JOSÉ
DE ANCHIETA – MAIS UM SANTO CATÓLICO
De
acordo com a doutrina e a tradição católica, uma pessoa só pode ser santa se
preencher os pré-requisitos estabelecidos pelo Vaticano. Existem algumas etapas
que o candidato a santo deve passar, e a penúltima delas é a beatificação
seguindo-se a canonização quando a pessoa oficialmente é declarada santa.
Uma
das exigências mais importantes é a comprovação de que a pessoa tenha realizado
pelo menos dois milagres como prova de sua santidade, cabendo aos fiéis provar,
mostrar e documentar esses supostos milagres realizados pelo candidato a santo.
Esta, geralmente, é a prova mais difícil, pois no afã de mostrar este requisito
muitas pessoas acabam forjando as provas. Daí a demora de se considerar alguém
santo. Muitas vezes este processo leva até centenas de anos.
Neste
mês de abril foi anunciada a canonização do padre José de Anchieta, e muitos
brasileiros católicos festejaram este grande feito para a religião católica.
Este fato me levou a pensar nas tradições, dogmas e doutrinas católicas. É
incrível como ainda acontecem essas coisas no contexto religioso,
principalmente quando vivemos num mundo tão materialista em que muitos não
acreditam mais nem na santidade de Deus e muito menos na Bíblia. Parece um
descompasso, um paradoxo, pois quanto mais as pessoas se distanciam de Deus,
também mais se evidenciam esses atos em prol de uma religião.
Fico
admirado com a seriedade com que tantas pessoas falam, festejam e comemoram
essa canonização. José de Anchieta viveu muitos anos aqui no Brasil no Século
16, catequizou os índios usando os seus métodos e conseguiu a simpatia deles
chegando a converter alguns á sua religião. Escreveu poemas e fundou o Colégio
que é o marco zero da cidade de São Paulo.
O seu trabalho hoje foi
reconhecido, sua atividade foi importante, tão importante a ponto de levá-lo a
ser canonizado: o máximo que uma pessoa pode chegar se tratando de religião
católica.
Como
foi dito no segundo parágrafo, uma pessoa para ser santa precisa comprovadamente
ter realizado pelo menos dois milagres. No caso do padre José de Anchieta isto
não foi possível, mas se abriu uma exceção levando-se em conta tudo que ele fez
pela religião católica, principalmente em relação aos índios e á fundação da cidade
de São Paulo. Neste caso, há uma canonização por atos “equivalentes a milagres”.
Isto, evidentemente, não muda nada, pois o mais importante é agradar aos
católicos, especialmente os que moram no Estado de São Paulo, onde fica a
cidade de Aparecida. Com esta atitude, o papa Francisco ganhou mais alguns
pontos no quesito simpatia. Bom para todos os católicos, com certeza. Nota do
autor: Isto não muda nada em relação aos evangélicos, que continuam afirmando,
com toda convicção, que a única pessoa santa é Deus.
Cícero
Alvernaz (Membro da Academia Guaçuana de Letras).
Mogi
Guaçu, SP, 04-04-2014.
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