Cícero Alvernaz

O SORVETEIRO O sorveteiro na praça espera o seu freguês e torce para que faça bastante calor para vender todo o seu sorvete. O calor está demais, mas o dinheiro está de menos, muita gente quer comprar, mas não pode. Às vezes um real faz falta e, nesse caso, deixa o sorvete pra outro dia. Mas tem gente que chupa até dez sorvetes e ainda quer mais. Eu prefiro de milho verde e de leite condensado, gosto mais do sorvete cremoso. O sol se esconde um pouco, o povo se espalha pela praça e o sorveteiro fica sozinho torcendo para o sol voltar. A dança das horas leva o dia e a tarde chega levando também o povo da praça. O sorveteiro vai embora feliz por ter vendido quase todo o seu sorvete. (29-12-2018)

TRISTEZA Tem dia que bate uma tristeza, mas não é uma tristeza qualquer, não é falta de comida e nem falta de mulher. É uma tristeza que fica, é algo que não se explica com palavras e com gestos, com desejo de explicar. Não adianta falar e nem tentar explicar o jeito dessa tristeza, seu perfume, sua cor, pois isto ninguém consegue, não é ódio, nem rancor. Tem dia que bate uma tristeza que não tem jeito, nem graça, mas depois de algum tempo essa tristeza passa. Cícero Alvernaz (autor) 29-12-2018.

FIZ UM SONHO Fiz um sonho, construí saudade, olhei a distância e fiz meu caminho. Desenhei meu chão e nele pisei, minha vida então marquei e depois olhei o céu, fiz rabiscos num papel e tentei fazer um verso que não pude terminar. Me enchi de esperança e então me fiz criança num momento sem querer, numa hora que se fez sem querer, sem me dizer. Fiz um sonho bem alegre e risonho, fiz carinho, amizade, construí saudade, olhei a distância e fiz meu caminho por onde passei, depois me quedei pensativo e sozinho. 27-12-2018

MEU AMOR Meu amor é um vento, é um sonho, é um lenço, meu amor é tudo que invento, meu amor é tudo que penso. Meu amor é um sorriso que nos lábios vi nascer. Meu amor é um aviso que não posso esquecer. Meu amor é uma chance que eu devo aproveitar. Meu amor é um lance que nasceu em um olhar. Meu amor é um carinho que eu gosto de expressar. Meu amor é um jeitinho que eu tenho de falar. Meu amor é uma flor que aqui desabrochou. Meu amor é uma cor que em meu coração ficou. Cícero Alvernaz (autor) 26-12-2018.

ENCONTRO -Se você quiser a gente pode se encontrar. -Claro que sim, eu quero. -Te espero depois das duas horas na praça, está bom pra você? -Sim, está bom. Ele foi ao local combinado, na hora marcada, mas ela não tinha chegado. Ele olhou em volta atento e ansioso, mas não a viu. Esperou um pouco, se sentou e continuou esperando... -Oi! Demorei? -Não muito, só umas três horas. -Me desculpa. -Tudo bem, senta! Os dois se entreolharam calados e ele percebeu que ela estava diferente, bem diferente. - Você está diferente! -Você também está. -Estranho isto... -Como assim? -Você é você mesma? -Sim, e você? -Acho que a gente se enganou. Devo ter marcado encontro com outra pessoa. -Também estou achando... Por fim, aconteceu isto que o leitor já deve estar pensando. Dois casais marcaram encontro no mesmo local, mas um casal não foi e quem acabou se encontrando foi quem marcou com o outro. Que confusão! Cícero Alvernaz (autor) 26-12-2018.

DOU GRAÇAS A DEUS Dou graças a Deus pela inspiração, pela paz, pelo pão, pelo olhar de um irmão. Dou graças a Deus pelo arroz e o feijão, pela respiração, pelo amor, pela flor, pelo sol, pelo dia, e também pelos versos da minha poesia. (26-12-2018)