LEMBRANÇAS DO MEU TEMPO DE CRIANÇA

Quando eu era criança ou adolescente eu não podia escutar conversa de adultos. Quando chegava alguém lá em casa eu sabia o que tinha de fazer. Eu saía quietinho e sumia por uns tempos. Geralmente eu ia pro meio do cafezal e lá ficava por uns tempos esperando a minha mãe me chamar. Quando ela demorava eu ia saindo aos poucos do meu esconderijo e às vezes ficava atrás da casa tentando escutar a conversa das visitas. Muitas vezes eu apanhei por causa disto. Minha mãe não sabia que dentro daquele menino curioso havia um poeta ainda em formação. Na verdade, eu só fazia aquilo porque eu precisava. Aquilo fazia parte da minha formação de poeta, não era só curiosidade, mas era, sobretudo, uma necessidade. Hoje a vida me moldou, mas eu continuo o menino-adolescente ouvindo conversas por aí as quais compõem, ou fazem parte dos meus escritos. A criança não é um "pequeno homem", a criança é um grande sábio que colhe a sua sabedoria diária nas pequenas coisas.

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