O QUE VOCÊ TOMA?
Alguém me perguntou o que eu tomo,
talvez pensando
que eu tomasse alguma coisa,
digamos, proibida,
para escrever como eu escrevo,
para falar como eu falo, viver como eu vivo,
amar como eu amo, correr como eu corro,
mesmo fazendo parte de um povo
que, via de regra, pouco escreve e pouco lê.

Eu não quis responder sem primeiro pensar.
Eu poderia responder, simplesmente:
eu não tomo nada, ou eu tomo tudo,
eu poderia ficar até mudo,
pois este é um direito meu.
"Só falo na presença do meu advogado".
Mas eu não tenho advogado
e nem sou advogado,
mas eu preferi responder
ao invés de ficar calado.

Alguém me perguntou o que eu tomo.
Pedi uns momentos para pensar,
pois eu não o queria assustar
e nem mentir ao falar.
Eu disse: bebo água, suco,
raramente tomo refrigerante,
tomo café diariamente
e depois escovo os dentes,
não tenho nenhum sinal de louco,
também tomo água de coco
e suco de uva integral.

Pelo que se vê,
não tomo nada que me faça mal,
ou que mexa com a minha cabeça,
não fumo e não cheiro nada,
nunca provei dessas coisas.
Se eu escrevo, se eu falo,
se eu me destaco e ás vezes ataco
o faço de forma consciente,
de forma saudável e inteligente
e isto eu posso provar.

Cícero Alvernaz (autor) 17-01-2016.

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