UM TÍPICO MINEIRO

Eu sempre gostei de explorar minhas memórias e materializar fatos antigos. Nunca fui de pegar um cavalo no pasto, montar e sair todo garboso como quem ganhou um beijo. Eu cuidava mais dos cabritos e das cabras, além de levar lavagem pros porcos e olhar no ninho pra ver se a galinha tinha botado aquele ovo para o meu almoço. Nunca fui de nadar em rio profundo, mergulhar e sumir por alguns segundos. Nunca fui de muitas peripécias e aventuras. Meu mundo era mais de meditação, desenhar alguma coisa, fazer algum verso, depois andar pelo pasto, sentar num cupim e ficar olhando a distância que se perdia. Eu era e sou um típico mineiro, muitas vezes sem eira nem beira. Gostava de observar o tempo, as nuvens, o pôr do sol e o revoar das aves em busca do seu ninho. A partir daí eu li poesias de vários autores até que me aventurei pelos caminhos do verso. E hoje é esse o meu universo. Este é um universo de muitos contos e algumas criações, sempre voltado para o palpável e também para o inexplicável.
Cícero Alvernaz

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