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Mostrando postagens de agosto 9, 2020
  ESTOU ENVELHECENDO Hoje eu descobri que estou ficando velho. Quando cheguei da caminhada sentei na área num sofá velho, tirei o boné, depois tirei os tênis, as meias e quando ia me encaminhando para a porta da sala notei que ela estava aberta. Levei um susto e pensei em voz alta: Será que entrou alguém em casa? Quando olhei a porta a chave estava na fechadura, então me lembrei que quando cheguei eu abri a porta antes de retirar as minhas coisas. Felizmente foi só um susto e um sinal evidente de que estou envelhecendo. (10-08-2020)
  TÍMIDO Tímido não olha pra frente, não vê gente de frente, só às vezes de lado, ou por trás. Tímido fala pouco, geralmente não fala nada, não olha nos olhos, cabeça baixa, não relaxa, não brinca e raramente diz um oi. Eu já fui mais tímido e sei como é chegar perto de alguém e ficar com medo, ficar "rodeano" e não falar nada. Até pra soltar um "bom dia" é difícil. Quando aqui cheguei vindo da roça fui trabalhar de vendedor batendo de porta em porta e no começo foi horrível, d epois fui me soltando, eu tinha menos de 20 anos, mas tinha uma mentalidade de 15 anos. Foi difícil me domesticar, mas aos poucos consegui. Um dia uma "freguesa" falou que eu era bonito, parece que a terra se abriu e eu sumi, mas depois voltei e quando dei conta de mim já estava na outra esquina. A timidez pode ser uma qualidade inata, uma proteção, uma saída, uma ajuda e pode evitar muitos transtornos na vida de uma pessoa. Ainda sou tímido, mas já consigo olhar de frente e até par
  BALAIO DE MILHO Quem me conhece sabe que eu fui criado na roça até aos 17 anos. E a gente, além de outras culturas, plantava milho que é um produto muito comum em Minas para o sustento das pessoas e também para a criação de porcos, pois Minas é um Estado onde se cria e se comercializa muito a carne de porco. Mas o que o balaio de milho tem a ver com isto? A gente enchia os balaios de milho e carregava de um lado para o outro e acontecia algo interessante: os balaios ficavam  cheios e para caber mais milho a gente balançava eles, o milho se ajeitava dentro e cabia mais milho. Meu pai fazia muito isto. Na vida também acontece algo semelhante a isto: quando a gente "se enche" é preciso dar uma "balançada", que significa parar e pensar um pouco, esfriar a cabeça para não fazer uma besteira. Já fiz muito isto e sei muito bem como é. (11-08-2020)
  ASSIM VALE A PENA VIVER Quero escrever umas coisas que estão por perto tentando me invadir e depois vou sair sem rumo por aí. Mas escrever pra que? Deixa pra lá, deixa acontecer naturalmente como uma semente que germina e depois nasce. Deixa o dia passar sem me olhar, sem sequer me tocar com o sol quente que queima a gente, mas é saudável, tem vitamina D e não sei mais o que. Quero escrever umas coisas bonitas, talvez uns versos que respingam no universo do meu dia. Vou esc rever enquanto a poesia está por perto e pede para ser escrita. Vou ficar assim, mesmo que ninguém se lembre de mim, vou me ignorar como se ignora o dia e a hora e o que se passa lá fora. Vale a pena ficar assim e registrar o que acontece nessa tela e depois olhar pela janela e ver o dia lindo e o sol que brilha me convidando a sair a passear por aí. Assim vale a pena viver, vale a pena escrever. (12-08-2020)
  CIDADEZINHA DE MINAS Estive numa das muitas cidadezinhas de Minas. A primeira impressão não foi muito boa. Me senti perdido em mim, fiquei assim sem saída e sem entender bem onde eu estava. Ruas calçadas de pedras desiguais, ruas tortas com pouco movimento, comércio vazio, cidade sem perspectiva. Me sentei no banco de uma pracinha e fiquei olhando o nada e me perguntei o que eu estava fazendo ali. Na praça tinha algumas árvores e uns canteiros bem cuidados, flores com suas li ndas cores e passarinhos felizes em seu gorjeio. Aos poucos fui gostando daquele ambiente de paz que recendia simplicidade e poesia. Era uma cidadezinha do interior de Minas, mais um paraíso do que uma cidade com sua calma e o o seu silêncio, seu carinho e o seu aconchego. Aos poucos fui gostando e até me apaixonando por aquele mundo onde se respirava pureza e sonho. Levantei e fui caminhando devagar e de repente descobri que aquele espaço tão encantado era o lugar em que em sonho eu havia estado. Ali o meu sonh
  O CORAÇÃO O nosso coração é maior do que a gente. Ele bate e a gente apanha, a gente perde e ele ganha nesse jogo sem regras e sem tempo. A gente sofre e o coração também sofre, a gente chora e o coração chora mais ainda. Há uma luta, um grito que a gente não escuta, mas sente. O coração é maior do que a gente. Por isto a gente sofre e chora de repente. Cícero Alvernaz (autor) 12-08-2020
  COMENDO BANANA Banana é a fruta mais popular que existe. Sempre gostei de banana e alguém me chamava de bananeiro. Também gostava de cabritos e alguém me chamava de cabriteiro. Mas, voltando à banana, esta é a fruta preferida dos macacos e também do ser humano. Quando alguma coisa custa barato, geralmente se diz: "é preço de banana". Mas banana agora está cara, a banana maçã e a ouro são as mais caras, mas mesmo assim eu compro de vez em quando. Parece que mineiro e banana se  completam. Tem gente que pensa que mineiro só gosta de banana e de queijo, essa gente se engana: mineiro gosta de muita coisa, além de queijo e banana. Já escrevi sobre as coisas que o mineiro mais gosta e todo bom mineiro sabe quais são essas coisas. E tem também as coisas que o mineiro não gosta e quando o mineiro não gosta ele fala na cara da pessoa: "Arreda esse trem pra lá que eu não gosto disso". Se a pessoa insistir pode ter até briga e brigar com mineiro é sempre um péssimo negócio.
  É MELHOR SONHAR Quem sonha alto pode cair e se machucar, mas é bom sonhar alto, correr esse risco, pois a vida é curta e o mundo é pequeno. O sonho faz parte como uma arte no embalo da vida, nas asas do tempo, no sopro do vento que leva o sonho e deixa o vazio na alma da gente. Vivemos assim a vida que passa e vai qual fumaça e desaparece, mas deixa o sonho que nutre a vida e cura a ferida que o tempo abriu. Quem sonha alto pode cair e se machucar, mas é melhor sonhar do que viver a chorar e a se lamentar. Cícero Alvernaz (autor) 09-08-2020
  MEU PAI No corre-corre do dia você trabalhava e corria, se levantava e ia cumprir a sua missão. Meu pai, meu grande amigo, depois brincava comigo, me tomava pela mão. E a gente caminhava cheios de amor e emoção como dois grandes amigos sem rumo e sem direção. Era essa a nossa vida nosso mundo, nossa lida, nosso jeito de viver. E a gente passeava, de tanta coisa falava até mesmo sem saber. Só ficaram as lembranças desse tempo de criança que da mente nunca sai. Ainda guardo a imagem do meu amigo, meu pai. Cícero Alvernaz (autor) 09-08-2020.
  NEM SEMPRE Nem sempre o meu time ganha, nem sempre eu alcanço o ônibus que passa na estrada, nem sempre eu encontro o outro pé do chinelo, nem sempre eu encontro o martelo e a faca nem sempre está afiada. Às vezes eu saio sem chapéu, ou esqueço o documento, vou também sem lenço e até sem dinheiro. Isto faz parte da vida da minha mente esquecida, dessas coisas da vida que zombam da gente. Nem sempre encontro o meu livro na velha estante, nem sempre sou bem recebido quando vou a um restaurante. Cícero Alvernaz (autor) 09-08-2020