Postagens

Mostrando postagens de fevereiro 25, 2018
O AMOR O amor tem suas tretas, suas facetas e faz caretas como quem bebeu alguma coisa amarga. O amor não me larga, mas eu sei que ele não gosta de mim. Eu sei que isto é capricho dele. O amor é estranho, mastiga estanho, mas não o engole. O amor não confessa, nem que o esfole e o jogue contra a parede. O amor é caprichoso e maltrata o ser amoroso dependente dele. O amor não é brincadeira, mas ele gosta de brincar de esconde-esconde e vai até onde o nosso limite aguentar. O amor sabe amar, mas às vezes põe à prova o ser amado. O amor belisca, machuca, depois beija a nuca e faz um carinho diferente. O amor está na gente, mas a gente nem sempre compreende, nem entende esse estranho sentimento chamado amor. Cícero Alvernaz (autor) 03-03-2018.
CAPRICHOS DO AMOR Ela não queria, nem falar queria, nem pensar queria, nem imaginar ela queria, simplesmente não queria. Mas ele insistiu no seu palpite, ultrapassou o seu limite, prosseguiu no seu afã, acreditou no amanhã, declarou o seu amor em prosa e verso, lhe prometeu até o universo, tanto que meio sem querer, como se fosse uma aposta ela ficou de lhe dar uma resposta. Ela não queria, não queria, não queria, mas depois de pensar de ouvir e de analisar admitiu que não seria tão ruim, não seria princípio, nem fim. E assim... admitiu pelo menos conversar. Marcaram, finalmente, de se encontrar numa tarde, quase noite, tudo seria feito de repente, o amor podia brotar finalmente com seu modo, com seu jeito, e aquecer o seu peito. Mas tanto demorou a sua decisão, que o seu amado, já cansado, resolveu de antemão que não queria mais, que esperou demais... E então sem duvidar e sem pestanejar, ele  lhe disse: NÃO. Cícero Alvernaz (autor) 02-03-2018.
MORTE Se foi pra longe, ou talvez pra perto, subiu ou desceu quando morreu. Foi pra cidade, ou foi pro deserto. Morreu. Ninguém sabe o que depois disto aconteceu. Nem você, nem eu. 02-03-2018.
MARÇO Março de chuva, estou sem luva, sem lenço, mas com documento, quase molhado pela chuva que passa do meu lado formando uma rima em cima do meu corpo já fragilizado. Março de água pingando mágoa em mim deságua em forma de pranto, de acalanto na minha tarde chuvosa, tão dadivosa que pinga e respinga na aba do meu chapéu, chuva que vem direta do céu. Cícero Alvernaz (autor) 02-03-2018
POETA Me descobri poeta, me descobri de repente, me descobri versejador, versante e versado, mas durante muito tempo fiquei de lado, ensimesmado, vendo o tempo passar.  Poeta... o que é isto? Me perguntei e me olhei, mas nunca soube, nem saberei.  Minha poesia é livre, leve, solta  e às vezes absorta. Escrevo sem compromisso com rimas, métricas, ou mesmo temas ou motes. Escrevo por escrever, às vezes sem saber,  ou mesmo sem imaginar o que estou escrevendo. Escrevo como quem come e continua passando fome.  Me descobri poeta.  Pode ser que agora ninguém vai ler isto,  nem dar importância,  mas depois muitos vão ler e me entender. Por enquanto, deixa como está. Não mexa senão pode piorar.  Apenas leia. . (02-03-2018) Cícero Alvernaz (autor)
QUANDO EU ME FOR Quando eu me for, alguém continuará falando de amor. Alguém vai sorrir de manhã se juntando aos passarinhos, alguém colherá a rosa, e se espetará nos seus espinhos, alguém olhará o céu com ternura, pisará a terra com gosto, alguém lavará o rosto na água que escorre do chão e da bica, alguém acenará para quem fica enquanto uma lágrima se solta e molha o seu rosto cansado, alguém lembrará de mim e recitará algum verso meu que um dia emocionado leu numa tarde cansada e sem som. Quando eu me for alguém dirá que o meu dom sempre foi escrever e viver assim concentrado, e falará de mim com gosto, e verá mais uma vez aquilo que nunca se desfez: a minha herança, o meu legado, tudo impregnado no meu rosto. Cícero Alvernaz (autor) 01-03-2018.
POMAR Fruta no pé, fruta que cai, cheiro que vem, cheiro que vai, vem visitar o meu pomar! Vem me rever, vem me inspirar, vem me encher, vem me alegrar, vem me trazer doce lembrança, vem me fazer como criança. Fruta no pé, fruta cheirosa, tão atraente e tão gostosa, vem me envolver com teu sabor nesse pomar cheio de amor. Fruta no pé, fruta que cai, cheiro que vem, cheiro que vai, vem visitar o meu pomar enquanto a tarde sorrindo cai. Cícero Alvernaz (autor) 01-03-2018.
UM DIA Um dia você virá e então deixarei de falar sozinho e de chorar com meus problemas, escreverei usando outros temas, falarei sem problemas e escreverei novos poemas. Um dia você virá como uma sombra ou como a luz de um dia que se finda transformado em colorido arrebol. Um dia você virá como um sol, feliz, sorridente e linda. 01-03-2018.
FALA BAIXINHO Fala baixinho em meu ouvido sussurrando enquanto o vento passando leva palavras e sonhos, os momentos mais risonhos ele leva num momento, também os momentos tristonhos se vão nas asas do vento. Fala baixinho toda cheia de ternura que sou tão feliz criatura te ouvindo nesse tom. Ouvindo assim tua voz começo a pensar em nós, e este momento é tão doce quando ficamos a sós. Cícero Alvernaz (autor) 27-02-2018.
QUINTAL Estava hoje no quintal espalhando 3 sacos de esterco que comprei para, quem sabe, estercar uma futura hortinha e comecei a analisar o que é um quintal. Em geral, é terra de ninguém, com direito a guardar tranqueiras e afins. Hoje, muita gente troca o quintal por um cimentado, ou por uma piscina que, muitas vezes, serve de criadouro para os mosquitos da dengue. Mas os quintais já tiveram o seu dia de poesia, romance e, principalmente, de muitas frutas. Quintal faz part e do imaginário de muita gente e está, via de regra, inserido nas músicas e nas poesias. Roberto Carlos cantou: "Meu flamboyant na primavera, que bonito que ele era dando sombra no quintal..." (Meu pequeno Cachoeiro). Mas o quintal hoje, em geral, é simbolo de sujeira, entulhos, restos de tudo e agora está mudo assistindo inerte a sua destruição. O quintal, porém, não passou desapercebido diante deste cronista que se fez artista passeando pelos quintais da vida. Leia e reflita. (27-02-2018)
FAZ DE CONTA Faz de conta e depois me conta como é fazer de conta. Faz de conta que sorri, faz de conta que se vai, faz de conta que levanta, depois faz de conta que cai. Faz de conta e depois me diz como se faz para ser feliz. Faz de conta que ama, faz de conta que odeia, faz de conta que sorri, faz de conta que faz cara feia. Faz de conta e depois me conta como é fazer de conta. Faz de conta que é triste, faz de conta que não é, faz de conta que não sabe, mas sabe demais até. Faz de conta, faz de conta, mas não deixa de sorrir e não deixa de amar. A vida não é faz de conta, mas a gente faz de conta e tanta coisa apronta que nem consegue contar. Cícero Alvernaz (autor) 26-02-2018.
OCASO Depois o céu se toldou. Nenhuma estrela ou lua, nenhuma criatura vestida ou nua ocupou aquele espaço imenso. Tudo se escureceu qual breu e o dia de repente anoiteceu. O céu se toldou, escuro ficou de uma forma assustadora. A vida se procurou pelos caminhos da noite, mas se perdeu em meio a bruma, em meio ao ocaso que por acaso desceu. O céu se escureceu, nenhuma estrela ou lua, nenhuma criatura vestida ou nua ocupou aquele espaço imenso. Então pensei: o mundo se acabou. Mas senti meu coração bater e essa batida me reanimou. (25-02-2018) Cícero Alvernaz (autor)