15 ANOS

Ela fez 15 anos e no dia de seu aniversário chorou feito criança. Não gostou do bolo e nem dos presentes que ganhou. Disse que ninguém a entendia e que estava infeliz. A gente quase chorou junto com ela. Entretanto, pouco depois “o sol voltou a brilhar” e ela se recompôs e foi ajudar a servir o bolo que afirmou estar uma delicia, agradeceu os presentes e disse que estava muito feliz. Depois dançou aquela valsa e sorriu muito. Sorriu o sorriso mais lindo de sua vida. Todos lhe abraçaram, beijaram e lhe deram os parabéns.

Ela fez 15 anos, mas ainda parece uma criança. Por mais que ela queira se sentir moça, dona de seu nariz e de seu coração, ei-la pouco mais que uma criança! Uma criança crescida e muito bonita. Mas ela é moça ou é criança? Talvez seja uma adolescente. Mas como definir uma adolescente? Às vezes ela é uma moça bonita, culta e inteligente. Gosta de ler, namorar, estudar e passear. Lê romances e poesias. Lê até os clássicos de Machado de Assis e adora as poesias de Drummond – tanto que até chego a acreditar que ela é realmente uma moça, uma pessoa adulta. Mas, de repente eu a vejo tão diferente, tão infantil... E fico sem nada entender.

Ela fez 15 anos e ás vezes se irrita e chora por qualquer coisa. Depois se recolhe em seu quarto e fica ouvindo música. Fica horas nesse deslumbramento, nesse recolhimento perdida ao som, alheia à vida. O mundo lhe parece pequeno e ela, na ânsia de descobrir novos mundos, fica horas ensimesmada perdida em seu mundo jovem e multicor, talvez à procura de algo que eu nunca soube exatamente o que é. Mas sei que seu jeito tão complexo preenche toda a casa e traz um colorido dos mais lindos e tem um quê de doçura e encantamento que eu não sei descrever.

Ela fez 15 anos. Está começando a viver! Que ela distribua ao longo de sua vida seu sorriso tão lindo, seu jeito tão doce e gentil. Que ela, sendo criança espalhe carinho, sendo adolescente viva o seu sonho e sendo “quase” adulta, transmita paz na esperança de construir um mundo melhor.

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