CUNVERSANO UM POCO CO CÊS

Vamo cunversá um poco sobre quarqué coisa só pra matá o tempo. A gente fala matá o tempo, mais o danado num morre! É só um jeito de falá que a gente repete sempre sem sabê o que é. Mais cunversá é bão até pra num ficá calado o tempo todo iguar quem perdeu a língua. Mais falá dimais tamém é ruim. Diz que quem fala muito dá bom dia a cavalo. Eu já quais que dei bom dia pra cachorro. Ele num ia respondê, tarveis ia só balançá o rabo. Tenho mania de cunversá sozin pra mode passá o tempo. Quando eu era criança lá no interiô de Minas eu falava cas galinha, cas cabrita e inté cas pranta. Diz que todo minero é assim, mais eu acho que não. Lá em Minas diz que falá cas pranta é bão prelas crescê e ficá bunita. Vê lá se pranta intende arguma coisa! Mais na dúvida a gente fala assim mesmo. Falá é bão, foi assim que eu cumecei a iscrevê. Iscrivia na areia, no paper e inté nas parede da cuzinha cum carvão. Minha mãe raiava cumigo. Dispois eu fui pra iscola e aí eu cumecei a iscrevê no caderno. Cabei gostano da ideia e num parei mais. Daqui pra frente eu vô continuá, mesmo que ninguém leia o que iscrevo. Mais sempre tem um ou otro que lê. Uns pur curiosidade e otros pur dó de mim. O importante é ispaiá iscrita pur esse mundão afora até inquanto Deus pirmiti.

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