vento amigo Que corria na campina Onde estava aquela flor Tão mimosa, pequenina... O vento se foi apressado, Nem ao menos me olhou, Seguiu seu destino calado, Comigo nem se importou. Perguntei ao rio manso Que deslizava em seu leito, Mas ele não respondeu E se foi com o seu jeito. Então voltei para casa Sem obter a resposta – É triste viver ausente De alguém que a gente gosta!

15 ANOS

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Ela fez 15 anos e no dia de seu aniversário chorou feito criança. Não gostou do bolo e nem dos presentes que ganhou. Disse que ninguém a entendia e que estava infeliz. A gente quase chorou junto com ela. Entretanto, pouco depois “o sol voltou a brilhar” e ela se recompôs e foi ajudar a servir o bolo que afirmou estar uma delicia, agradeceu os presentes e disse que estava muito feliz. Depois dançou aquela valsa e sorriu muito. Sorriu o sorriso mais lindo de sua vida. Todos lhe abraçaram, beijaram e lhe deram os parabéns. Ela fez 15 anos, mas ainda parece uma criança. Por mais que ela queira se sentir moça, dona de seu nariz e de seu coração, ei-la pouco mais que uma criança! Uma criança crescida e muito bonita. Mas ela é moça ou é criança? Talvez seja uma adolescente. Mas como definir uma adolescente? Às vezes ela é uma moça bonita, culta e inteligente. Gosta de ler, namorar, estudar e passear. Lê romances e poesias. Lê até os clássicos de Machado de Assis e adora as poesias de Drummond

PASSARINHO MORTO

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Passarinho morto – As asas quebradas, O bico aberto Sem canto, sem voz... Jogado no asfalto Sem vida, sem pressa – Ainda há pouco Voava veloz. Passarinho morto Não ouve meu pranto, Mas ouço seu canto Baixinho no vento. A linda paisagem Lhe faz homenagem: Suspira, soluça, Com triste lamento.

TEU BEIJO

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Mais leve que o ar, Mais lindo que o mar, Mais doce que a vida. Seu beijo assim É tudo pra mim – Não sabes, querida? Mais claro que o dia Que vem, inicia, E tudo projeta. Seu beijo me invade Levando a saudade Trazendo o poeta. Mais livre que o vento – Palavras invento, Mas não sei dizer. O seu beijo flui, Meu corpo dilui De tanto prazer. Mais denso que tudo Tão leve contudo Seu beijo me envolve. Traz paz, aconchego, Descanso, sossego, E o amor me devolve.

ZONA RURAL

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Aqui o tempo não passa, Não há pressa, não há nada. João Feitor vem devagar Surgindo na curva da estrada. Até o sol é medroso, Não é frio nem é quente, Vem brincando com as nuvens E mal aquece a gente. Tanta coisa posso ver Compondo o rude cenário, Preso em uma gaiola Canta triste um canário. De longe vem a menina Com a lata na cabeça. A tarde segue sem pressa Sem que nada aconteça. Eu vejo uma enxada! Cadê o trabalhador? Ele se foi à cidade A procura de um amor. Tudo segue sempre assim: Não é bom e nem é mal. É a vida que se vive Aqui na zona rural.

NOITES BELORIZONTINAS

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As noites belorizontinas São alegres, são divinas, E nas ruas as meninas Andam livres, ritmadas, No seu passo devagar. É possível encontrar Mesmo em plenas madrugadas Circulando nas calçadas Gente querendo se amar. Uma mistura de riso, Céu, inferno e paraíso, Com muito som e poesia... Além se vê alegria, Prazer, amor, emoção – Vejo Hilda Furacão Numa esquina parada... A cidade encantada É toda verso e canção. As noites belorizontinas Tem um misto de segredo, Sonho, ternura e medo Se vê pairando no ar... Nessas noites sem limite A bebida é servida, Todo mundo é igual. Os desejos se entrelaçam, Homens, mulheres se abraçam Felizes brindando a vida. Nas noites belorizontinas Sou um menino pequeno Sorvendo o mesmo veneno Que inspira e anima. Sou poeta, amo a rima, Cultivo meu jeito de ser, Me embriago de prazer... Mas quando a luz aparece E o dia amanhece A gente tudo esquece – Vai dormir, se refazer.

À ESPERA DE UM MILAGRE

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Sentado no banco de uma praça, Olhar perdido buscando algum sonho igualmente perdido, Ei-lo quieto numa tarde como outra qualquer. Quem passa não o vê E se o visse certamente não entenderia seus dilemas e suas dores. Um vento cisma na tarde quente e transparente. Somente o céu se abre como braços de mãe Para o acolher. As horas passam devagar e inexoráveis. Daqui a pouco será noite E o sono lhe virá fazer companhia, E os sonhos aparecerão inundando de luz Sua triste estrada. Mas, ainda é dia e as pessoas circulam pela praça Com suas dúvidas e anseios. Pássaros retardatários revoam Talvez buscando seus ninhos. Em bandos eles vão felizes. A vida flutua e paira nua sob o olhar do sol Que aos poucos vai se escondendo... Nesse momento de enlevo Dir-se-ia que houve um encontro e uma inevitável despedida. Quem virá depois recolher o que restou do dia? As folhas pousam no chão, Formando um tapete colorido e natural. Nesse cenário aparentemente vulgar Alguém espera algo fitando a distância Que