ZÉ NINGUÉM
Ele é um Zé Ninguém, só anda a pé, de bicicleta e de trem. Não tem carro e às vezes não tem nenhum vintém, ele é um Zé Ninguém. Toca viola e às vezes chora se não está bem. Quando está bem fica falando bobagem e contando vantagem, mas todo mundo sabe que ele nada tem. Às vezes vai na casa de alguém só pra filar o almoço, ele sabe bem a hora e depois vai embora com o bucho cheio e diz sem rodeio: "Hoje eu filei a boia na casa do João, amanhã será na casa do Sebastião". Todo mundo já conhece o seu jeito, seu defeito e suas poucas qualidades. Ele não gosta de trabalhar e quando a coisa aperta ele diz que está doente, mas é tudo mentira. Ele depende da caridade alheia para sobreviver, pois ele nada tem. Ele é um Zé Ninguém. (30-08-2020)POEMA DA LAVADEIRA
Lava, lava, lavadeira, Com a alma, com a mão. Água canta na torneira Sua líquida canção. Lava, lava, lavadeira, Sem descanso, sem razão. Sua história verdadeira Escreve-se com sabão. Água canta na torneira Sua líquida canção, Lava, lava, lavadeira, Com a alma, com a mão. A manhã é transparente, Brilha o sol com seu calor. Tanto sonho de repente Misturado com suor. Lava, lava, lavadeira, Sua roupa-ganha-pão, Você tem a vida inteira, Pra cumprir sua missão.
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