AS ESCOVAS
No começo as escovas se juntaram e com carinho até se tocaram, mas depois se afastaram. Com o tempo elas se distanciaram, mas ainda se procuraram e se falaram numa demonstração de amizade e cordialidade. Mas logo se afastaram de novo e mal se tocavam. Era só um olhar discreto quando se encontravam por acaso com displicência num momento de coincidência sem querer e praticamente sem se ver. Cada escova no seu lado, sem abraço, cada uma no seu espaço distantes e sem nenhum contato. Era uma situação normal, até combinada, que parecia ensaiada e isto foi tornando tudo cada vez mais comum, sem a necessidade de se ver e muito menos de se querer. Essas escovas que antes viviam juntas e às vezes abraçadas agora estavam afastadas cada uma no seu espaço sem nenhum toque, sem nenhum abraço. Assim o tempo se passou e pouca coisa mudou até que um dia alguém cansado de ver aquilo assim substituiu aquelas escovas que juntas e por capricho foram jogadas no lixo. Esta é a lei da vida, é o fim da linha para quem não se entende e nem se compreende. (27-10-2019)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

POEMA DA LAVADEIRA

ZONA RURAL