NUANCES DE UMA TARDE
Um colorido entremeado com cores
diferentes e matizado - despejando cores e mais cores que se misturavam á tarde
indiferente - fez surgir uma nova cor no céu que pairava soberana anunciando o
fim de mais um dia. Dir-se-ia que o céu baixara ou a terra se erguera para ver
e sentir melhor o magnífico espetáculo. Aos olhos do poeta, essas cores eram o
sinal de que a poesia está em todo lugar, em todas as tardes, em todas as
noites e em todas as manhãs.
O sonho e o sorriso da tarde chegaram
aos poucos e se reuniram ás nuances criando um quadro de sons e cores num
despertar de risos de crianças, jovens e de toda a natureza feliz e bem amada.
Nem todos perceberam a festa, portanto nem todos puderam dela participar. Mas o
poeta, discretamente, prestou atenção em tudo e começou a escrever os seus
versos inspirado no que via e no que ouvia.
Enquanto escrevia, o mundo se abria e
mostrava mais beleza no conjunto e na soma de sorrisos e cantos. Pássaros,
borboletas, insetos e animais festejavam cada um a seu modo o colorido que se
misturava ao brilho do sol poente que já se despedia. De longe podia se ver o
clarão e a beleza que se espalhava e a todos alcançava. Havia uma canção, um
verso, um sorriso e até uma lágrima naquele universo de cores e sonhos que a
todos encantava.
Nuances, matizes, desejos e arroubos
que se seguiam e embalavam a tarde com o seu mistério. Tudo enigmático dentro
do contexto que se abria e se comunicava. A relva macia agradecia a tarde que
trazia um vento manso e carinhoso soprando e acariciando... Em pouco tempo a
noite desceria com seu manto lindo cobrindo todo o campo impregnado de cores.
As flores se preparavam para dormir e os pássaros juntinhos iam em busca de
seus ninhos.
Em breve tudo ficaria escuro, calmo e
silencioso. Apenas alguns vagalumes iam clarear o vale escuro e já adormecido.
No céu, as estrelas piscando e a lua bem longe brilhando enquanto aqui os sapos
na lagoa coaxando tocariam sua música saudando a chegada da noite. A viagem
seria longa até a madrugada e depois viria a alvorada e a manhã iluminada... Um
novo dia iria surgir e o mundo despertaria para sua nova jornada. O sol de novo
no céu e o homem de novo na terra. O poeta fecha o seu caderno e comunica a
todos que o seu poema já está pronto e poderá ser lido, declamado, aplaudido e
recitado.
Cícero Alvernaz (Autor)
Mogi Guaçu, SP, 10 de novembro de 2012.
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