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Mostrando postagens de abril 19, 2015
DIZER "EU TE AMO" Dizer "eu te amo" do fundo da alma, do fundo do peito, com todo amor e respeito. Deixar o coração falar sem o atropelar na sua fala que a gente, muitas vezes, cala. Dizer "eu te amo" com toda força, com todo sentimento, e se quedar por um momento. Deixar sair a voz, erguer o som e sentir que isto é bom. Dizer "eu te amo" olhando bem nos olhos, sem medo de errar, com toda certeza falar. Deixar o coração sentir até ao seu limite, não aceitar palpite. Dizer "eu te amo" sem medo de errar, sem medo de morrer, sem medo de se arrepender. Abrir o peito, sorver a emoção, e disfarçar a lágrima que desce num momento de amor e de fervente prece. Cícero Alvernaz (autor), 25-04-2015.
Sempre contrariei a lógica, andei na contramão da história. Quando eu era adolescente, enquanto os meus coleguinhas torciam para o outro time, eu torcia para o Atlético. Enquanto eles brincavam de pega pega e às vezes brigavam, eu contemplava a Natureza e admirava as montanhas onde as nuvens encostavam e onde a chuva se prenunciava. Enquanto eles jogavam bola e se escalavravam, eu escrevia poesia, ou pelo menos tentava fazer alguns versinhos que nem eu mesmo entendia e muitas vezes rasgava o papel antes mesmo de terminar, e depois recomeçava. Enquanto eles falavam alto e gritavam, já aprendendo alguns palavrões, eu ficava quieto, ensimesmado em um canto, lendo alguma coisa ou simplesmente meditando. Sempre contrariei a lógica (se é que ela existe). No meu caso, ela nunca existiu, pois eu a driblei e me contentei em viver um pouco isolado, mas fui, por isto, gratificado. Cícero Alvernaz (autor)
CONVERSA DE COMADRES -Você nem imagina o quanto eu ralei pra chegar até aqui! -Imagino sim. -Não imagina mesmo. -Não imagino... (pausa). -Foi duro, foi amargo, comi o pão que o diabo amassou. -É? -Sim, carpi café, rachei lenha, toquei gado, matei porco... -Vige! Tudo isto? -E tem mais: aguentei cada coisa, engoli cada sapo! -É, você falando assim cresce no meu conceito. Eu pensei que você só tivesse feito programa. Pelo jeito, fez coisa muito pior. -Pior, põe pior nisto. Cheguei a lavar roupa pra fora, engraxei sapato, catei sucata, carpi lote e até fiz faxina, mas consegui vencer e hoje tenho o meu Fusca 78 brilhando na "garage". -Tô vendo mesmo, está uma belezura. Deve ter custado uma nota preta. -Custou caro, mas não anda, anda sim, mas eu não tenho dinheiro pra por gasolina. -Também, gasolina no preço que tá! -E os documentos também estão atrasados, tem umas multas e ainda devo 5 prestações, mas é meu. -Você é uma heroína, um exemplo pra quem só vive recla
ESCREVER Escrever é falar e fazer, compor uma ode ou uma elegia, se lambuzar de poesia e depois quedar-se cansado. Escrever é olhar o presente, acreditar no futuro e tentar esquecer o passado que de vez em quando vem nos assombrar com os seus fantasmas. Todos pensam, falam, gesticulam, cada qual usando a sua linguagem, mas poucos conseguem escrever e assim materializar o seu pensamento e o seu sentimento. Por diversas me peguei escrevendo como sempre faço, sem compromisso e sem preocupação de agradar o meu eventual leitor. Escrever pressupõe liberdade total para se expressar e criar ou fabricar o seu elefante, como no famoso poema de Drummond. Eu sei que muita gente me lê, mas imagino também que muitas vezes não entendam o que escrevo. Enquanto vida tiver vou semear esta semente, escrevendo, relendo e reescrevendo algo que acredito ser pertinente para a vida e para tentar viver melhor. Cícero Alvernaz (autor), 31-12-2013.
AS MULHERES DA INTERNET As mulheres da internet: Silvia, Joana, Janete, Fazem parte do meu dia. Elas pairam nos meus versos Tão sublimes e diversos E enfeitam a minha poesia. Elas vêm, depois se vão, Prendem a minha atenção Com seu gesto, sua fala. Vou do quarto pra cozinha, Que tolice esta minha! Depois eu volto pra sala. As mulheres da internet Ás vezes parecem chiclete: Grudam na roupa da gente. Quando menos se espera, Como a bela e a fera Elas surgem de repente. São mulheres virtuais, Mas são pessoas reais Espalhando fantasia... Elas pairam nos meus versos Tão sublimes e diversos E enfeitam a minha poesia. Cícero Alvernaz (autor) Mogi Guaçu, 02-03-2012.
A ENXADA Sempre acompanhada de seu cabo, Ferramenta humilde, tosca e pesada, Na mão do roceiro com muita destreza Faz o seu serviço de limpeza, Sem nunca reclamar de nada. Corta o mato, protege a plantação, E deixa a terra bem limpinha e lavrada. Esta ferramenta é perfeita, é incrível, Sem ela tudo isto nos seria impossível, Eu vos apresento a enxada! Muita gente não gosta e a detesta, Mas sem ela o que seria do roceiro? Levanta de manhã e não pensa em nada, Toma o seu café e pega a sua enxada E assim vai trabalhar o dia inteiro. Quantas vezes dela precisei! Ela foi a companheira do meu dia. Cortando o mato com satisfação Eu a tive bem segura em minhas mãos, E hoje falo dela com alegria. À tarde então de volta do trabalho Me sento na porta bem cansado, E olho de lado a minha amiga enxada Que, certamente, deve estar também cansada De tanto trabalhar lá no roçado. Cícero Alve
Ainda que eu escrevesse mil poemas e tivesse a sabedoria e o conhecimento do "outro Cícero" e fizesse discursos e fosse aclamado por multidões. Ainda que eu falasse os idiomas dos homens e das mulheres e das crianças e me fizesse o maioral de todos pelo linguajar e pela escrita a ponto de ser ovacionado nas igrejas e nos estádios, se eu não tivesse humildade seria como um político qualquer ou como um grande ator, que apenas interpreta, mas não vive o seu personagem. Ainda que eu arrancasse suspiros e aplausos de uma massa incontida se eu não tivesse procedimento e humildade seria como um carro velho que só faz barulho e solta fumaça aumentando a poluição. Ainda que eu fosse carregado e transportado com fãs e seguranças ao lado, se eu não tivesse humildade seria um a mais nesta turba de inveterados. Agora, pois, permanecem a humildade, o procedimento e a integridade, o maior destes, porém, é o amor, pois sem ele as outras qualidades não existiriam. Cícero Alvernaz, 18-04-201