COISAS Quero escrever sobre coisas, palavras com as quais me afino, substantivo feminino, coisas que ficam coisando por aí, coisas coisadas que coisam e adoram coisar. Que são coisas? Tantas coisas! Coisas grandes e miúdas, coisas que são pontiagudas, coisas estranhas, confusas, coisas, coisadamente, coisa escura e transparente, coisas que mexem com a gente, coisas que vêm de repente. Quero escrever sobre coisas, mas há muita coisa no mundo! Um olhar distante e profundo, um jeito de ser e de ter, um jeito de amar e querer, um caminho que se abre, um resto de sonho no ar, vontade de ter e de amar, desejo de ser e de estar... Coisas que vêm num instante, coisas que ficam distantes e apertam o peito da gente com seu jeito, seu calor. A coisa mais forte que existe é sentir a presença do amor. Cícero Alvernaz (autor) 10-03-2018.
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Mostrando postagens de março 4, 2018
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BRINCADEIRA Brincadeira, descontração, contar piada sem falar palavrão, dar risadas até se cansar, alguns chegam a rolar no chão. Brincadeira, jogar conversa fora, falar do tempo e depois ir embora, contar histórias que o tempo não extingue falar do tempo quando se usava estilingue. Brincadeira, falar de coisa séria, falar de outros tempos no passado, brincar, depois sorrir, olhar de lado, e viver esse instante apaixonado. Brincadeira, descontração, dar risada de todos e de tudo, ficar sério depois, porém, contudo, sentir bater bem forte o coração. Cícero Alvernaz (autor) 10-03-2018.
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DEPOIS... Depois vem o vento e a chuva cai, o livro se abre, suas folhas se abraçam, o riso se fecha, a boca se abre, o sonho se cala, há vozes na sala, há sons pelo ar... Depois, o sol se escurece, a terra estremece, o homem se entrega, casal se esfrega na noite sem luz, na rua escura, no templo do amor. Depois, o sim vira não, e bate apressado qualquer coração, palavras se ouvem no espaço da noite, ao longo da estrada pela madrugada que é longa e fria, também a poesia enfim reaparece qual canto ou prece, qual sonho, canção. Depois, o dia amanhece, o sol aparece queimando a terra, o homem se volta e olha pro lado sozinho, calado, se vai pro trabalho, a vida é doce, o dia é morno, o amor se escondeu. Depois, no mesmo compasso, te dou um abraço, me sinto mais eu. Cícero Alvernaz (autor) 09-03-2018.
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A PORTA ABERTA FICOU Jesus trocou a glória pela cruz, o trono pelo sofrimento, a alegria pelo lamento, o riso pelo choro, o amor pelo ódio de seus irmãos, sua glória pela crucificação, o escárnio pelo perdão, a morte pela ressurreição, o sofrimento pela glorificação, a dor pelo arrebatamento, seu sangue pela salvação. Jesus trocou o bendito pelo maldito porque está escrito: "pelas sua pisaduras fomos sarados e tudo agora está consumado". Jesus tudo trocou, foi humilhado e se humilhou quando na cruz exclamou: "tudo está consumado" e o véu do templo de alto a baixo se rasgou. Para nós, sim, e para todos, a porta aberta ficou. Cícero Alvernaz (autor) 09-03-2018. Mogi Guaçu, SP.
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PRESENTE Ganhar um presente e não gostar, fingir que gostou e até adorou para satisfazer o amigo, ou a amiga que lhe deu tão nobre arte, fazer assim sua parte e ao mesmo tempo fugir da briga, escapar da discussão e ficar de bem com todo mundo e acalmar o coração. Ganhar um presente e não gostar, mas ter que calça-lo, ou vesto-lo e desfilar por aí tranquilo com ares de quem gostou. Presente, eu sempre disse primeiro: o melhor presente que existe, e que não deixa ninguém chateado nem triste: é dinheiro. Cícero Alvernaz (autor) 09-03-2018.
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PELA JANELA DO TREM Pela janela do trem vejo o tempo a correr e a saudade de alguém mais aumenta o meu sofrer. Vejo nuvens apressadas pelo céu a caminhar, vejo pastos e boiadas e me ponho a pensar: -O que faço nesta vida neste trem a viajar? Como dói minha ferida, que não quer cicatrizar! Sinto um momento de calma que não posso explicar, doce paz me invade a alma e consigo me acalmar. Pela janela do trem a vida sorri para mim e a saudade de alguém breve terá o seu fim. Cícero Alvernaz (autor) 22-06-2006. *Publicado no Jornal Gazeta Guaçuana.
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CÃO DE RUA Aquele cãozinho de rua, não sabe dizer sim, nem não. É apenas um cão que continua pela rua, sem razão. Fareja o vento, a brisa, e faz no poste o seu xixi, late e chora se alguém o pisa, e vive daqui para ali. Se alimenta se alguém lhe dá comida, dorme sozinho em qualquer lugar, vive assim a sua triste vida sem ter onde morar. Assim também, sem esperança, vivem muitos por aí, velhos, idosos, crianças vivem daqui para ali. Eu não sei o que é mais triste, nem sei o que causa mais dor. Mas eu sei que ainda existe muita falta de amor. Cícero Alvernaz (autor) 08-03-2018.
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JILÓ Todo mundo sabe que jiló é amargo. E muitos dizem, se referindo a alguma coisa amarga: "é mais amargo do que jiló". Mas tem muita coisa mais amarga na vida. Uma das mais amargas é emprestar dinheiro para alguém e não receber, enfrentar cachorro bravo, pular cerca fugindo de algum animal e ser xingado sem nem saber o motivo. Tomar ônibus errado, levar fora da namorada, passar uma noite em claro, discutir com vizinho, tomar café frio, ficar sem dinheiro no final do mês, ser interrompido por alguém quando está escrevendo, bater na porta errada, atravessar estrada sem sinalização e namorar à força ou por obrigação. Jiló é um doce perto de certas coisas que temos de enfrentar e "degustar" no dia a dia. Portanto, continuemos comendo jiló, que não é tão amargo assim e é muito bom para a saúde. (01-03-2018) Autor: Cícero Alvernaz.
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AMIZADE Imagina a nossa amizade tão antiga e tão recente, duas crianças de repente resolvem ser amigas. Fazem uma espécie de pacto, com o olhar e com as mãos estendidas unem suas vidas e se prometem serem amigas, serem fiéis, mesmo com o revés que a vida costuma ter. Se olham e se unem como duas flores exalando perfume, como dois sóis, dois girassóis, e num momento todo o mundo tão grande e tão profundo testemunha essa união de dois corpos em um só coração. Cícero Alvernaz (autor) 05-03-2018.