O POETA

Ele passa a mão na cabeça, mas não perdeu nada. Está tudo bem guardado na cuca. Uma mente privilegiada, cheia de versos e de rimas. Cheia de histórias verdes e outras já maduras. Coisas do tempo da escravatura: rixas políticas e palavras duras, poeira e fumaça, gente desarrumada que passa e segue para o mato, para o cafezal. Senhores armados e revoltados enquanto os escravos passam desarrumados. O poeta a tudo vê e a tudo registra na sua memória. Amanhã terá uma poesia nova que certamente será censurada. Ele é o poeta dos escravos, amigo da liberdade, amigo das aves, um novo Castro Alves. Seu verso é forte e ele não teme a morte, não teme os senhores da fazenda. O poeta se senta, olha o céu e como um desagravo pede a Deus pela vida dos escravos.
(22-10-2022)

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