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Mostrando postagens de julho 30, 2017
MEU AVÔ Não conheci meu avô nem ele me conheceu, eu só sei que o meu avô a muito tempo morreu. Conheci a minha avó e ela me conheceu. Até hoje eu me lembro o dia que ela morreu. O meu avô Joaquim, era pessoa do bem, a minha avó Querubina seguiu os seus passos também. Os avós são um tesouro, pedras de grande valor. Eles valem mais que ouro, pois nos deram muito amor. Não conheci meu avô, Joaquim Alvernaz que morreu a muito tempo e hoje descansa em paz. Cícero Alvernaz (autor) 04-08-2017.
ACHANDO DINHEIRO  A primeira vez que eu achei dinheiro foi a muitos anos, mas me lembro bem. Morávamos na roça, longe da cidade. Eu e o meu pai estávamos indo à cidade e quando chegamos numa porteira e fomos abri-la eu olhei no pé do mourão e vi algo diferente no chão, me abaixei e peguei, abri e vi que era dinheiro. Entreguei para o meu pai e ele deu um sorriso. Fomos à cidade e o meu pai comprou pão com aquele dinheiro e levamos pra casa. Resumindo: eu nunca comi tanto pão em minha vida.
SOMOS IGUAIS Não me chame de animal Por causa deste meu jeito, Todo mundo é bom e mal, Todo mundo tem defeito. Toda pessoa que existe Tem seu caráter, seu jeito, Um é alegre, outro é triste, Não há quem seja perfeito. Aprenda a respeitar, Pois o respeito é bom. Todos podem se expressar, Pois cada um tem seu dom. Nós somos todos iguais, “Filhos de Adão e de Eva”. Discórdia e ódio jamais, Pois só o amor nos eleva. Cícero Alvernaz (Membro da Academia Guaçuana de Letras) Mogi Guaçu, 12 de maio de 2008.
DE OLHAR EM OLHAR De olhar em olhar de ver em ver o que está a acontecer pode se perceber que a vida continua, que dentro de nós ela pula e flutua, que ela existe e brilha como a lua. De olhar em olhar até mesmo sem demorar pode se ver a passar ou sentir seu pulsar no vento que se espalha que leva pó e palha, que deixa seu rastro no ar, na vida que se apresenta, no sol que a vida esquenta, em tudo se pode ver, se pode correr e entender que o sonho se expressa no ar, que não adianta chorar, que não adianta mentir, que não adianta sorrir, que não adianta falar nem tão pouco esbravejar com quem não deseja ouvir a voz que ecoa no ar. De olhar em olhar se pode ver e anotar o tempo que estou a falar sem ter alguém pra me ouvir, pois este tempo de agora é flor que murcha ao sol, é fruta que cai, vai embora, e vira esterco e pó. A vida só tem valor na vida de quem crê no amor e vive e ama sem dó. Cícero Alvernaz (autor) 01-08-2017.
ONTEM Ontem eu comi na panela, ontem eu passei na rua da casa dela, ontem eu olhei pelo buraco da fechadura, ontem eu pulei o muro, ontem eu andei na linha, ontem pesquei no aquário, ontem eu me escondi atrás do armário, ontem eu quase ri de um mal feito, ontem eu descobri onde é a casa do prefeito, mas ontem foi ontem, hoje é hoje e amanhã será amanhã. Isto é tão natural quanto degustar uma maçã. 01-08-2017.
MAIS UMA REFLEXÃO  De dezembro de 1980 a abril de 1982 eu morei no Rio de Janeiro e tenho boas lembranças da cidade, dos amigos que fiz por lá e da oportunidade de conhecer alguns lugares antes vistos apenas em sonhos. Me lembro da segurança que havia, da tranquilidade no ir e vir das pessoas, dos passeios que fiz e até do meu trabalho eu tenho boas lembranças. Eu trabalhava num hospital em Itaguaí e tomava 4 ônibus todos os dias, de segunda a sexta. Lembro também do cuidado,  da paciência e do carinho da minha irmã e do meu cunhado meus anfitriões e conselheiros. Hoje, vendo o Rio e o Brasil, por extensão, fico chocado com as mudanças que se efetuaram para pior, em todos os sentidos. Naquele tempo o Brasil convivia com o Regime Militar no governo e nem preciso dizer que era melhor a educação, a segurança, a saúde e a vida em geral. Hoje isto aqui virou terra de ninguém, o Brasil hoje nem governo tem e isto deixa a todos sem segurança e sem perspectivas quanto ao presente e o futuro.
NÃO PRECISA DE NADA Não precisa ter nada, não precisa querer nada, não precisa pedir nada, não precisa de nada. Só precisa de um olhar que saiba falar, que saiba comunicar. Não precisa de mais nada, só precisa olhar a estrada e ver o dia que passa como poeira, fumaça, como cantiga à tarde, como choro de criança que dentro da noite avança e vai até de madrugada. Não precisa ter nada, não precisa querer nada, não precisa pedir nada, não precisa de nada. Só precisa amar e esquecer que esta vida é quase nada. Cícero Alvernaz (autor) 31-07-2017.
OLHAR DE MENINO Eu venho de longe, atravessei rios, passei em pinguelas, me molhei na chuva, me queimei no sol, andei de calça curta, comi angu com taioba e tomei água da bica. Venho dos trópicos, das cavernas, dos mares onde não existe mar, cansei de chorar vendo a morte de perto andando pelo deserto onde havia pouca água e nenhum oásis. Eu venho de longe, de muitas léguas distantes, de uma terra perdida no ermo onde a vida é valiosa, onde se vive de verso e prosa e também s e convive com a miséria. Lá a comida é pouca, escassa, lá se divide um ovo e depois o come com farinha agradecendo a galinha que botou e matou a fome. Lá raramente chove e quando chove encharca tudo, morre gente, morre gado e tudo fica paralisado. Mas lá a vida é boa, sem violência e sem político por perto para prometer melhora e depois sumir, ir embora. Eu venho de longe, o pouco que tenho, o nada que trouxe é tudo que eu consegui guardar. Aqui me apresento, se me convidar eu me assento, se tiver comida eu como,
EU TE VI Eu te te vi e não percebi nada diferente. Era o mesmo olhar, o mesmo jeito, o mesmo sorriso discreto, a mesma forma de falar que sempre te marcou, o mesmo jeito de andar sem pressa como quem não quer chegar, a mesma vontade, a mesma bondade, o mesmo carinho com as pessoas, o mesmo jeitinho carinhoso de falar... Eu te vi e nada diferente consegui notar em relação à outra vez que eu te vi. A mesma pessoa boa, o mesmo jeito de falar e às vezes de chorar a toa como quem sente as dores mundo. O tempo que passou em nada te mudou, o seu jeito lindo ele conservou, até a sua aparência intacta ficou. Apenas o que mudou foi o nosso sentimento, pois em nenhum momento de amor a gente se falou. Cícero Alvernaz (autor) 30-07-2017.