O NOSSO AMOR NÃO MORREU
Vamos conversar começando do começo. Mas quando foi mesmo o começo? Faz muito tempo e eu já não me lembro mais quando foi, só sei que foi bom e eu nunca mais esqueci. Não sei se foi na primavera, ou no verão, se foi no outono, ou se foi no inverno... Não sei em qual estação, mas sei que o meu coração pulsou de emoção e disparou quando te vi e você de mim se aproximou. Faz muito tempo, não sei quantos anos faz exatamente, mas eu me lembro e hoje podemos falar desse tempo, desse sol que clareou e aqueceu as nossas vidas. Foi um tempo inocente que a gente viveu densamente como duas crianças, ou dois adolescentes que pouco ou nada sabiam da vida. Um olhar discreto, um gesto simples e corriqueiro, um cheiro, um brilho, um sorriso quase imperceptível, um carinho sem toque e á distância, apenas sentido como se sente a carícia do vento. Tudo num momento de poesia, de encanto, de alegria que ninguém mais percebeu. Apenas você e eu e o amor por testemunha viu o que o nosso coração propunha e muito desejava. Esse começo ficou no começo, um começo que, na verdade, não apenas começou. mas continuou no sonho, nas noites acordadas, nas lágrimas derramadas molhando o travesseiro, nos versos que escrevi sem pressa, na imaginação, na inspiração que se misturava com solidão e saudade. E o tempo passou, passou, passou e levou aquele romance, aquele desejo que se abria, aquela poesia que brotava e saía chorosa e desejosa de se materializar um dia. O tempo passou e muita coisa mudou, além da aparência e das decepções. O coração, no entanto, continuou a bater ansioso e pulsante aguardando um instante que um dia haveria de chegar. E hoje eu me pergunto: esse instante chegou? Como eu vou saber e reagir depois de tanto tempo? Não sei. Mas eu sei que assim como tudo começou e hoje se apresentou, eu quero viver esta realidade, matar a saudade e sentir a vida renascer. Hoje são outros tempos, outra realidade, mas o sentimento não mudou. O tempo que passou moldou e aguçou esse sentimento e o amor, como um vento, chegou e assoprou aquela brasinha coberta de cinza que se avivou, se aqueceu e me diz que o nosso amor não morre, que o nosso amor não morreu.

Cícero Alvernaz (autor) 03-09-2017.

Comentários

Unknown disse…
As vezes o amor que julgávamos morto,está apenas adormecido em um canto qualquer do nosso coração...Esperando o momento certo de renascer... Tal qual a Fênix que renasce das cinzas,o amor renascerá das cinzas do esquecimento...

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