SOU DESSE TEMPO
Sou do tempo que ainda se ouvia rádio e se colocava cartas no Correio, do tempo da TV preto e branco, tempo da avó e do avô, do tio, da tia e da alegria em receber um presentinho. Sou do tempo em que se lia poesia e um livro era um presente esperado e muito amado. Sou do tempo do café de rapadura, de andar em noite escura pelo mato, de caçar com estilingue e espingarda de dois canos. Sou do tempo em que se passava debaixo da cerca de arame, ou se abria a tronqueira. Sou do tempo da chaleira, da escumadeira, de levar comida na roça na lata, ou no caldeirão. Sou do tempo da estrada de chão onde passava caminhão, carro de bois e tropeiros. Sou do tempo do fogão de lenha, de rachar madeira com machado pra fazer a janta, ou o café da tarde. Sou do tempo em que se caçava com cachorro de noite pelo pasto ou pela roça. Sou do tempo da carroça de burro, da charrete e depois da bicicleta, do Jipe e da Rural, tempo em que a gente andava na carroceria do caminhão, descia pra abrir a porteira todo sujo de poeira. Sou do tempo da paz, da amizade e hoje tenho saudade daquele tempo que se foi.
(11-06-2020)

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