Cícero Alvernaz

BOM DIA!  Bom dia do roceiro, do comerciante, do fabricante, do empresário, do industriário, do amante, do farsante, da faxineira, da boleira,  do atleta, do poeta, de quem passa em seu carrão, do piloto de avião, de quem vai de bicicleta, de quem joga beijo, de quem levanta com desejo, do vendedor de queijo, do padeiro, do pedreiro, do turmeiro, do passageiro e até do cachaceiro. Bom dia do vendedor, do vereador, do paquerador, de quem está feliz, de quem sofre dor, do motori sta de ônibus e até do cobrador,  do frentista, do dentista, do anarquista, do filatelista, do artista, do radialista, do pintor, do grafiteiro, do romeiro, do torneiro, do crítico, do político, do teimoso, do nervoso, do religioso. Bom dia do farmacêutico, do cético, do médico, do torcedor do Atlético e deste poeta que sua poesia injeta com muita alegria na manhã deste dia.  Recebam todos o meu caloroso bom dia!  (03-03-2017)

SUSPIRO POR ELA Suspiro por ela que um dia eu vi na janela de uma casa singela. Não, não é apenas uma rima, também não é uma obra prima, mas é algo que ficou. É uma história sem começo, uma casa sem endereço, é algo que muito marcou. Suspiro por ela. Não me perguntem o nome dela pois não sei e nunca saberei. O nome não interessa diante do poema, da peça, o nome pode ser qualquer um, ou mesmo não ser nenhum. Essa história tem seu tema, seu suspiro e seu dilema, não é uma história comum. Suspiro por ela que um dia eu vi na janela enquanto eu passava na estrada. Seu olhar eu não esqueço, seu sorriso não tem preço, tudo comigo guardei. Essa história não esqueço, é uma história sem começo, uma casa sem endereço, que eu nunca esquecerei. Cícero Alvernaz (autor) 02-03-2017.

MARÇO CHEGOU! Março chegou, fevereiro saudade não deixou, março promete pintar o sete, mas é o terceiro mês, a bola da vez, hoje é dia primeiro, já se foi fevereiro, um mês de muito calor, de samba e de carnaval, de etc e tal, mas vamos deixar pra lá esse tal de fevereiro, vamos falar de março, falar das águas de março que vem fechando o verão, vamos falar de paixão e também de alegria, vamos falar de poesia na voz de Tom Jobim, de Vinícius, de Chico, e também de Nara Leão. Março chegou trazendo proposta boa, veio sorrindo a toa, veio cantando a canção que o imortalizou. E que juntos festejemos e este mês abracemos, pois ele já nos abraçou. Cícero Alvernaz (autor) 01-03-2017.

A CRIANÇA A criança brinca e fala, fala e brinca e até canta. Corre, brinca, dá risada, vê alguém e não se espanta. Corre pra dentro de casa, diz pra mãe: "olha lá fora, tinha alguém batendo palmas", mas este alguém foi embora. A criança imagina, vê coisa que não existe, depois fica sem dormir, fica com medo e triste. O seu mundo é diferente: é de encantos e de espantos. É seu jeito de criança, momentos ricos e tantos. A criança brinca e fala, conta histórias e sorri, sai do quarto, vai pra sala, e não está mais aqui. Cícero Alvernaz (autor), 28-02-2014.

O SER HUMANO O ser humano às vezes inverte tudo: Abandona a criança e supervaloriza o animal, deixa a família e cai na folia do carnaval, idolatra um artista e despreza um parente, joga fora a fruta e come a semente, chora e sorri, mas não sabe o que sente, enaltece o estrangeiro, mas abandona sua gente. O ser humano às vezes inverte tudo: Adora Maria e ignora Jesus se esquecendo que o Mestre foi quem morreu na cruz e que ele é o próprio Deus, a verdadeira luz. O ser humano muitas vezes não entende que a vida é um presente e é algo que não se vende. Quando será que a gente vai entender? Eu gostaria muito de saber. Cícero Alvernaz (autor) 28-02-2017.

UM POETA Não, ele não é poeta, não tem jeito de poeta, não fala como poeta, não se introjeta como poeta, não anda como poeta, e, principalmente, não tem cara de poeta. Mas como será o poeta? Um andarilho, alguém que anda nos trilhos esperando o trem passar? Alguém que não almoça nem janta e que se espanta quando vê um passarinho? Alguém que vaga sozinho cabisbaixo numa estrada? Um poeta é apenas alguém que se divide e se multiplica, alguém que se aplica e constrói os seus versos numa folha de papel. Um poeta é alguém que vive na terra, mas seu pensamento está no céu. Cícero Alvernaz (autor) 26-02-2017.

SUA FOTO Sua foto olhei, a você cobicei, não perguntem por que, eu não sei responder. Mas eu sei que olhei, que olhei e olhei. Quanto mais eu olhava mais queria olhar. Você às vezes sorria, às vezes algo dizia... Mui linda você estava, e quanto mais eu te olhava, eu mais me apaixonava. Mas era só uma foto que ali eu pode ver. Num instante eu parei, por um momento pensei: Por que te olho assim, você nem se lembra de mim? E assim quase chorei. Sua foto olhei, tanta coisa pensei que nem sei bem o que. Te olhando assim eu não pude entender, nada pude fazer, desejei ter você. Cícero Alvernaz (autor)

MINHAS ROUPAS Minhas roupas cobrem meu corpo, me dão estilo e liberdade, me dão segurança pra ir e vir, seja na roça ou na cidade. Mas tem gente que anda sem roupa, principalmente no carnaval. Eu não sei como conseguem e acham isto normal. Minhas roupas revelam meu jeito, minha forma comum de viver. Revelam a minha conduta, o que eu gosto de fazer. Eu sei que muitos discordam, mas as roupas fazem parte, elas refletem e falam, com seu poder, sua arte. Cícero Alvernaz (autor) 26-02-2017.