"ESSE MUNDO É MESMO DE AMARGÁ"

Tem mãe que quando não está bem bate no filho pra descontar. Isto acontecia muito no meu tempo de criança e depois adolescente. Quando as coisas acalmavam, a mãe ia "se desculpar com o filho". Sentava ele no colo, fazia um carinho e às vezes até lhe dava um beijinho. O filho, logicamente estranhava aquele gesto, mas gostava. O pai já era mais incisivo: quando ele batia era pra valer e nada de agradinhos depois. "Pai é pai e mãe é mãe." Eu observava essas coisas e não entendia o enredo desse "morde e depois assopra". Nesse mundo tem umas coisas que eu acho que é só eu quem vejo. A pessoa namora e faz até loucuras, depois por nada termina o namoro com a mesma naturalidade com que mata uma barata. Ela olhou na minha cara e falou: "a gente acaba por aqui", como se isto fosse a coisa mais natural do mundo. Eu saí e fui para a rodoviária tomar o ônibus de volta pra casa. Poeticamente eu pensei: E o meu coração, o que será que ele está pensando disto? "Esse mundo é mesmo de amargá", como dizia a minha saudosa mãe, dona Palmira. (23-08-2021)

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