MEU RETRATO

Meu retrato não sou eu,
não é o meu irmão,
nem meu vizinho.
Meu retrato
é apenas o meu vulto,
é alguém desconhecido,
magro, pensativo e oculto.

Meu retrato não é nada,
ele não sente e não fala.
Meu retrato não sofre,
não lê e não pensa,
meu retrato não chora,
ele apenas paira no tempo,
absorto como o vejo agora.

Meu retrato não sabe beijar,
e nem ama e adora as mulheres.
Eu apago meu retrato, jogo fora,
eu esqueço, ignoro meu retrato,
e depois eu me afasto, vou embora,
simplesmente como estou agora:
sem remorso e sem retrato.

Cícero Alvernaz (autor) 30-12-2015.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

POEMA DA LAVADEIRA

ZONA RURAL