ESPEREI VOCÊ
Esperei você
no vento brincalhão,
nas batidas do coração,
nos latidos de algum cão,
na rua movimentada,
nos carros que passam em disparada,
nos rostos que não dizem nada.
Esperei você
no menino que passa,
no homem sem graça,
na moça e seu remelexo
com seu andar desengonçado,
no guarda com seu apito
que mais parece um grito.
Esperei você
no meu cruel desatino,
no meu jeito de menino
que espera ganhar um presente,
na dor que esse povo sente,
no corre-corre da rua,
no sonho que continua
e alimenta essa espera
como flor na Primavera.
Esperei você
no vento brincalhão,
mas você se esqueceu
do nosso encontro marcado,
foi talvez pra outro lado,
me deixou aqui plantado.
Esperei você
e hoje no mesmo lugar
continuo a esperar.
Cícero Alvernaz (autor)
03-01-2018.

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