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Mostrando postagens de setembro 6, 2015
O CACHORRO DO VIZINHO O cachorro do vizinho chora, grita e lamenta, daqui eu fico ouvindo o seu choro, o seu grito, e às vezes me irrito, mas a gente sempre aguenta. O cachorro do vizinho lembra bem minha poesia, com seu uivado tão triste reflete a minha tristeza, meu momento de incerteza que me ocorre todo dia. Seu choro é de carência, falta da dona, do dono, falta talvez de carinho, pois ele fica sozinho, fica a tarde inteirinha sozinho no abandono. Eu também fico sozinho, às vezes pedindo socorro, sinto falta de alguém, sinto falta do meu bem e assim passo meus dias como se fosse um cachorro. Cícero Alvernaz (autor), 10-09-2015.
OLHANDO SUAS FOTOS Olhando suas fotos me transporto e me vou. Vou-me embora para onde o sol esconde a sua face, como um pai e como um filho fico olhando o seu brilho, fico olhando, fixando, suspirando... Olhando suas fotos eu me entrego e me nego, me encarrego desapego, fico em êxtase, me escondo, reapareço, e me esqueço no espaço, e mergulho nos seus braços que me abraçam, me enlaçam e me prendem. Olhando suas fotos eu me vejo em você, e me despeço, e te peço: vem pra mim! Depois fico concentrado enlevado, sem saber o que vai ser, nem o que será de mim... Olhando suas fotos eu me sinto num jardim. Cícero Alvernaz (autor), 10-09-2015.
SEGREDO Não existe segredo, Só existe o medo de contar algo errado, escondido, antiquado, que todo mundo já sabe, mas prefere não falar. O que existe é um drama na vida de quem se esconde, e inventa toda trama para não se revelar como se fosse possível algum segredo guardar. Segredo é só um momento que não se pode contar, alguma coisa escondida difícil de revelar. Com o tempo, entretanto, sem medo e sem espanto tudo vai manifestar. Não existe segredo, ninguém guarda o que não há. A vida é um livro aberto, não há como esconder, pois é mui grande a tortura e bem maior o sofrer. Cícero Alvernaz (autor) 08-09-2015.
CAFÉ Vou fazer um café, vou coar um café, vou passar um café, o certo qual é? Vou tomar um café, vou tomar dois até, vou beber um café, vou tomar meu café. Pra que tanto café se o que manda é a fé? Eu deitado ou de pé sou apenas um zé. Vou servir o café pra quem gosta e qué, pro João, pro Mané, meus amigos de fé. Cícero Alvernaz (autor), 09-09-2015.
ELA SE OLHA NO ESPELHO Ela se olha no espelho, é pouco mais que menina, se vê diante da vida que apenas começou. Se olha, sorri, faz careta, vê seu rosto avermelhado, vê seus olhos espantados, cabelo despenteado, e o corpo desarrumado. Ela se olha no espelho, é pouco mais que adolescente, ou quase adulta, quem sabe! O espelho a cumprimenta, reflete seu corpo moreno, misto de amor e veneno, fruto doce sazonado, atração febril, agrado, sonho que sonha acordado. Ela se olha no espelho, se acha linda, e é. Pergunta algo ao espelho, mas este não lhe responde. Ela viaja pra longe nas asas de alguma canção, é criança, é menina, para e fica numa esquina, entretida e pequenina. Cícero Alvernaz (autor), 07-09-2015. Curtir     Comentar     Compartilhar
LONGA VIAGEM A gente vai aprendendo meio aos trancos e barrancos, vai levando solavancos, aprendendo com a vida. Vai correndo contra o tempo, avançando contra o vento, vai curando as feridas. E a gente vai sofrendo e assim vai pelo mundo, pisando forte e bem fundo, ultrapassando as barreiras. Vai de carro, vai a pé, vai guiado pela fé, sempre cruzando fronteiras. A gente vai pelos campos, montanhas e cachoeiras, transpondo cidades inteiras com vontade e coragem. Assim vamos prosseguindo e os caminhos vão se abrindo nesta tão longa viagem. Cícero Alvernaz (autor), 07-09-2015.
UMA PESSOA APAIXONADA Uma pessoa apaixonada é capaz de fazer qualquer coisa para ficar perto de sua paixão. Debulha milho, racha lenha, colhe café, soca arroz, varre terreiro, faz letreiro, capina de enxada, corre em disparada morro acima, morro abaixo, trabalha de pedreiro e até senta num formigueiro para ficar perto de sua paixão. Uma pessoa apaixonada é capaz de fazer proezas para ficar perto do seu amor. Arranca mandioca, dá cambalhota, colhe feijão, sobe num pé de mamão, pula corda, monta em cavalo, mesmo que ele seja bravo, come canjica, estufa, estica, lambe panela, lava tigela, trabalha de sol a sol e até dorme num paiol para ficar perto do seu amor. Uma pessoa apaixonada é capaz de fazer loucuras para ficar perto do seu bem. Anda muitas léguas no lombo de uma égua, caça tatu, vai até Manhuaçu de ônibus ou de caminhão, anda de charrete e tudo promete, anda de carro de boi, trabalha na oficina e faz poesia, e até troca a noite pelo dia para ficar