OLHANDO PRA MIM
Resolvi escrever assim: olhando pra mim e pensando por que eu sou assim. Mas todo mundo é assim e assado, tanto de frente quanto de lado, por trás, de pé, ou deitado. Vejo, portanto, que não sou diferente de ninguém. Apenas trago umas marcas e umas manias da infância, ou da adolescência que se intensificaram com o passar do tempo. Umas ideias estranhas, um jeito de imaginar as coisas, uma loucura mansa, um coração que não descansa e um sorriso que não quer sair, talvez por vergonha, ou por timidez. Olhando assim pra mim não vejo nada importante a ponto de prender a minha atenção.Vejo um rosto já meio sulcado, um nariz saliente e uma boca com alguns dentes, uma barba rala e uma certa dificuldade na fala. Mas deve ter mais coisas. Deve ter algum sentimento escondido, talvez um coração ferido, um sorriso perdido no tempo, um desejo recolhido e um amor não fingido. Falar de amor é meio complicado, mas posso afirmar que já amei e fui amado, mas foi por pouco tempo. Melhor não me alongar neste assunto. Continuo me olhando e a sensação agora é diferente, me sinto mais gente, mais maduro e, de certa forma, me procuro. Sou como os versos da minha poesia. Estou feliz por viver mais um dia. (13-10-2019)

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