SORVETEIRO
Com este calor o sorveteiro passa na rua tocando a sua buzina chata e ardida que fere os meus ouvidos. Imagino os sorvetes, mas tenho preguiça de sair e comprar. Sinto que não vale a pena pegar o dinheiro, sair, abrir o portão, chamar o sorveteiro que já está quase na esquina e esperar que ele calmamente venha, abra a tampa do carrinho e me pergunte qual sorvete eu quero. Depois de fazer todas essas manobras às vezes a vontade já passou e o sorvete até já derreteu. Por isto quando eu ouço a buzina não me atrevo a ir à rua incomodar o sorveteiro. Não sei se todo mineiro é assim, mas eu sou assim. Tem coisas na vida que não vale a pena insistir e correr atrás. Já vi gente correndo atrás de ônibus e gritando "pera, pera, pera aí!". Eu nunca fiz isto, prefiro esperar o próximo a chamar a atenção da rua toda. Por mim, o sorveteiro vai ficar sem vender o seu sorvete e o "gaizero" vai se aposentar sem vender o seu gás. Mas tem gente que corre atrás e quase quebra o pescoço.
(16-10-2019) Cícero Alvernaz, autor.

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