SOU PROFESSOR
Não quero escrever muito. Já escrevi muito na lousa da vida, no quadro negro da avenida, na alegria da chegada e no choro da despedida. Já me cansei de gritar e não ser ouvido, de pedir e não ser atendido, de gesticular e passar despercebido. Não quero escrever muito. Já escrevi a vida toda, já percorri alamedas e bosques, já preparei aula debaixo de uma ponte, já contemplei antigos horizontes e vi uma estrela que surgia solitária numa tarde fria. Já atravessei a rua sem olhar e quase fui atropelado, já me joguei de um prédio e escapei, já sonhei de dia com o sol quente, já tomei chuva, já senti dor de dente. Já acreditei mais na vida, mas a vida não tem culpa de nada. Não quero escrever muito, pois escrever cansa e tonteia e a gente faz cara feia, mas depois sorri e a tudo esquece. Minha arte, minha luta, minha vida é ensinar. É este o meu ideal e assim pelo mundo seguirei a caminhar. Sou professor. (15-10-2019)

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