NÃO HÁ NADA
Não há entrave,
não há trave, não há chave
que me lave, que me leve,
que me impeça,
mesmo que alguém me peça
e me meça e me obrigue.

Não há palavra seca,
não há cerca que me prive
de recuperar o que eu tive,
que é meu por meu direito,
não há forma, não há jeito.

Não há lei, não há sentença,
não há crença que me vença
e que me induza,
não há forte, não há sorte,
não há morte.

Não há medo
que me deixe temeroso,
tenebroso, encucado,
não há força que me afaste,
não há traste que me arraste
e me faça um derrotado.

Não há ponte, não há monte,
não há rio, correnteza,
não há choro nem tristeza,
que me faça desistir
do meu intento.

Não há vento, não há chuva,
temporal - e não há mal,
não há barreira nem fronteira,
não há grito, não há rito,
não há guerra sobre a terra
ameaça, nem zoeira.

Cícero Alvernaz (autor) 25-10-2015.

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