RUA DE MINHA INFÂNCIA
Rua torta, rua morta,
rua que corta o meu bairro.
Rua de asas, rua sem casas,
rua de terra e sem asfalto, 
rua com muitos assaltos,
rua de gelo, rua de brasas.
Rua de cheiro, rua de flores,
rua de sol, rua de cores,
rua de sonhos, dias risonhos,
rua de fé, eu vou a pé
rumo á escola, rumo á igreja.
Rua que cresce, que além viceja,
rua de brilho, a mãe e o filho
caminham livres a conversar.
Rua-encanto, rua-espanto,
rua que amo, me faz sonhar.
Rua comprida da minha vida,
rua querida de minha infância,
rua que amo, me traz lembranças,
das brincadeiras e das festanças.
Rua que eu guardo com emoção
e com carinho no coração.
Rua torta, rua morta,
rua que corta o meu bairro,
rua que fica, rua que explica
o meu sossego, meu desapego,
rua que existe na minha mente,
quando inocente eu caminhava.
E tantas vezes pensando em ti
no aconchego triste chorava.
Cícero Alvernaz (autor) 29-02-2016.

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