RETRATO TRISTE, MAS REAL
Tem pessoas que morrem e ninguém sente a sua falta, ninguém sente saudade. Muitas vezes é pior do que um animal que, geralmente, as pessoas sentem falta e até choram. Tem gente que morre como se nunca tivesse vivido, nunca tivesse produzido nada, nem ajudado a ninguém. Só é enterrado porque é uma obrigação do Estado. Ninguém vai ao velório, não tem cortejo até o cemitério, apenas alguns funcionários fazem o seu trabalho de enterrar. Há pessoas que nascem, vivem e morrem como se nunca tivessem existido. Se vão como uma folha seca no outono, como um animal sem dono, ou como uma estrela sem brilho. São pais que não tem filhos, filhos que não tem pais e irmãos que não tem irmãos. Enfim, não têm ninguém. Viveram sozinhos, embora tenham familiares, e morreram igualmente sozinhos. Eu fico pensando como pode ser isto. Gosto de pensar nessas coisas porque a vida humana é muito importante e a morte é o selo, é o final, é a despedida de alguém que viveu, produziu e sofreu. O ser humano, sua vida e a sua morte sempre mexeram muito comigo. Muitas vezes, a pessoa vive e depois se vai sem deixar nenhum amigo.
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