NOTAS DE UMA VIAGEM

         Saí terça feira á noite, dia 21 de maio, com destino a Itabira, MG, a terra natal do grande poeta Carlos Drummond de Andrade. Chegando a Belo Horizonte pela manhã logo providenciei a passagem para poder visitar a lendária Itabira, que guarda preciosas lembranças de nosso poeta maior.
         Chegando a Itabira procurei um hotel onde me alojei, para depois sair em busca da história, á caça do passado. Fiquei encantado com a cidade por sua beleza natural e arquiquetônica, mas, sobretudo, pelo acolhimento de seu povo á minha pessoa. Aquele já conhecido jeitinho mineiro acompanhado de muito carinho.
         Conheci o Memorial Carlos Drummond de Andrade, obra do saudoso arquiteto Oscar Niemeyer. Lá pude ver muitas fotos, poemas e objetos de uso pessoal do gênio da poesia. Vi a máquina onde ele escreveu grande parte de sua obra e o rádio onde ele certamente ouviu as músicas da sua época. Vi muito material, tudo muito bem catalogado e cuidado graças ao carinho de todos que trabalham naquele local, para mim, sagrado.
         Fui também á Fazenda do Pontal, que foi propriedade da família Drummond de Andrade, onde o poeta passou parte de sua infância e adolescência. Fui muito bem recebido e convidado a voltar outra vez, visto que a casa, em parte, estava em reforma. É uma casa-fazenda muito antiga e muito histórica e aconchegante. Como diria Drummond: “uma casa cheia de fantasmas”. Mas todos eles são mansos e brincalhões.
         Voltando a Belo Horizonte quinta feira pela manhã, decidi visitar alguns parentes antes de voltar. Novamente fui muito bem recebido por meus primos, mas soube que um de meus primos tinha sido operado do coração e estava na UTI. Esta foi a nota triste da viagem, pois o seu quadro de saúde se agravou e ele veio a falecer na sexta feira de madrugada. Alterei a minha viagem de volta para acompanhar o velório e o sepultamento que se deu no sábado à tarde, retornando a Mogi Guaçu no domingo à noite.
         Estas são as notas de uma breve viagem cheia de contrastes, assim como a vida é. A poesia, o encantamento, a doença e o falecimento de um ente querido... A família sente e chora, mas cada um de nós terá a sua hora. Nunca é demais lembrar que devemos estar preparados para quando chegar o nosso momento. A viagem transcorreu com notas alegres e tristes, assim como a vida é feita de muitas e diferentes nuances. No entanto, é importante sabermos que Deus conhece tudo e toma conta de todos igualmente. Para ele a vida é apenas um sopro, e a morte é só um sono.

         Cícero Alvernaz (Autor), Mogi Guaçu, 27 de maio de 2013.
         *Presidente da Academia Guaçuana de Letras.

         

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