NEM SEI QUANTO TREM EU JÁ ESCREVI
Nem sei quanto trem eu já escrevi. Escrever para mim é mais do que um prazer: é um dever, uma satisfação e uma realização. Escrever é correr a mão pelo corpo do tempo, fazer carinho na chuva, olhar a natureza com admiração, amar em toda estação e se perder de tanta emoção. Já escrevi muito trem, tanto de Minas quanto de outros lugares. Já desfilei na passarela e já passei na pinguela, já caminhei em estradas emburacadas e me perdi de noite na mata. Já fui maltratado e amado, fui expulso e hospedado na casa e no coração. Já comi rapadura, já tomei sopa, já bebi mingau, só nunca andei sem roupa. Nem sei quanto trem eu já escrevi e quantas loucuras eu fiz na roça ou na cidade. Já suei no cabo da enxada e já subi no pé de manga, já corri de gado e de cachorro, já pedi socorro, já pedi pousada, já saí em disparada, já fui perseguido e até chamado de bandido, mas nunca dei prejuízo a ninguém, pois sempre fiz o bem e isto eu aprendi com meu pai. Esse é o meu testemunho escrito de próprio punho, saído do coração, acredite você, ou não. (20-01-2020)

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