UMA BOA AÇÃO
Soltei muitos passarinhos quando eu era criança. Dava pena ver o bichinho preso tentando se livrar da prisão, se debatendo e batendo a cabeça nas grades. Então eu corria, quando ninguém estava vendo, e abria a porta da gaiola e libertava a avezinha, que saía voando toda feliz. Também desarmei muitos alçapões e arapucas para evitar que algum pássaro fosse apanhado e preso. Para mim, aquilo era um ato de coragem e de bondade. Eu tinha absoluta certeza disto. Mas tinha gente que não gostava... e quando descobriram quem fazia isto ficaram enfurecidos comigo e eu cheguei a apanhar, mas não desisti. Pelo contrário, eu ficava mais forte e convicto que a minha atitude estava correta. Meu pai me defendia sempre, mas quando ele não estava por perto o perigo era grande. Afinal, com aquela atitude eu estava ferindo interesses e estava prejudicando os "ladrões da liberdade" dos passarinhos, tão inocentes e tão lindos que cantavam pra mim e voavam felizes pelas campinas. Sempre quando me lembro desses fatos eu me orgulho de ter sido, e ser até hoje, um defensor da liberdade, tanto da liberdade de ação quanto de expressão. Não fiz nada mais do que a minha obrigação.

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