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Mostrando postagens de junho 10, 2007

TALVEZ SEJA MELHOR CHORAR

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Ao ver tantas desavenças Eu fico a pensar: Com tanta crise e descrenças Talvez seja melhor chorar. Chorar como uma criança Que perdeu o seu brinquedo, Chorar sem esperança, De tristeza ou de medo. Chorar discretamente, Sozinho, bem escondido, Cabisbaixo, descontente, Com o coração partido. Chorar como um menino Perdido em erma estrada, Sem norte e sem destino, Sem lar e sem pousada. Qual ave que vaga sem ninho E teme a chegada da noite... Qual condenado sozinho Sentindo o peso do açoite. Chorar, enfim, sem razão, Sentindo a dor do momento Com lágrimas caindo ao chão Levadas na força do vento.

EVANGELHO

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A história se repete, Já de longe se avista Quando o povo no deserto Seguia junto, bem perto, O profeta João Batista. Evangelho de boas notícias Que toda alma redime Como auréola de luz Na presença de Jesus Vem alegre, vem sublime. A alma, embora triste, Não suporta, não resiste, Este som que vem do céu. E então se descortina Pela presença divina E penetra além do véu. O arauto vem trazendo Doces novas de perdão Pelo som do Evangelho Que transforma o homem velho Numa nova criação. Palavras lindas que soam Com imensa emoção Como o som de um instrumento Traduzem neste momento Paz a qualquer coração.

FOME

Fome não é apenas falta de comida, É também falta de alegria, Falta de amor e de poesia, Ausência de carinho, solidão. Fome às vezes é falta de perdão. A falta de alimento se resolve Com um prato de comida num instante. A falta de amor, porém machuca, Faz a alma sofrer e preocupa, Trazendo dissabor ao ser amante. Ser amado é tudo que eu quero, Mesmo que eu não tenha alimento. Prefiro uma luta desigual, Passar necessidades, viver mal, A padecer sozinho ao relento.

APENAS UM OLHAR

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Foi apenas um olhar. Em principio discreto, medroso, quase infantil. Um olhar que poderia ter sido facilmente esquecido, ignorado, apagado. Mas, assim como as luzes da cidade se acendem aos poucos, assim como as flores aos poucos se abrem e por fim embelezam o vale, esse olhar se multiplicou. Foi numa tarde que poderia ter sido como as outras. Tarde de sol gostoso e um vento manso, suave e carinhoso. Tarde de crianças brincando no parque sob o olhar atento dos pais. Tarde de passarinhos felizes cantando tão livres! Tarde de sonhos por sobre a relva verdinha que recebe o carinho de mãos e de pés... Descrever tudo isso me seria impossível em face da beleza que a tudo impregnava. Foi apenas um olhar... Um olhar diferente não obstante tímido. Um olhar que falou alto e sorriu lindo na sua mais pura expressão. Como o rio brinca com sua margem beijando as frágeis plantinhas que sorriem agradecidas, como o orvalho pousa carinhosamente sobre a relva a cada manhã, como o sol que não se cansa