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Mostrando postagens de maio 14, 2017
REVIRAVOLTA A vida dá volta, reviravolta, prende, arrebenta, e solta, castiga, instiga, e briga, promete, arremete, se mete, abraça, esculacha, amordaça, descobre e cobre o pobre, arranca a tranca, desbanca. A vida ensina, fulmina, a vida dá vida, ferida, é forte, dá sorte, é morte, assim é o fim pra você e pra mim. A vida dá volta, prende e solta, a vida enriquece, também empobrece. A vida tem ida e volta, tem reviravolta, com sua escolta protege e solta. Cícero Alvernaz (autor) 20-05-2017)
SUPERSTIÇÃO Existe mais gente supersticiosa do que se pode imaginar. Mas o que é superstição? No meu entendimento, superstição é atribuir poderes a algum ser, objeto, lenda, gesto ou oração. Existem pessoas extremamente supersticiosas que não saem de casa sem o seu objeto de proteção. Isto faz parte da vida de milhões de pessoas em nosso País nas mais diferentes classes sociais. Alguém um dia me disse: "Eu não acredito em superstição, mas na dúvida é melhor se proteger". E eu  pergunto: se proteger de que, contra que? E eis a resposta: do olho gordo, do mau olhado, do azar... E há pessoas que creem cegamente que existe proteção, por isto são supersticiosas. Tem gente que não larga o seu objeto de devoção, a sua imagem de santo, a sua correntinha, foto ou o seu galho de arruda. É o seu amuleto, a sua proteção diária contra tudo e contra todos. E, além de tudo isto, a pessoa ainda pede a proteção de Deus. Isto que eu acho incoerente, pois Deus é todo poderoso. Mas cada pessoa s
ARTE DE MOLEQUE Como eu já escrevi, eu morei um tempo à beira de uma estrada. E aquele ambiente era propício para fazer muitas molecagens e conhecer algumas pessoas. Por falar em molecagem, esses dias eu me lembrei de uma. Vou contar: Eu tinha mania de descascar laranja, cortar a casca em pedaços e joga-la em alguém usando apenas os dedos. Coisa de moleque. Numa tarde, quase noite, eu estava na beira da estrada fazendo isto a esmo. De repente eu joguei com toda força, ia pass ando um caminhão e acertei, creio eu, no rosto do motorista. Ele deu uma freada que até arrastou os pneus, parou a alguns metros e eu saí correndo quando o vi descer do caminhão e se encaminhar em minha direção com as mãos nos olhos. De tanto medo, escondi debaixo da cama. Felizmente, o motorista retornou ao caminhão e seguiu viagem. Provavelmente, ele deve ter pensado que era algo pior. E eu me salvei mais uma vez, mas fui repreendido por meu pai quando ele ficou sabendo do fato. (19-05-2017).
É PRECISO MUDAR TUDO O Brasil politica e economicamente está em frangalhos. Eu me pergunto: por que a maioria dos políticos rouba tanto? Existe uma coisa chamada Sistema que engloba tudo e facilita tudo, dá poderes quase totais aos políticos e de certa forma incentiva esse descalabro. E eles aproveitam e metem a mão literalmente. O único que poderia diminuir ou frear isto é o povo, mas o povo, pelo menos 90% do povo não está nem aí pra política. Um dia alguém me chamou de politiqueiro e eu tomei  aquilo como um elogio e um incentivo. Voltando ao assunto: com esse Sistema vigente, a situação facilita para quem quer roubar. Hoje existe imunidade, impunidade, foro privilegiado, três instâncias para recorrer e depois arquivam tudo como se não tivesse acontecido nada. Uma hora a coisa explode como está acontecendo agora. Moro não conseguiu prender Lula e agora, provavelmente, ele terá que prender dezenas de outros políticos - e aí quem sabe ele vai conseguir prender o chefe da quadrilha? É
VIGIANDO A CASA  Quando eu era criança, ou melhor, adolescente, eu vigiava a casa. A gente morava na beira da Rio-Bahia, no Município de Manhuaçu, MG, e eu era incumbido de ficar vigiando a casa. Eu aproveitava para, entre outras coisas, desenhar e escrever. Até hoje tenho rascunhos daquele tempo, ano de 1969. Às vezes saía, dava uma olhada na estrada, no movimento, para ver se vinha alguma pessoa suspeita. Depois entrava em casa fechava tudo e ficava bem quietinho olhando de alguma greta para ver se tinha alguém estranho no terreiro. E às vezes tinha! Por diversas vezes apareceu gente "feia e maltrapilha" e eu ficava olhando do buraco. Ali já nascia o observador, o poeta que até hoje "olha dos buracos da vida", escreve e desenha o amor no ar, numa folha imaginária. (17-05-2017)
MENINO ENGRAXATE Era comum ver o menino engraxate Com sua caixa e sua arte Se oferecendo todo esperançoso: “Moço, vai uma graxa caprichada?” Quando alguém lhe acenava Pedindo a sua presença e seu humilde serviço Ele ia quase correndo E prontamente abria a sua caixa Da qual retirava seus objetos: Escova, graxa, tinta, toalha... Muito carinho e capricho Para não decepcionar o freguês - E, quem sabe, ganhar a sua simpatia, E uns trocados a mais – Afinal, é plantando que se colhe! Era comum ver o menino engraxate Com seu cheiro, seu jeito e sua arte. Ele fazia parte da vida da cidade, Estava sempre na praça, E até os doutores se serviam dele, Do seu humilde serviço Enquanto comentavam algum assunto Ou simplesmente divagavam para matar o tempo. Era um tempo diferente. Tempo em que as pessoas tinham tempo. Entretanto, com o tempo o ritmo da vida mudou, E hoje procuro o menino engraxate Que perambula por aí sem rumo e sem destino. Ele é uma sombra, uma vaga lembrança, Alguém que, com su
MIRAGEM Às vezes passo por lá E no afã de matar a saudade fico olhando tudo. Relembro coisas lindas que nos aconteceram, Tento reconstruir nossos momentos, Mas me perco na sombra do passado Que cada vez vai ficando mais distante. O mesmo cheiro ainda impregna o ar na tarde pesarosa, Ele vem no vento que passa nas folhas e nas flores Numa espécie de lembrança e sonho, Saudade e resignação. Às vezes passo por lá e vejo nosso lugar preferido, Relembro nossos segredos mais escondidos, Nossa vontade mais louca e pura, Nosso desejo mais forte e profundo: Coisas pequenas que ficaram indeléveis e marcaram, E ainda brincam com o nosso sentimento... Uma planta que você regava, o carinho que você demonstrava, Seu jeito todo especial de fazer exatamente tudo o que eu mais gostava. Às vezes passo por lá e chego a te ver com seu corpo pequeno E seu grande coração. Te vejo e tento relembrar o seu sorriso, Tento perceber seu gesto, sua fala, seu jeito... Mas você não está! Foi só uma miragem,
APRENDIZADO Eu sei e não sei. Às vezes penso que sei e até aposto que sei, mas depois chego a conclusão que não sei. Eu sei e não sei. Não sei se a vida é assim ou se fizeram pouco caso de mim. Não sei se sei e nem sei se um dia saberei, mas sei que é possível saber, é possível viver, é possível crescer, é possível dizer o que sabe e reconhecer que não sabe. Por isto eu sei que não sei o que penso que sei e que jamais saberei, mas a vida é um legado, é um longo aprendizado. Disto eu sei. Cícero Alvernaz (autor) 15-05-2017.
PROVOCANTE Tem gente que gosta de provocar e esta palavra está na moda hoje. Existem vários tipos e formas de provocar alguém. Existe o sentido negativo e o positivo. Provocações fazem parte do dia a dia e nem sempre são bem digeridas por aquele que é provocado. Geralmente quem gosta de provocar não gosta de ser provocado. Mas isto pode ser saudável se for bem aceito, digerido e entendido. Quando alguém diz: "vou fazer uma provocação" pode esperar que lá vem coisa. Eu gosto  mais de ser provocado do que provocar. E às vezes aproveito para usar a minha ironia e acabo também provocando. Altos papos! Falar de coisas difíceis e estranhas, histórias tamanhas que ninguém nunca jamais contou. Descobrir e redescobrir fatos, boatos, relatos e documentos, causos antigos, probabilidades. Provocante pode ser algo bom e bonito de se ver, algo que mexe, remexe e deixa muita gente zarolha, mas é bom de se ver e de sentir, mas a melhor provocação é aquela que insinua, eleva e pode melhorar
SOMOS ASSIM Somos assim: um galho pendente que se encurva, do chão bem rente, somos o frio que corta e fere somos o sol que queima a pele somos a chuva que invade a casa, somos o pássaro que voa sem asa, somos o rio que desce sem pressa, somos o verso: eterna promessa, somos o livro sozinho na estante, somos na estrada algum viajante, somos qual nuvem que além se desfaz e em meio à guerra pregamos a paz, somos o sonho de um dia que nasce, somos o riso que enfeita a face, somos o choro que vem sem aviso e leva pra longe a paz de um sorriso, somos a estrada, o barco que vai, somos a fruta madura que cai, somos a flor que nunca reclama, somos o amor no peito que ama, somos a tinta que enfeita a parede, somos a fome, somos a sede, somos assim, somos enfim: feliz recomeço, princípio e fim. Cícero Alvernaz (autor) 14-05-2017.
OS CEM ANOS DE MAZZAROPI Já dei muitas e boas risadas assistindo os filmes do Mazzaropi. Neste ano de 2012, o genial, talvez o maior humorista brasileiro, está completando 100 anos de nascimento. Amácio Mazzaropi nasceu em São Paulo no dia 9 de abril de 1912, e morreu nesta mesma cidade no dia 13 de junho de 1981, aos 69 anos. Não quero aqui fazer um histórico ou escrever uma biografia da vida deste artista, mas quero apenas fazer um comentário sobre o que ele representou e representa, principalmente para as gerações passadas que tinha no cinema o seu maior entretenimento. Os filmes ainda eram em preto e branco, mas ninguém ligava para este detalhe, todos queriam ver e se deliciar com as trapalhadas do engraçadíssimo Mazzaropi. Ainda hoje, esses filmes fazem muito sucesso até entre as pessoas mais jovens que têm a oportunidade de rever aquelas cenas que, apesar de simples e prosaicas, refletiam uma realidade da época que muitas vezes acontece até nos dias de hoje, principalmente qua
MINHA MÃE Minha mãe era linda. Era pequena, morena, de olhos verdes e muito esperta. Ela teve sete filhos em dois casamentos. Ficou viúva aos 27 anos e se casou com meu pai que era dois anos mais novo. Que eu saiba, ela pouco estudou, mas gostava de ler, principalmente a Bíblia que lia diariamente mesmo depois de ficar doente. Minha mãe corrigia seus filhos (naquele tempo se podia corrigir os filhos) e dava exemplo de uma mãe dedicada e amorosa. Alguém que se preocupava até c om os detalhes, enfim, com tudo que envolvia a nossa vida. Era uma mãe presente, às vezes até insistente e repetitiva, do tipo: mãe que espera o filho no portão e quer saber por que ele demorou tanto a chegar. Minha mãe gostava muito de cantar, talvez seja esta a lembrança melhor que eu tenho dela. E acabou legando isto aos filhos, todos cantores e adoradores. Espero que estas palavras toquem, de certa forma, os meus raros leitores. (14-05-2017.