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Mostrando postagens de janeiro 17, 2016
CAFUNÉ Eu hoje acordei com sono, mas não era um sono normal. Era um sono de nostalgia, um sono de abandono, vontade de me jogar no chão, desejo de abrir meu coração e agradecer a Deus por mais um dia. Eu hoje acordei pedindo colo, mas não era um colo qualquer: era um colo de mulher acompanhado de carinho e cafuné. Eu estava mesmo com sono, mas não era um sono qualquer: era um misto de carência e de fé. Eu hoje acordei bem diferente, acordei, mas continuei dormindo, como quem não acorda direito. Fiquei estranho, me senti vermelho, depois me olhei bem no espelho, me vi assim tão diferente, sentindo algo a apertar meu peito. Cícero Alvernaz (autor) 22-01-2016.
AFRODISÍACO Nunca se procurou tanto pelos afrodisíacos como agora! Com a liberdade ou liberalidade sexual, inclusive via meios de comunicação, a busca pelo sexo ou pela satisfação sexual só tem aumentado. E como a oferta é grande, a procura também aumentou e se intensificou. Mas é preciso estar preparado ou se preparar para essa prática, afinal só teoria não satisfaz. E tome afrodisíacos! Muita propaganda e vendas livres, inclusive para menores, que também já não se garantem mais. Já não se faz menores como antigamente. E os maiores estão cada vez mais animados ou assanhados quando o assunto é sexo. Muita oferta, muita guerra de informações, muita mentira e perigo à vista. Mas isto já era esperado e hoje não é mais criticado nem condenado por ninguém. A primeira vez que eu ouvi a palavra "afrodisíaco" eu pensei que fosse a raça de algum macaco originário de algum país da África. Cá entre nós, nada contra os macacos, mas dizer que eles foram gente e que agora nós somos macaco
TEMPO PERDIDO Perdeu-se o tempo, o tempo se foi, ficou escondido na folha caída, nas haste perdida, no carro de bois. O tempo perdeu-se na força do vento que veio teimoso num dado momento. Alguém procurou, mas não encontrou. É tempo perdido sair à procura do tempo perdido. Não vai encontra-lo, não vai abraça-lo, é tempo perdido. Melhor esquecer do tempo, da hora, depois ir embora e não mais voltar. O tempo perdido não quer se encontrar. Cícero Alvernaz (autor) 21-01-2016
REMINISCÊNCIA Desencavando o passado, histórias perdidas, mas não esquecidas, enferrujadas pelo tempo e sua ação destruidora, o homem durante a sua vida persegue e ás vezes consegue algum sucesso na sua busca pelas reminiscencias. Ele para, assunta, imagina, puxa pela memória, toma mais um copo de água e desata a sua mágoa, lembranças de um tempo bom que, na verdade, não era tão bom assim. Tempo das vacas magras, de amarrar cachorro com linguiça, tempo de segurar a calça com imbira, de dividir o almoço com o amigo para ambos não morrerem de fome. Mas era um tempo de pureza, quando não havia tanta safadeza como existe hoje. Não havia bandidos e havia lei. O cidadão tinha proteção, não tinha ninguém nos seus calcanhares. Tempo dos militares, disciplina e ordem, ordem e progresso. Mas a história chega até os nossos dias e muda, transmuda e hoje é um "Deus nos acuda", uma correria sem fim e sem conta para pagar as contas. A água subiu, a força subiu e a i
 MENINO LEITOR, FUTURO ESCRITOR  Quando eu era criança pequena lá no interior de Minas  eu queria ler e não tinha nada para ler.  Ou melhor, só tinha os livros da escola, que eu já tinha lido e relido  e a Bíblia, que eu lia diariamente.  Mas eu queria ler coisas diferentes,  aventuras, piadas, poesias, alguma coisa nova.  Não tinha nem jornal para ler e nem bula de remédio.  Mas eu queria ler mais, além dos itens citados.  Ler o que?  Eu lia o que aparecia: placa de carro, propaganda,   lata de gordura ou de farinha,  lata de querosene jacaré, qualquer coisa.  Às vezes acontecia de meu pai comprar sabão em pedaços  e vinha embrulhado num papel de jornal.  Assim que chegava eu desembrulhava e ia ler,  mas acontecia que antes de terminar a notícia ou a história o papel acabava.  A frustração era indescritível.  Hoje, eu não só leio a vontade como também escrevo e,  felizmente, tem muita gente que me lê. Cícero Alvernaz (autor) 21-01-2016
ESQUIVO Quem muito se apequena sai de cena, se envenena. Quem fica muito escondido fica invisível, perdido, fica intangível, sumido, fica estranho, fica esquivo, e não pode ser achado. Quem muito se apequena, vira espuma, vira pena, e passa pro outro lado. Quem muito se apequena na verdade não existe, fica escondido, sozinho, como um pássaro em seu ninho. É preciso aparecer e falar, também crescer, é preciso se enturmar. Pois quem muito se apequena pode sumir feito pena e não pode reclamar. Cícero Alvernaz (autor) 21-01-2016
GENTE CALOTEIRA A conta só desconta, desaponta e deixa a gente tonta. Mas quem não faz conta? Eu faço, tu fazes, ele faz, nós fazemos, vós fazeis, eles fazem. Mas tem gente que faz conta e depois não paga. É tão terrível isto que parece uma praga. Fico pensando em quem vende ou empresta pra essa gente, pois fica de repente no prejuízo. Gente caloteira, sem juízo, sem amor e sem bondade que tem a capacidade de fazer uma coisa desta, que todo mundo detesta, mas tem que aturar. Deveria ter uma lei que punisse essa gente, mas isso tudo é banal e vil, afinal, nós estamos no Brasil. Cícero Alvernaz (autor) 20-01-2016.
CELEBRIDADE Celebridade hoje está na moda. Alguém já disse e escreveu: "Qualquer Zé Mané hoje é celebridade". Mas eu quero saber o que é uma celebridade. O que a pessoa tem de fazer para ser uma celebridade? Tem que matar um leão por dia? Tem de tomar banho na água fria? Tem de lavar as louças, seca-las e limpar bem a pia? Tem de escrever algum livro? Ou tem que rebolar em algum canal de televisão, com pouca roupa? Sei lá, eu não sei, só sei que eu não sou celebridade. Na verdade, eu nem sei se sei o que sei. Geralmente me identifico como poeta, escritor e jornalista, mas ás vezes penso que não sou nada disto. Na verdade, eu nem sei escrever direito. Às vezes tenho que recorrer ao Google e não tenho vergonha de dizer isto. Eu não quero ser uma celebridade, elas devem sofrer muito, carregam um peso muito grande nas costas, se não bastasse o tamanho da palavra: c e l e b r i d a d e. Não quero ser, prefiro ser eu mesmo. Se eu fosse uma celebridade não estaria escrevendo este c
O PORTÃO DA RUA O portão da rua é a serventia da casa. Se estiver fechado você poderá abrir para entrar e pra sair. O portão tem a sua serventia, seja de noite ou de dia. É um entra e sai de gente e até de animais. Mas tem gente que não entra: só bate para pedir algo, para vender alguma coisa, para oferecer alguma coisa, para fazer proselitismo anunciando uma nova fé, um novo caminho... O portão, mudo e surdo, só observa o entra e sai. Nunca reclama, nunca resmunga, nem sequer faz barulho. O portão tem orgulho de ser tão importante. Sem ele ninguém entrava nem saía, ninguém comprava, nem vendia. Desconfio que o portão, todo dia, conversa em silêncio com a rua. Cícero Alvernaz (autor) 18-01-2016,
Eu nunca gostei de fazer comparações, mas gosto de analisar o contexto. Quanto alguém faz alguma crítica ou tece algum mau juízo de alguma coisa ou de alguém, eu fico imaginando se isto fosse comigo e ás vezes recebo preciosas lições. É fácil falar e até comparar pessoas, ações e atitudes soltas que acontecem pela vida afora, mas quando estamos envolvidos, a situação é vista de outra maneira. Julgar é fácil e até parece louvável, mas quando nos colocamos diante de um juiz então percebemos que não é tão simples. Certa vez fui acusado de plágio - coisa que eu jamais faria - e mesmo provando que nada aconteceu alguém ainda insinuou que "pode ser que não foi bem assim". Eu produzo muito e tenho prazer em faze-lo às vezes até diariamente, por que razão eu iria aproveitar de algo que não é meu? Nada ganho com o que eu faço a não ser o prazer de criar, de ver e saber que tantos gostam e se sentem bem com as minhas produções. Vamos deixar que no tempo certo o Grande Juiz faça o julga
O QUE VOCÊ TOMA? Alguém me perguntou o que eu tomo, talvez pensando que eu tomasse alguma coisa, digamos, proibida, para escrever como eu escrevo, para falar como eu falo, viver como eu vivo, amar como eu amo, correr como eu corro, mesmo fazendo parte de um povo que, via de regra, pouco escreve e pouco lê. Eu não quis responder sem primeiro pensar. Eu poderia responder, simplesmente: eu não tomo nada, ou eu tomo tudo, eu poderia ficar até mudo, pois este é um direito meu. "Só falo na presença do meu advogado". Mas eu não tenho advogado e nem sou advogado, mas eu preferi responder ao invés de ficar calado. Alguém me perguntou o que eu tomo. Pedi uns momentos para pensar, pois eu não o queria assustar e nem mentir ao falar. Eu disse: bebo água, suco, raramente tomo refrigerante, tomo café diariamente e depois escovo os dentes, não tenho nenhum sinal de louco, também tomo água de coco e suco de uva integral. Pelo que se vê, não tomo nada que me
FALIMENTAR Educação falimentar, meio ambiente sem bem estar, rios sem mata ciliar, cabeças sem raciocinar, festas sem o povo se alegrar, riso sem os dentes mostrar, viagem sem querer chegar, noiva que não quer se casar, moça que não deseja namorar, rapaz que não quer se enturmar, governador que não quer governar, prefeito que não quer administrar, criança que não quer brincar, história que não quer se contar, luz que não quer clarear, tudo assim a se esquivar sem sorrir e sem chorar, sem com nada se importar. Cícero Alvernaz (autor) 17-01-2016.