OS CEM ANOS DE MAZZAROPI
Já dei muitas e boas risadas assistindo os filmes do Mazzaropi. Neste ano de 2012, o genial, talvez o maior humorista brasileiro, está completando 100 anos de nascimento. Amácio Mazzaropi nasceu em São Paulo no dia 9 de abril de 1912, e morreu nesta mesma cidade no dia 13 de junho de 1981, aos 69 anos.
Não quero aqui fazer um histórico ou escrever uma biografia da vida deste artista, mas quero apenas fazer um comentário sobre o que ele representou e representa, principalmente para as gerações passadas que tinha no cinema o seu maior entretenimento. Os filmes ainda eram em preto e branco, mas ninguém ligava para este detalhe, todos queriam ver e se deliciar com as trapalhadas do engraçadíssimo Mazzaropi.
Ainda hoje, esses filmes fazem muito sucesso até entre as pessoas mais jovens que têm a oportunidade de rever aquelas cenas que, apesar de simples e prosaicas, refletiam uma realidade da época que muitas vezes acontece até nos dias de hoje, principalmente quando o assunto dos filmes era a política. Tinha sempre um coronel que engabelava o povo se valendo de seu poder e de sua influência junto aos colonos.
Mazzaropi incorporava um caipira, mas de caipira ele só tinha a aparência com o seu jeito desengonçado de andar e de falar, e sempre com o seu inseparável cachimbo. Quando a coisa apertava, ele era consultado e a sua liderança entre os colonos era muito valorizada pelos candidatos imaginando que ele pudesse favorecer alguém. Isto foi mostrado com muita clareza e inteligência, principalmente no filme “Tristeza do Jeca” onde dois coronéis disputavam os votos dos roceiros. Aconteceram muitas trapalhadas, pois Mazzaropi acabou “trabalhando” para os dois, ou seja, acabou atrapalhando os dois ao invés de ajudar.
Hoje, quando vemos a situação triste em que se encontra a política, percebemos que nada mudou e estas trapalhadas são antigas, assim como é antiga a corrupção política em nosso país. Ainda hoje há muita chantagem e políticos se fazendo de vítimas para tentar atrair a atenção do povo que está cansado de ser enganado e ludibriado. Como naquele tempo, a culpa pelas freqüentes mazelas é sempre debitada na conta da oposição.
Mazzaropi foi um mestre. Sua obra é tão boa e vasta que mesmo depois de tantos anos após a sua morte o sucesso continua, pois ele se imortalizou nos seus 32 filmes rodados numa época de extrema dificuldade, mas de muita vontade, criatividade e inteligência. Mazzaropi começou no circo, passou pelos palcos, rádio, televisão, mas foi no cinema que ele se notabilizou e alcançou uma enorme popularidade. Os seus filmes de maior sucesso de público, entre outros, são: “Tristeza do Jeca, Sai da frente, Casinha Pequenina, O Grande Xerife, O Jeca e a Freira, Betão Ronca Ferro, Uma pistola para Djeca, No paraíso das solteironas, O Jeca e a égua milagrosa, O Jeca macumbeiro, A banda das velhas virgens, O noivo da Girafa, O Lamparina, Meu Japão Brasileiro, Chico Fumaça e Chofer de Praça”. Seus filmes contêm uma riqueza cultural muito grande, com um conteúdo bem brasileiro e extremamente engraçado.
Cícero Alvernaz (Membro da Academia Guaçuana de Letras).
Mogi Guaçu, 31-03-2012.

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