EMBUCHADA
-Eu nem te conto!
-Conta, conta, conta!
-Não conto, acho que você não vai gostar.
-Só vou saber se você contar.
-É melhor não contar.
-Tudo bem, se você não quer contar...
-Mas eu quero contar, só acho que não devo.
-Então, esquece.
-Só esqueço depois que eu te contar.
-Não precisa me contar, acho que eu já sei.
-Não sabe não!
-Todo mundo já sabe.
-Mas você não sabe.
-Eu nem te conto!
-Nem precisa contar.
-Mas eu vou te contar e você vai ficar abismada quando souber.
-Chega de tanto suspense, conta logo!
-Vou contar, mas você me promete que não vai contar pra ninguém?
-Prometo sim.
-Promete mesmo?
-Prometo. (dedos em cruz na boca).
-Mas é melhor não contar...
-Eu já vou indo, se quiser depois me conta.
-Está bom, depois eu te conto.
-Conta agora!
-É o seguinte: a "cumade" Joana está embuchada.
-Eu já sabia e até desconfio quem é o pai da criança, mas não te conto.
-Conta!
-Não conto, acho que se você souber quem é o pai não vai gostar.
-(longa pausa).
Cícero Alvernaz (autor)
03-01-2018

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

POEMA DA LAVADEIRA

ZONA RURAL