À ESPERA DE UM MILAGRE


Sentado no banco de uma praça,
Olhar perdido buscando algum sonho igualmente perdido,
Ei-lo quieto numa tarde como outra qualquer.
Quem passa não o vê
E se o visse certamente não entenderia seus dilemas e suas dores.
Um vento cisma na tarde quente e transparente.
Somente o céu se abre como braços de mãe
Para o acolher.

As horas passam devagar e inexoráveis.
Daqui a pouco será noite
E o sono lhe virá fazer companhia,
E os sonhos aparecerão inundando de luz
Sua triste estrada.
Mas, ainda é dia e as pessoas circulam pela praça
Com suas dúvidas e anseios.
Pássaros retardatários revoam
Talvez buscando seus ninhos.
Em bandos eles vão felizes.
A vida flutua e paira nua sob o olhar do sol
Que aos poucos vai se escondendo...

Nesse momento de enlevo
Dir-se-ia que houve um encontro e uma inevitável despedida.
Quem virá depois recolher o que restou do dia?
As folhas pousam no chão,
Formando um tapete colorido e natural.
Nesse cenário aparentemente vulgar
Alguém espera algo fitando a distância
Que parece não ter fim.
Por quanto tempo ainda ficará assim?
Sua expressão é de calma e resignação.
Ele não sabe o que lhe reserva o minuto seguinte,
Mas crê que algo muito especial vai lhe acontecer.

Um homem só queda tristonho
Sentado no banco de uma praça.
Ele há muito tempo espera um milagre
E poderá esperar ainda por muito tempo
Enquanto recolhe estrelas recém caídas no chão.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

POEMA DA LAVADEIRA

ZONA RURAL